NOBEL DA PAZ VAI PARA MARIA CORINA MACHADO, LIDER DA OPOSIÇÀO E ALVO DE DENÚNCIAZ NA VENEZUELA


Maria Corina Machado

O Comitê Norueguês do Nobel anunciou nesta sexta-feira (10) a escolha da venezuelana Maria Corina Machado, de 58 anos, como ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2025. A líder da oposição foi reconhecida por sua “luta incansável pela democracia e pelos direitos humanos na Venezuela” e por manter viva a esperança de uma transição pacífica no país, marcado por duas décadas de chavismo e repressão política.

Em nota, o comitê afirmou que a decisão se deve ao “trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano e na busca por uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”. O presidente do Comitê, Jørgen Watne Frydnes, declarou que Machado é “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”.

“Quando autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem”, disse Frydnes em Oslo. “A democracia depende de pessoas que se recusam a permanecer em silêncio, que arriscam dar um passo em frente apesar dos graves riscos, lembrando-nos de que a liberdade nunca deve ser tomada como garantida.”

Escondida desde 2024

Machado tornou-se símbolo da resistência ao presidente Nicolás Maduro, que a impediu de concorrer às eleições de 2024. Após ser desqualificada, ela transferiu apoio ao diplomata Edmundo González Urrutia, reconhecido pela oposição e por governos estrangeiros — incluindo os Estados Unidos — como vencedor do pleito. O Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo chavismo, declarou a vitória de Maduro, mas nunca apresentou atas oficiais das urnas, alegando um suposto ataque hacker.

Desde agosto de 2024, Maria Corina vive na clandestinidade. Em carta publicada pelo Wall Street Journal, escreveu que temia pela própria vida, mas reafirmava possuir provas da derrota de Maduro. “Posso ser capturada enquanto escrevo estas palavras”, afirmou na ocasião. Em janeiro deste ano, chegou a ser detida brevemente durante um protesto contra a posse de Maduro.

O presidente do Comitê do Nobel reconheceu que a segurança da opositora é incerta e disse não saber se ela conseguirá comparecer à cerimônia de entrega, marcada para 10 de dezembro, em Oslo. O prêmio é avaliado em 11 milhões de coroas suecas.

Trajetória política

Engenheira industrial formada pela Universidade Católica Andrés Bello, Machado entrou na política em 2002 ao fundar a ONG Súmate, voltada à transparência eleitoral. Dois anos depois, liderou a coleta de assinaturas que possibilitou o referendo revogatório contra o então presidente Hugo Chávez.

Eleita deputada em 2010, destacou-se por embates diretos com o chavismo. Em 2012, durante um discurso de Chávez na Assembleia Nacional, interrompeu o presidente com a frase que ficou famosa: “Expropriar é roubar”. Dois anos depois, foi expulsa do Congresso pelo governo Maduro.

Em 2013, criou o partido Vente Venezuela, de orientação liberal. Embora muitas vezes criticada por seu discurso radical e pela ligação com setores da elite, consolidou-se como a principal figura da oposição nos últimos anos. Em 2023, venceu as primárias da Plataforma Democrática Unitária com 93% dos votos, tornando-se a principal candidata da oposição até ser inabilitada pelo regime.

Reconhecimento internacional

O Comitê do Nobel descreveu Maria Corina Machado como “uma mulher que mantém acesa a chama da democracia em meio a uma escuridão crescente”. O prêmio consolida sua posição como uma das lideranças mais influentes e controversas da América Latina e projeta novamente a crise venezuelana ao cenário internacional.

Para apoiadores, ela encarna a esperança de uma transição democrática. Para críticos, representa uma oposição ligada a interesses das elites e distante das bases populares. Ainda assim, sua trajetória de resistência e sua permanência no país mesmo sob risco pessoal pesaram na escolha de 2025.

O Nobel da Paz reafirma Machado como símbolo global da resistência civil frente ao autoritarismo.

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