BIBLIOTECAS EM UNIDADES DA FAS INCENTIVAM LEITURA E AJUDAM A RECONSTRUIR HISTÓRIAS DE VIDA

Cultura e cidadania
                                                                    Foto: Sandra Lima/FAS
Bibliotecas em unidades da FAS incentivam leitura e ajudam a reconstruir histórias de vida. 

A leitura tem sido uma importante aliada no processo de reconstrução de vidas de pessoas em situação de rua em Curitiba. Em meio aos atendimentos técnicos e ao acolhimento oferecido pela Fundação de Ação Social (FAS), os livros vêm cumprindo o papel de promover bem-estar, despertar sonhos e ampliar horizontes.

Atualmente, 9 das 16 unidades da FAS que atendem exclusivamente essa população contam com bibliotecas ou espaços de leitura. Os acervos, formados por centenas de exemplares, chegam principalmente por meio de doações feitas pela população ao Disque Solidariedade, serviço da FAS que arrecada e distribui donativos a pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade.

A coordenadora do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) Doutor Faivre, Eridan Rocha, destaca que os espaços de leitura têm um papel importante. “Ofertar um espaço seguro e tranquilo para a leitura mostra que as pessoas que usam a biblioteca do Centro POP são valorizadas e têm direito ao acesso à cultura. O contato com os livros oferece a oportunidade para os usuários de sonhar, aprender e se reconectar com o mundo”, afirma.
                                                                                                   Foto: Sandra Lima/FAS



Doação do TRT

A última grande doação recebida pela FAS foi feita em junho deste ano pelo Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região. Foram entregues 874 livros, 612 revistas, 15 gibis e 91 jogos de tabuleiro, todos arrecadados entre servidores do órgão. A doação foi intermediada pela coordenação de relações institucionais do Centro Intersetorial de Atenção a Pessoas em Situação de Rua, a FAS SOS, onde está instalado o Centro POP Doutor Faivre.

O material passou por triagem antes de ser destinado ao Centro POP Doutor Faivre e permitiu a renovação dos acervos dos três Centros POP de Curitiba – Doutor Faivre, Solidariedade e Boqueirão, e das casas de passagem Doutor Faivre e Padre Pio, na Regional Matriz. Os jogos infantis foram destinados às unidades de acolhimento de crianças e adolescentes.

Para o presidente da FAS, Renan de Oliveira Rodrigues, os espaços de leitura complementam a política pública de assistência social e potencializam a autonomia dos usuários.

“A leitura faz parte de um amplo conjunto de ações e serviços ofertados pela FAS para que as pessoas em situação de rua possam ter momentos de lazer, acesso à informação, oportunidade de retomar os estudos e desenvolver habilidades que contribuam para a superação das vulnerabilidades”, diz.

Novos caminhos

Entre as pessoas que têm aproveitado a biblioteca do Centro POP Doutor Faivre está Oliver Luiz Broetto, de 48 anos, natural de Dois Vizinhos, no Sudoeste do Estado. Em situação de rua desde 2004, ele está acolhido atualmente pela FAS e se preparou para prestar o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), que aconteceu no último domingo (3/8), em todo o Brasil.

“Já me inscrevi outras vezes, mas agora vou fazer. Estou voltando a estudar e penso até em fazer concurso”, conta Oliver, que também já trabalhou em áreas como segurança e concessionária de veículos. Ele frequenta o Centro POP desde março deste ano e é um leitor assíduo na biblioteca da unidade.

“Gosto de leitura de ação. Começo a ler e quero saber o que vai acontecer. Vai lendo... é um passatempo. Quem lê viaja, acaba que eu conheço lugares sem sair do lugar”, disse. Oliver contou que um dos últimos livros que leu foi Pompeia, próspera cidade do Império Romano que foi devastada em 79 d.C., por uma das maiores erupções do vulcão Vesúvio.

“Lendo a gente conhece a história do mundo, a história local, o folclore. São coisas que a gente não vê na televisão, que ultimamente só fala de crimes e guerras. Leitura agrega, faz com que a gente tenha informação para conversar, que tenha histórias pra contar”, resume.

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