ADOLESCENTE DE 17 ANOS MORRE APÓS SESSÃO VIOLENTA DE BULLYNG HOMOFÓBICO; VÍDEO MOSTRA AGRESSORES FUGINDO


Fernando ainda foi socorrido com vida e levado ao hospital e passou por cirurgia, mas não resistiu. Testemunhas afirmam que ele era perseguido e humilhado há meses por conta de sua orientação sexual. Vídeo que circula nas redes mostra o momento do ataque. “Ele sempre foi um menino muito tranquilo, sonhador, vivia da escola pra casa, não brincava na rua. Foi muita covardia o que fizeram”, desabafa tia


Por Ana Oliveira e Felipe Borges

Fernando Vilaça da Silva, de apenas 17 anos, morreu no último sábado (5) em Manaus (AM) após ser espancado com extrema violência por um grupo de agressores que, segundo testemunhas e familiares, o perseguia há meses por conta de sua orientação sexual.

O ataque aconteceu na Rua Três Poderes, no bairro Gilberto Mestrinho, Zona Leste da cidade. Na tarde de quarta-feira (3), Fernando havia saído de casa para ir até uma mercearia comprar leite. Foi abordado por jovens que costumavam hostilizá-lo com ofensas homofóbicas. Desta vez, ele reagiu e questionou os insultos. A resposta foi uma agressão covarde e fatal.

Um vídeo que circula nas redes sociais (ver abaixo) mostra o momento em que Fernando é brutalmente espancado. Caído no chão, inconsciente, é socorrido pela própria mãe, que aparece em desespero tentando reanimá-lo. Os agressores fugiram do local. Até o momento, nenhum suspeito foi preso.

Fernando chegou a ser atendido com vida no Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo e foi transferido posteriormente ao Hospital João Lúcio, onde passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou traumatismo craniano, hemorragia cerebral e edema como causas da morte. A entrada do corpo no IML foi registrada às 13h30 de sábado.

Segundo o Boletim de Ocorrência registrado na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), o caso está sendo investigado como homicídio resultante de agressão física. Familiares pedem que o crime também seja enquadrado como homicídio qualificado por motivação de ódio.

“Ele era chamado de ‘viadinho’ todos os dias”

A tia do jovem, Klíssia Vilaça, relatou à Revista Cenarium que Fernando vivia sob constante intimidação. “Ele sempre foi um menino muito tranquilo, nunca deu trabalho para ninguém. O que fizeram com ele foi muita covardia. Ele era um menino sonhador, vivia da escola pra casa, não brincava na rua. Com o dinheiro do ‘Pé-de-meia’, ele comprava ração pros animais dele e estava juntando para tirar a habilitação aos 18 anos”.

O tio de Fernando, Elson Amorim Vilaça, reforçou que o sobrinho era vítima de xingamentos homofóbicos frequentes. “Os moleques chamavam ele de ‘viadinho’ e outras coisas. Ele foi só comprar leite, não aguentou mais e resolveu se defender. Foi espancado até entrar em morte encefálica.”

Na Escola Estadual Jairo da Silva Rocha, onde Fernando estudava, colegas e professores prestaram homenagens. Em nota de pesar, a instituição declarou: “Pedimos a Deus que o Espírito Santo console o coração de todos os familiares, amigos e colegas de turma. Nossa escola está de luto hoje.”

Brasil é um dos países que mais mata LGBTQIAPN+ no mundo

O assassinato de Fernando Vilaça da Silva se soma a uma estatística vergonhosa. De acordo com levantamento do Grupo Gay da Bahia, o Brasil lidera há anos o ranking global de mortes violentas de pessoas LGBTQIAPN+. São casos em que a intolerância, o preconceito e a impunidade formam um ciclo trágico e recorrente.

Apesar de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter equiparado a homofobia e a transfobia ao crime de racismo desde 2019, a aplicação da lei ainda é lenta e falha. A ausência de políticas públicas efetivas, a negligência policial e o preconceito social contribuem para que crimes como o que vitimou Fernando continuem sendo tratados com banalidade.

A Defensoria Pública do Estado e entidades de direitos humanos cobram que o caso seja investigado com celeridade e que os assassinos de Fernando sejam responsabilizados.

→ SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI… Saiba que o Pragmatismo não tem investidores e não está entre os veículos que recebem publicidade estatal do governo. Fazer jornalismo custa caro. Com apenas R$ 1 REAL você nos ajuda a pagar nossos profissionais e a estrutura. Seu apoio é muito importante e fortalece a mídia independente. Doe através da chave-pix: pragmatismopolitico@gmail.com

GAZETA SANTA CÂNDIDA, JORNAL QUE TEM O QUE FALAR

Postar um comentário

0 Comentários