Imagem: Fred Dufour | AFP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (10) que vai impor uma tarifa de 100% sobre todos os produtos chineses, além das já existentes, intensificando a disputa comercial com Pequim. A medida, segundo ele, entrará em vigor em 1º de novembro e poderá ser antecipada caso a China adote novas retaliações.
Em comunicado, Trump acusou o governo chinês de ter adotado uma postura “extraordinariamente agressiva” no comércio internacional ao anunciar controles de exportação em larga escala. O mandatário classificou a decisão de Pequim como “um plano elaborado há anos” e “uma vergonha moral na forma de lidar com outras nações”.
“Essa medida afeta todos os países, sem exceção. É algo absolutamente inédito no comércio internacional. Diante disso, os Estados Unidos não têm outra escolha senão agir com firmeza”, declarou.
Fim do diálogo com Pequim
Mais cedo, Trump havia informado em suas redes sociais que cancelou o encontro com o presidente chinês, Xi Jinping, previsto para a cúpula da APEC, em Seul, dentro de duas semanas. Segundo ele, não há mais “razão para prosseguir” com a reunião.
Os dois líderes planejavam discutir, entre outros temas, a suspensão da exportação de soja norte-americana para a China, que já impacta o setor agrícola dos EUA.
Terras raras no centro da disputa
O estopim da crise mais recente foi o anúncio de Pequim, na quinta-feira (9), de novos controles sobre a exportação de terras raras e tecnologias associadas, exigindo aprovação estatal para vendas internacionais de ímãs que utilizem esses minerais.
O Ministério do Comércio da China justificou a medida alegando motivos de segurança nacional, afirmando que os materiais poderiam ser usados em aplicações militares. Washington utiliza a mesma justificativa para restringir exportações de semicondutores à China.
A disputa tem peso estratégico. A China é responsável por cerca de 70% da mineração, 90% do processamento e 93% da fabricação de ímãs de terras raras — minerais cruciais para indústrias de alta tecnologia, como produção de chips, celulares, computadores e veículos elétricos.
As primeiras restrições chinesas, adotadas em abril, já haviam provocado escassez nos EUA, afetando principalmente a indústria automotiva. O impasse levou o governo norte-americano a negociar, mas a nova rodada de medidas ampliou as tensões.
Impactos globais
Analistas avaliam que a tarifa de 100% anunciada por Trump pode agravar a inflação nos EUA e desencadear uma onda de incertezas na economia global, pressionando cadeias de suprimentos e o custo de bens de consumo.
Além das tarifas, o presidente norte-americano anunciou que também imporá controles de exportação sobre softwares críticos a partir de 1º de novembro.
“A China tomou essa atitude, e o resto é história”, disse Trump em tom desafiador. “Agora cabe a nós proteger nossa economia e nossos empregos.”
O impasse amplia a rivalidade entre as duas maiores economias do mundo, colocando em xeque não apenas o fluxo de comércio bilateral, mas também a estabilidade das cadeias produtivas globais em setores-chave da tecnologia e da indústria.
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