MONITOR
Por Story Hinckley Redator
Patrik Jonsson Redator
Ali Martin Redator
17 de julho de 2025, 5h00 (horário do leste dos EUA)
Ao longo de sua última década como figura de destaque da direita política americana, o presidente Donald Trump obteve sucesso em grande parte graças à sua capacidade de manter unido um grupo de eleitores ideologicamente diverso. Enquanto alguns se sentiram atraídos por Trump em termos de políticas, outros o apoiaram devido à promessa de que ele seria o único capaz de expor irregularidades entre as elites sociais e políticas dos EUA.
Para esses eleitores, um caso tornou-se exclusivamente ligado à identidade política do Sr. Trump e agora ameaça a grande tenda MAGA que ele manteve unida até agora.
Desde que o financista desonrado e criminoso sexual condenado Jeffrey Epstein cometeu suicídio em 2019, enquanto estava preso sob acusações federais de tráfico sexual de menores, um subconjunto de eleitores orientou sua política em torno da divulgação dos "arquivos Epstein": documentos que supostamente mostram que ele foi de fato morto para impedir a divulgação de uma "lista de clientes" que teria exposto pessoas proeminentes envolvidas em seus crimes. Trump fez campanha com a promessa de divulgar essa lista e, posteriormente, nomeou líderes do FBI que, segundo ele, priorizariam a questão.
Por que escrevemos isso
O presidente Trump tem dominado o movimento político que construiu. Mas muitos apoiadores rejeitam seu desejo de deixar o caso Jeffrey Epstein para trás, revelando uma ruptura sem precedentes.
Mas desde que o Departamento de Justiça divulgou um memorando de duas páginas em 7 de julho afirmando que não existe nenhuma "lista de clientes", Trump tem instado seus apoiadores a deixarem a conspiração de Epstein de lado. O que se seguiu nos dias seguintes foi uma reação diferente de tudo o que o presidente já viu por parte de seus apoiadores, que afirmam que a rápida mudança de atitude de Trump em relação a Epstein abalou sua confiança.
Essa fratura sem precedentes no Partido Republicano do presidente é tão sísmica em parte porque o Sr. Trump agora está sendo questionado como parte das mesmas conspirações do estado profundo que ele havia prometido erradicar.
“Mesmo quando aprovamos o Projeto de Lei Único, Grande e Bonito, houve alguma resistência dos nossos falcões fiscais da extrema direita antes de dizerem 'Não, vamos fazer isso'. Mas haverá pessoas que não se alinharão. Isso pode ser um problema para a reputação”, diz Shelley Kais, ex-presidente do Partido Republicano do Condado de Pima, no Arizona, e atual vice-presidente do Partido Feminino Republicano de Tucson.
Recomendado.
“Você vê pessoas dizendo coisas como: 'Trump finalmente foi comprado pelo estado profundo?'”, diz a Sra. Kais. “Isso está gerando suspeita, e com a suspeita vem a confiança.”
Nathan Howard/Reuters
O presidente Donald Trump chega à Base Conjunta Andrews, Maryland, em 15 de julho de 2025, após uma viagem à Pensilvânia.
Ao contrário de outros momentos na carreira política de Trump, seus apoiadores não estão se alinhando. Em uma publicação no Truth Social no fim de semana , na qual Trump lembrou seus seguidores de que o MAGA está em "um só time" e para não desperdiçar "tempo e energia com Jeffrey Epstein", o presidente foi atipicamente "raciocinado", o que significa que a publicação recebeu mais comentários do que curtidas – um sinal de que não foi bem recebida.
“Esta declaração parte meu coração, senhor presidente”, escreveu um usuário.
“Todo mundo que conheço está chateado com isso e isso vai acabar com o MAGA”, escreveu outro usuário. “É por isso que não confiamos no governo.”
A resistência tem sido tão forte que apresentadores da mídia conservadora e autoridades republicanas romperam com o presidente – mais recentemente, o presidente da Câmara, Mike Johnson, que disse a um comentarista de direita na terça-feira que apoiava a divulgação dos arquivos de Epstein. Apesar de seus comentários, os republicanos da Câmara bloquearam duas moções democratas para votar pela divulgação dos arquivos. Mais tarde na terça-feira, Trump disse que a procuradora-geral Pam Bondi deveria divulgar qualquer informação "confiável" que tivesse, mas questionou por que alguém se importa com o caso.
