DESCOBERTA SOBRE MACACOS EM MG QUESTIONA IDEIA DE QUE INTELIGÊNCIA HUMANA É ÚNICA, DIZ PESQUISADOR

Cientistas do Norte de Minas Gerais descobriram que macacos-prego estão produzindo ferramentas que remetem à idade da pedra lascada, há mais de três milhões de anos. A descoberta desafia o que se sabe sobre a evolução humana e levanta novas questões sobre o desenvolvimento cognitivo desses primatas no futuro.
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Macacos-prego atingiram um estágio evolutivo semelhante ao dos primeiros hominídeos, que, há mais de 3 milhões de anos, começaram a usar ferramentas de pedra. Waldney Martins
Uma descoberta que remete a milhões de anos, mas levanta questionamentos sobre o futuro. Macacos-prego atingiram um estágio evolutivo semelhante ao dos primeiros hominídeos, que, há mais de 3 milhões de anos, começaram a usar ferramentas de pedra. Esse comportamento foi identificado por cientistas em Montes Claros, no norte de Minas Gerais, em parceria com pesquisadores alemães.

A pesquisa, publicada esta semana na Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, contou com a participação do professor Waldney Martins e da estudante de mestrado, Paula Medeiros, Unimontes, Universidade Estadual de Montes Claros.

Os pesquisadores documentaram o comportamento dos macacos-prego em uma fazenda na região de mata seca e descobriram que esses primatas são capazes de produzir lascas de pedra, a forma mais rudimentar de ferramenta usada pelos primeiros hominídeos na África, muito antes do surgimento do homem moderno.

O que essa descoberta significa?

No entanto, as lascas não são produzidas intencionalmente e ocorrem após o atrito das pedras com os cocos, que servem de alimento aos primatas. Em entrevista à CBN, o pesquisador Waldney Martins explica que essa descoberta traz novas questões sobre a evolução também dos primeiros hominídeos.

"Essas lascas são formadas de maneira não intencional e isso pode ser que, há milhões de anos, os nossos parentes, por assim dizer, os hominídeos, na época, também tinham essas lascas, que a gente conhece aí como idade da pedra lascada. E, anteriormente, acreditava-se que essas lascas eram formadas de maneira intencional, ou seja, o hominídeo fabricava aquela lasca. E o que a gente está mostrando é que pode ser que não seja dessa forma, pode ser que da mesma forma que os macacos produzem essas lascas, os hominídeos também produziram de maneira não intencional, batendo uma pedra na outra e formando a lasca e aí sim utilizando aquela lasca como ferramenta", explicou.

A descoberta também questiona a ideia de que a inteligência humana é única, sugerindo que a evolução de uma mente mais complexa pode ocorrer em outras espécies, de forma independente, como destaca o professor Waldney Martins.

"A gente tem trabalhos de mais longo prazo com outras espécies de macaco-prego, que o pessoal trabalha muito na região do Piauí ali, e lá eles já sabem que os macacos, por exemplo, eles conseguem fabricar ferramentas. Eles fabricam varetas, pegam um pedaço de galho, limpam e formam uma vareta para, por exemplo, cutucar um buraco na rocha para sair um lagarto e eles conseguirem capturar esse lagarto. Às vezes, usam pedras para escavar. Então, já existe uma certa facilidade para isso. Agora, pegar essa lasca que eles formaram e transformar numa ferramenta e tal, aí é um passo bem grande para a evolução", avaliou.

A partir de agora, os pesquisadores vão investigar o motivo de apenas os macaco-pregos da região de mata seca utilizarem essa técnica de pedra lascada na comparação com os primatas que vivem em floresta úmida. Além disso, os cientistas também vão comparar as estruturas morfológicas dos primatas que habitam os diferentes biomas


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