ENGIE MULTINACIONAL FRANCESA QUER COMETER O MAIOR DEVASTAÇÃO AMBIENTAL NO PARANÁ

      (Foto: Banda B)

Uma multinacional francesa, a Engie, quer instalar mil quilômetros de linhas de transmissão. A qualquer custo. Derrubando áreas de preservação ambiental.

A rede Globo escancarou, dias atrás, denuncia em torno de devastação ambiental que se encaminha para consumar-se no Paraná. O noticiário retumbante mostrou que a Engie, multinacional francesa, irá instalar mais de mil quilômetros de extensão das linhas de transmissão no Paraná.

O projeto, chamado de Gralha Azul, está dividido em sete grupos. Ao todo, serão afetados e impactadas 2.484,15 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs), de Reserva Legal e Unidades de Conservação.

A devastação compreenderá enorme área, como a de Ponta Grossa a Campo Largo. O assunto foi levantado pelo Observatório da Justiça e Observação, que prestou à Coluna as informações que seguem:

SÃO 320 MIL HECTARES

A área de influência direta (AID) desses sete grupos sobre a fauna e flora do Paraná soma cerca de 320 mil hectares do território paranaense – o que representa cerca de 320 mil campos de futebol do tamanho do Maracanã.

Ironicamente, gralha-azul é a ave-símbolo do Paraná – uma das espécies dispersoras do pinhão – e que, por conta da supressão da Floresta com Araucária, assim como esse ecossistema, também sofre com o risco de extinção.

Dizer que as áreas atingidas pertencem,em boa parte, a um empresário de grande porte, e que teria feito lobby junto à Globo para a denúncia, é irrelevante. É crime ambiental do que se trata, diz um professor da UFPR.

DUAS MIL TORRES

A Engie instalará, ao todo, mais de duas mil torres que provocarão resultados devastadores e irreversíveis. Corte de vegetação nativa, perda de habitat natural, morte de animais, degradação do solo e perda de riquezas arqueológicas serão algumas das consequências provocadas pelo empreendimento.

100 COMUNIDADES

Estima-se, por exemplo, que perto de 100 comunidades tradicionais serão afetadas pelo empreendimento. As torres terão entre 285 a 500 metros de distância uma das outras. A licença ambiental para a obra foi concedida pelo Instituto Água e Terra (antigo IAP), do governo do estado.

DE PG A CAMPO LARGO

Conheça os sete ‘grupos’ do empreendimento Os dois maiores grupos do projeto Gralha Azul terão, juntos, a instalação de 1.069 torres de transmissão de energia elétrica. Ambos passaram por um Estudo de Impacto Ambiental. Um dos trechos vai de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, até Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba e passa, exatamente, em cima da Escarpa Devoniana – uma área rica em tesouros arqueológicos, em fauna e flora – e que é protegida por lei. Somente neste trecho estão previstas, segundo Estudo de Impacto Ambiental realizado pela própria empresa, que 398 novas torres sejam instaladas.

FERE A LEGISLAÇÃO

No outro trecho, de Ivaiporã a Ponta Grossa, a Engie estima instalar outras 671 torres. O custo do projeto é estimado em mais de R$ 2 bilhões. A AID desses grupos será de 51.303,85 hectares. A conclusão da análise de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná é de que os Estudos de Impacto Ambiental apresentam diversos problemas em relação ao cumprimento da legislação vigente.

Para os outros cinco grupos do empreendimento foram realizados Relatórios Ambientais Simplificados (RAS) por serem empreendimentos de menor potência (230 kV). Nesses cinco grupos serão instaladas mais 972 torres em uma área de aproximadamente 474 km.


SUSPENDER A DEVASTAÇÃO 

Dois procedimentos com um mesmo objetivo: suspender a devastação ambiental provocada pelas linhas de transmissão que estão sendo instaladas pela multinacional Engie no Paraná. O Ministério Público do Paraná (MP-PR) e o Ministério Público Federal (MPF) atuam em duas frentes para que a obra, que pode derrubar quatro mil araucárias, seja paralisada pelo Poder Judiciário. As linhas devem passar ainda pela chamada Escarpa Devoniana, na região dos Campos Gerais do estado, que é uma área protegida por leis de preservação ambiental.

Um dos procedimentos é um ofício encaminhado à superintendência estadual do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Neste documento, o MP e o MPF solicitam que sejam adotadas medidas urgentes para que se embargue imediatamente qualquer supressão de vegetação provocada pelas.

O Ibama, por sua vez, oficiou o Instituto Água e Terra (IAT) e a empresa responsável pelo empreendimento, a fim de esclarecer a situação. O procedimento segue em trâmite.

FLAGRANTE DA DEVASTAÇÃO 

A atuação do MP-PR e MPF se baseou em flagras de desmatamento registrados pela Polícia Ambiental Força Verde no dia 1° de setembro deste ano. Foi constada a destruição de floresta em estágio médio de regeneração do bioma Mata Atlântica, totalizando cerca de 2,3 hectares, assim como obras para a construção de torre de energia dentro da área na qual a vegetação foi suprimida.

O segundo mecanismo é uma ação civil pública, que foi interposta pelo Observatório de Justiça e Conservação, pelo Instituto de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS) e pela Rede de Organizações não-governamentais da Mata Atlântica. Nesta ação, a promotoria estadual e o Ministério Público Federal também pedem a suspensão das obras e das licenças de instalação concedidas para a Engie. AGÈNCIA VULGATA


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