“A teoria da conspiração sobre Jeffrey Epstein, que Trump ajudou a alimentar, foi um grande negócio, e talvez um negócio maior do que muitos de nós, de fora dessa teoria, percebemos”, diz Matt Dallek, historiador político da Universidade George Washington. “Agora, como ele abraçou sua base tão de perto durante a maior parte de uma década, com tantas teorias da conspiração e tantas promessas feitas, de certa forma, talvez a conta esteja chegando um pouco mais tarde.”
Um “ponto de viragem” para Trump e as teorias da conspiração
No início deste mês, o Sr. Trump vinha tendo um verão bem-sucedido. A Suprema Corte concedeu-lhe uma série de vitórias, permitindo que o presidente seguisse suas políticas com o mínimo de recursos legais. E, apesar das margens apertadas, o Congresso aprovou o projeto de lei de impostos e gastos do presidente dentro do prazo autoimposto de 4 de julho. "Nas últimas duas semanas, nunca houve nada parecido, em termos de vitória, vitória, vitória", disse o Sr. Trump em sua cerimônia de assinatura do projeto de lei no gramado sul da Casa Branca.
Em um momento em que o Sr. Trump quer que o foco esteja em sua legislação emblemática, comentaristas conservadores e influenciadores online têm se preocupado com a forma como seu governo está lidando com o caso Epstein.
Detalhes sobre a obscura vida pessoal do Sr. Epstein ganharam destaque pela primeira vez em 2005, quando ele foi acusado de abusar sexualmente de meninas de até 14 anos, mas escapou de acusações federais com um acordo judicial. Ele foi indiciado por novas acusações em 2019 por tráfico sexual, que foram retiradas depois que ele foi encontrado inconsciente em sua cela. O fato de promotores federais afirmarem que o Sr. Epstein operava uma rede clandestina de tráfico sexual de menores em Nova York, Palm Beach e em sua ilha particular no Caribe, juntamente com as inúmeras fotos do Sr. Epstein com figuras famosas como o ex-presidente Bill Clinton, o príncipe Andrew, duque de York, e o Sr. Trump, levaram algumas pessoas a acreditar que o Sr. Epstein tinha clientes famosos.
Trump se distanciou de Epstein por cerca de duas décadas, segundo alguns relatos da imprensa . Os apoiadores de Trump já haviam dito que a lista de clientes deveria ser divulgada, sem suspeitar de detalhes sórdidos envolvendo o presidente. Mas sua recente reviravolta na questão fez alguns eleitores questionarem se ele teria sido cooptado pelo mesmo estado profundo que prometeu expor.
“Este é um ponto de inflexão em que uma das teorias da conspiração que faziam parte de sua marca está potencialmente o implicando”, diz Ryan Neville-Shepard, especialista na intersecção entre política e teorias da conspiração na Universidade do Arkansas. “Quando ele se distancia um pouco dessa marca, isso não faz sentido para as pessoas em sua coalizão que o apoiaram, que agora acreditam que existe um estado profundo no governo.”
O ex-assessor de Trump e popular comentarista conservador Steve Bannon sugeriu em seu podcast "War Room" na sexta-feira que esta questão poderia fazer com que "10% do movimento MAGA" e até 40 cadeiras no Congresso perdessem essa questão em 2026. A deputada republicana Marjorie Taylor Greene alertou sobre repercussões "significativas" no movimento MAGA, dizendo à CNN que o caso Epstein é "uma linha vermelha" para muitos eleitores.
Depois que um grupo dos jovens apoiadores mais fervorosos de Trump explodiu em vaias sobre a condução do caso Epstein pelo governo, durante a Cúpula de Ação Estudantil da Turning Point USA em Tampa, no fim de semana, Trump ligou para o fundador Charlie Kirk, levando o jovem conservador a anunciar na segunda-feira que havia "encerrado" o assunto sobre Epstein. Mas, na terça-feira, Kirk esclareceu que isso significava que havia encerrado o assunto apenas por hoje e publicou uma lista de 10 ações para o governo Trump no X.
“Há claramente toda uma rede de influenciadores na direita do MAGA que expôs milhões à teoria da conspiração sobre Epstein – empreendedores da conspiração que lucraram não apenas financeiramente, mas também em termos de influência e número de seguidores”, diz o Sr. Dallek. “Sim, eles são leais a Trump, mas também são leais às suas próprias marcas e teorias.”
John Locher/AP/Arquivo
O fundador da Turning Point USA, Charlie Kirk, discursa durante um comício de campanha, em 24 de outubro de 2024, em Las Vegas.
