SUPREMO DEFINE A DATA PARA INÍCIO DO JULGAMENTO DE BOLSONARO

Ex-presidente e sete aliados serão julgados por suposta articulação de golpe, em processo que pode redefinir os limites da política nacional O presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cristiano Zanin, definiu para o dia 2 de setembro a data da primeira sessão de julgamento da ação penal que investiga a tentativa de golpe.
      Agência Brasil
STF marca para 2 de setembro julgamento de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado

Ex-presidente e sete aliados serão julgados por suposta articulação de golpe, em processo que pode redefinir os limites da política nacional

O presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cristiano Zanin, definiu para o dia 2 de setembro a data da primeira sessão de julgamento da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado ocorrida após as eleições de 2022.

Nessa fase inicial, serão analisadas as acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), formam o chamado núcleo 1 da denúncia — considerado o grupo central e mais influente da suposta organização criminosa.

Além de Bolsonaro, respondem a este primeiro julgamento:Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;

Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);

Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil;

Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.

No total, a ação penal envolve 34 acusados, mas ainda não há data definida para os julgamentos dos demais integrantes.
As acusações contra Bolsonaro

A PGR sustenta que Jair Bolsonaro foi o “principal articulador, maior beneficiário e autor” de atos voltados a romper o Estado Democrático de Direito, com o objetivo de permanecer no poder mesmo após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas.

O ex-presidente e seus aliados enfrentam acusações de:Organização criminosa armada: liderar ou integrar grupo com quatro ou mais pessoas, estruturado, com uso de armas e divisão de tarefas para a prática de crimes;

Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito: empregar violência ou grave ameaça para impedir ou restringir o funcionamento dos poderes constitucionais;

Golpe de Estado: tentar depor, por meio de violência ou ameaça, o governo legitimamente eleito;

Dano qualificado contra o patrimônio da União: destruir ou deteriorar bens da União, causando prejuízos significativos;

Deterioração de patrimônio tombado: danificar bens protegidos por lei ou decisão judicial.

Caso seja condenado em todas as imputações, Bolsonaro poderá receber até 43 anos de prisão — embora a definição da pena final dependa do voto dos ministros da Corte.

Como será o julgamento

O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, abrirá a sessão com seu voto. Em seguida, a PGR terá até duas horas para apresentar seus argumentos. Na defesa, cada réu contará com uma hora para expor sua versão dos fatos.

Depois das sustentações orais, a votação seguirá a ordem prevista: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e, por último, Cristiano Zanin. No entanto, essa sequência poderá ser alterada caso algum ministro peça para inverter a ordem ou solicitar mais tempo de análise.

Nos bastidores, advogados próximos a Bolsonaro avaliam que o ministro Luiz Fux pode pedir vista do processo — o que interromperia o julgamento e adiaria a conclusão para uma data indefinida.

O caso é visto como um dos mais emblemáticos da história recente do Supremo, não apenas pela gravidade das acusações, mas também por envolver diretamente um ex-presidente da República e membros de alto escalão de seu governo. A decisão que sairá dessa análise poderá ter impacto profundo no cenário político brasileiro e na forma como o país lida com ataques à democracia.

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A acusação está organizada em diferentes núcleos de atuação, que vão do comando estratégico à execução de ações operacionais e de disseminação de desinformação. Ao todo, 34 pessoas foram denunciadas.

Núcleo 1 – O grupo “crucial”

O primeiro julgamento, marcado para os dias 25 e 26 de março, é dedicado ao núcleo considerado pela PGR como o coração da suposta organização criminosa. Nesse grupo estão apontados os principais articuladores das ações que visavam a ruptura institucional.

Os acusados deste núcleo respondem pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Entre eles estão:Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;

Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF;

General Augusto Heleno, ex-chefe do GSI;

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;

Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.

O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, retirou recentemente o sigilo da delação premiada de Mauro Cid, revelando detalhes sobre o funcionamento interno do grupo.

Núcleo 2 – Gerenciamento de ações

Entre os dias 29 e 30 de abril, esse núcleo é formado por ex-integrantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e ex-assessores de Bolsonaro. Segundo a PGR, a função deles era coordenar ações para sustentar a permanência ilegítima do então presidente no cargo.

Estão na lista:Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF;

Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça;

Fernando de Sousa Oliveira, delegado da PF e ex-secretário-executivo da SSP;

Mário Fernandes, general da reserva e ex-assessor da Secretaria-Geral da Presidência;

Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva e ex-assessor presidencial;

Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor especial de Assuntos Internacionais.

Núcleo 3 – Ações táticas, incluindo os “kids pretos”

Entre os dias 8 e 9 de abril. O grupo é formado por militares da ativa e da reserva, muitos com treinamento em operações especiais. Conhecidos como “kids pretos” ou Forças Especiais, eles teriam elaborado um plano chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa um ataque no dia 15 de dezembro de 2022 para assassinar Lula e o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.

Entre os denunciados estão generais, coronéis e tenentes-coronéis do Exército, além de um agente da Polícia Federal.

Núcleo 4 – Desinformação

Sem data definida para julgamento, este núcleo é acusado de criar e disseminar conteúdos falsos para desacreditar o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas. Fazem parte militares da ativa e da reserva, além de ex-integrantes da Abin.

Núcleo 5 – Desdobramento da desinformação

Formado por apenas um acusado, o empresário Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, neto do ex-presidente João Figueiredo. Ele é suspeito de atuar na propagação de narrativas golpistas e antidemocráticas. Também não há data para julgamento.

Expectativa e impacto político

A Primeira Turma do STF, composta por Cristiano Zanin (presidente), Alexandre de Moraes (relator), Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia, conduzirá as sessões. A análise começa pelo voto do relator, seguido das manifestações da PGR e das defesas.

Nos bastidores, há especulação de que algum ministro possa pedir vista — o que interromperia o julgamento e adiaria a decisão final. O resultado poderá ter forte impacto no cenário político nacional, definindo não apenas o futuro jurídico dos acusados, mas também os limites para eventuais tentativas de ruptura institucional no país.



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