APP GRATUITO USA INFORMAÇÃO COMO FERRAMENTA NO TRATAMENTO DA DTM

Importantes no controle da disfunçãotemporomandibular, mudanças comportamentais são o foco do aplicativo EducaDOR, desenvolvido por estudantes de odontologia da UFPR


por Aline Fernandes França



Aarticulação temporomandibular (ATM) desempenha um papel crucial ao conectar a mandíbula ao crânio, permitindo a movimentação da boca para funções essenciais, como falar e mastigar — movimentos que podem se repetir duas mil vezes por dia. A alta frequência de uso também aumenta o risco de disfunções, entre as quais destaca-se a disfunção temporomandibular (DTM).

Ruídos, estalos, dor na mandíbula e dor de cabeça são sintomas de pessoas que sofrem com a DTM e comuns em relatos de atendimentos clínicos odontológicos realizados na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Trata-se de um conjunto de condições que afetam as articulações temporomandibulares, causando dor crônica e impacto significativo na qualidade de vida.

O tratamento envolve o conhecimento sobre a forma do processo de dor e inclui hábitos que auxiliem nesse controle, como exercício mandibular, compressa e a não ingestão de determinados alimentos.

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 Navegação pelo app EducaDOR. Vídeo: Camille Bropp/Sucom UFPR

Estima-se que de 1,5% a 5% da população precise de tratamento para disfunção temporomandibular e que mais de 30% apresente algum sinal ou sintoma.

“As causas são multifatoriais, podem abranger condições genéticas, comportamentais, psicoemocionais, trauma, sobrecarga por bruxismo”, explica o docente do curso de Odontologia Daniel Bonotto, um dos responsáveis pelo projeto de extensão Serviço Ambulatorial em DTM e Dor Orofacial (Samdof) da UFPR.

Pensando em facilitar a rotina de tratamento, estudantes do curso de Odontologia criaram o aplicativo EducaDOR. O app oferece informações sobre a doença e desmistifica aspectos relacionados à dor crônica, incentivando práticas de autocuidado.
Tratamento da DTM exige papel ativo do paciente

A ideia surgiu da necessidade percebida em atendimentos clínicos e de conversas com pacientes, que frequentemente relatavam dificuldades em encontrar orientações práticas para lidar com os desafios do tratamento. As orientações repassadas durante as consultas não eram seguidas com efetividade e algumas tentativas chegaram a ser implementadas, como a elaboração de um folder educativo, sem sucesso.

“Sempre foi difícil educar o paciente que tem dor crônica orofacial ligadas a problemas de ATM e fazê-lo compreender seu papel ativo no tratamento”, afirma Bonotto.

Embasado em evidências científicas, o aplicativo reúne conteúdo confiável e útil para pacientes e profissionais da área de saúde. A iniciativa foi desenvolvida pelas estudantes Julia Fabris e Maria Cecília Miranda, com colaboração dos mestrandos Gustavo Begnini, Gabriela Schuma e graduandos em Odontologia Pedro Czmola, Ana Carolina e Luana Jendik. O projeto foi orientado pelos professores da disciplina de DTM, Daniel Bonotto e Priscila Hilgenberg Sydney, e também contou com a participação do designer João Vitor Oliveira dos Anjos.

A produção do app envolveu pesquisas em literatura científica e identificação das necessidades mais urgentes. Além de concentrar instruções voltadas aos pacientes, o aplicativo também traz informações que devem ser orientadas por um cirurgião dentista, de acordo com a condição de cada caso.

“Nos preocupamos em explicar o conteúdo de maneira sucinta e interessante. Abordamos mecanismos difíceis como modulação da dor, usamos analogias, exemplos para os pacientes entenderem o processo e como orientações poderiam melhorar o quadro de dor”, relata Maria Cecília.

📷 Equipe do EducaDOR, da esq. para a dir.: os professores Daniel Bonotto; estudantes Júlia e Maria Cecília; e Priscila Sydney. Foto: Arquivo Pessoal

O desenvolvimento do app durou cerca de um ano e, agora, já está disponível para download gratuito nas principais plataformas digitais (Android e iOS).

“Há necessidade de adesão do paciente para o tratamento, ele deve lembrar-se das orientações para o manejo adequado. O paciente precisa ser protagonista do seu processo de cura e autocuidado”, destaca Julia.

“Com o aplicativo, o acesso à informação de qualidade está sempre à mão, com fonte segura de informações e linguagem acessível”,
De exercícios a automassagem

O EducaDOR apresenta seções interativas, que incluem informações gerais sobre a DTM (causas e sintomas); educação sobre dor crônica; autocuidado e exercícios terapêuticos, com orientações práticas para auxiliar o manejo da dor; orientações sobre a relação entre exercícios físicos e a dor crônica e dicas de alimentação.

A equipe também criou um diário de dor, um recurso em que o paciente registra diariamente a intensidade da dor, auxiliando o profissional a identificar a evolução de cada caso.

O projeto aproveita ainda as redes sociais Instagram e YouTube para informar sobre suas atividades e dar dicas para quem sofre com a DTM.

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