Essa dinâmica adicionou outra camada ao drama, enquanto as disputas internas continuam entre a Sra. Bondi e o diretor do FBI, Kash Patel, e o vice-diretor Dan Bongino, todos os três prometeram divulgar revelações neste caso assim que assumirem o cargo. O Sr. Patel e o Sr. Bongino enfrentam críticas desde que declararam no início deste ano que as evidências que viram confirmam que o Sr. Epstein se matou. E a Sra. Bondi, que está sob fogo desde um evento em fevereiro, onde distribuiu pastas brancas grossas de documentos desclassificados de Epstein sem nenhuma informação nova para influenciadores do MAGA, se envolveu em um vai e vem com os líderes do FBI sobre quem está atrapalhando a investigação . O Sr. Bongino, que havia feito da lista de Epstein um componente central de seus programas de rádio antes de sua nomeação para o bureau, não apareceu para trabalhar na sexta-feira após um desentendimento com a Sra. Bondi.
"Este é um grande negócio", disse o ex-deputado da Flórida Anthony Sabatini, que agora é comissário do Condado de Lake, Flórida, e que compareceu ao evento em Tampa, onde o público pareceu apoiar unanimemente a divulgação dos documentos.
"Por que você se esforçaria para se esconder e propositalmente não divulgar informações básicas sobre um assunto de grande interesse público quando as pessoas as desejam?", pergunta o Sr. Sabatini, comparando a situação aos esforços dos democratas para esconder a saúde debilitada do presidente Joe Biden. "Acho que só vai piorar. O governo está perdendo credibilidade."
Apoiadores de Trump “sentem um rato”
Os democratas buscam capitalizar a divisão que se forma dentro do MAGA. Os democratas do Congresso tentaram forçar várias votações para a divulgação de todas as informações relacionadas a Epstein, e os candidatos à presidência em 2028 questionaram por que Trump não divulgou nenhuma informação nova, apesar de suas promessas de fazê-lo. Alguns democratas, assim como alguns republicanos, sugeriram que Trump está retendo os arquivos de Epstein porque ele e Epstein eram amigos, e os arquivos contêm informações incriminatórias sobre o presidente. Elon Musk disse isso em uma publicação no X, agora excluída, em junho.
E embora essas ações visem enganar o Sr. Trump e os republicanos, elas também servem à própria base de apoiadores dos democratas.
Uma pesquisa da CNN divulgada na terça-feira revelou que apenas 3% dos americanos estavam "satisfeitos" com a forma como o governo federal conduziu a investigação de Epstein, com pelo menos uma pluralidade de democratas, independentes e republicanos expressando insatisfação. Uma pesquisa da Economist/YouGov no último fim de semana apresentou resultados semelhantes, com 75% dos republicanos e 85% dos democratas afirmando que o governo deveria "divulgar todos os documentos" sobre o Sr. Epstein.
Muitos republicanos, é claro, confiam no presidente e acreditam que não há mais nada a ser divulgado sobre o caso.
A controvérsia é uma criação da mídia com a intenção de encontrar rachaduras na "megacoalizão" do Sr. Trump, diz Shawn Steel, representante da Califórnia no Comitê Nacional Republicano e ex-presidente do Partido Republicano da Califórnia.
“É um tipo de coalizão republicana tão estranhamente diferente, a esquerda simplesmente não sabe o que fazer com ela”, diz o Sr. Steel. “Então, se eles conseguirem encontrar algo estranho e bizarro para focar, eu entendo. … Esta é a área errada porque ninguém se importa.”
Mas, para muitos apoiadores de Trump, a investigação de Epstein ecoa outros "palpites" que os membros do MAGA tinham, que foram descartados como teorias da conspiração e posteriormente levados a sério, como as teorias de vazamento de laboratório para COVID-19 e a saúde debilitada de Biden. Isso, juntamente com as evidências circunstanciais, como fotos do Sr. Epstein com líderes mundiais, celebridades e políticos, e as imagens "brutas" do FBI do lado de fora da cela do Sr. Epstein, com quase três minutos de ausência , só agravam essas frustrações.
“Coisas ruins acontecem que não deveriam ter acontecido e autoridades do governo mentiram sobre isso”, diz Christian Forte, presidente do Partido Republicano do Condado de Sacramento. “Eles desconfiam de algo, então a base quer a verdade. … [Trump] fez uma campanha forte pela transparência, então é por isso que essas pessoas dizem: 'Ei, isso faz parte do acordo' ".
*MAGA, Torne a America grande outra vez ( Make America Great Again)
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