EMPRESÁRIO QUE MATOU GARI A SANGUE FRIO SE AUTODECLARAVA ''CRISTÃO'' E ''PATRIOTA'' NAS REDES

Família de bem: Empresário disse que usou arma da esposa delegada para matar trabalhador em BH. Nas redes sociais, o homem faz questão de dizer que é, literalmente, "patriota" e "temente a Deus". Renê também diz ser CEO da 'Fictor Alimentos'. A empresa divulgou nota rebatendo a informação. O gari que perdeu a vida deixa uma filha pequena

Renê e a esposa delegada


Por Ana Oliveira e Felipe Borges

O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, 47 anos, preso por matar o gari Laudemir de Souza Fernandes, 44, a tiros durante uma briga de trânsito em Belo Horizonte, usava suas redes sociais para se autodefinir como “cristão, marido, pai e patriota”. A morte ocorreu na manhã desta segunda-feira (11), enquanto a vítima trabalhava na coleta de lixo. Laudemir deixa uma filha pequena.

De acordo com a Polícia Militar, Renê se irritou ao encontrar um caminhão de coleta ocupando parte da via no bairro Vista Alegre. Ele exigiu que a motorista liberasse passagem para seu carro, um veículo elétrico BYD. Testemunhas relataram que havia espaço suficiente para a manobra, mas o empresário insistiu, desceu do carro e passou a ameaçar a condutora.

“O condutor falou com ela: ‘Se você esbarrar no meu carro, vou dar um tiro em você. Você duvida?’. Ela entrou em choque, e os coletores começaram a falar para ele não fazer isso. Foi quando um deles, o Laudemir, levou um tiro”, contou o sargento Thiago Ribeiro.

Crime a sangue frio

Segundo relatos, os garis tentaram acalmar o motorista, mas Renê sacou uma pistola calibre .380 e atirou contra Laudemir, que foi atingido no tórax. O gari chegou a ser socorrido em uma viatura da PM e levado a um hospital em Contagem, mas não resistiu.

O empresário fugiu sem prestar socorro e foi localizado horas depois, treinando em uma academia de alto padrão no bairro Estoril, área nobre da capital mineira. Policiais cercaram o local para impedir a fuga. Renê foi preso ainda com a roupa de treino e levado para a delegacia.

Arma pertencia à esposa, que é delegada

Durante o depoimento, Renê afirmou que a arma usada no crime pertence à esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, lotada na Casa da Mulher Mineira desde 2022. A Corregedoria da Polícia Civil abriu investigação para apurar a conduta da policial e a origem da arma.

Contradições no currículo

No LinkedIn, Renê se apresenta como CEO da empresa Fictor Alimentos, além de ex-funcionário de grandes multinacionais do setor alimentício e de bebidas. A Fictor, porém, divulgou nota negando qualquer vínculo com ele: “Ele nunca teve qualquer tratativa com a companhia aberta”, afirmou a empresa.

Luto e indignação

Laudemir prestava serviços à prefeitura por meio de uma empresa terceirizada. Em nota, a administração municipal lamentou o crime e informou que a contratada está oferecendo apoio à família. A Localix Serviços Ambientais, empregadora da vítima, classificou o ato como “violência injustificável” e manifestou solidariedade aos familiares e colegas de trabalho.

Renê Júnior permanece preso e deve passar por audiência de custódia nesta terça-feira (12). O caso é investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais.

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