JORNALISTA DEMITIDA DA RECORD APÓS DENUNCIAR DIRETOR POR ASSÉDIO SEXUAL

Ao invés de acolher a vítima, emissora do bispo Edir Macedo fingiu que não viu para a denúncia e demitiu a jornalista. "Após um ano sofrendo, quando eu já não tinha mais saúde para suportar aquele terror, decidi denunciar no RH. Fui demitida dois dias depois"


Rhiza Castro


RBA

A jornalista Rhiza Castro denunciou possíveis crimes envolvendo um diretor da TV Record. Ela acusa, sem revelar o nome, um diretor da emissora de assédio sexual. De acordo com a jornalista, que atuou como apresentadora de diferentes programas, a emissora do bispo Edir Macedo fez vista grossa para o caso. Além disso, após um ano como vítima, ao decidir denunciar, a postura da Record foi de demiti-la.

“A minha saída da empresa em que trabalhei como apresentadora em vários jornais em rede nacional. Eu sofri assédio sexual e retaliação por não ceder, no período de quase um ano. Quando eu já não tinha mais saúde para suportar o terror que estava vivendo, decidi denunciar o caso ao RH. Resultado: fui demitida dois dias depois da denúncia”, revelou Rhiza.

Então, a jornalista resolveu levar o caso à Justiça. “Com isso, estou movendo um processo trabalhista contra a empresa e criminal contra esse monstro que me assediou, na maior cara de pau, sem nem se sentir inibido com a esposa trabalhando no mesmo local”, disse. Ela completa ao deixar um recado para todas mulheres. “Não aceitem isso. Não ao assédio. Agradeço o apoio da minha família e aos competentes advogados”, disse.

“Não tinha feito boletim de ocorrência, nada. Levei o fato ao RH e perguntei o que eles fariam. O que eles fizeram foi me demitir. Sabia que isso poderia acontecer, claro. Mas tinha esperança de que a empresa fosse séria e que zelasse pelo bem-estar dos colaboradores. Mas não foi isso, me enganei. Então, está rolando um processo contra a empresa e também um processo criminal contra essa pessoa. Os processos estão em segredo de Justiça, mas tenho orgulho de ter coragem de sair dessa prisão”, relatou.


A jornalista ainda afirma que não é a única. “Fui a que tive coragem, mas sei de várias outras que sofreram com essa pessoa, assim como eu. É muito triste, porque acabamos nos sentindo invalidadas como profissionais, mulheres e seres humanos. Ninguém imagina o quanto é ruim e traumatizante. Mas temos uma primeira sentença que é uma vitória, cabe recurso, mas não posso falar mais nada”, finalizou.

O caso repercutiu com intensidade nas redes sociais. No X, antigo Twitter, a expressão “Record apoia assédio” figurou como um dos assuntos mais comentados do Brasil. Os internautas lembram que a emissora é dita evangélica. “Um canal comprado com o dinheiro suado dos fiéis da igreja e usado para enriquecer a cúpula da Igreja, então, nenhuma surpresa em um diretor querer se dar bem com uma subordinada”, disse o usuário Carlos Verne. A emissora, até o momento, não se manifestou.

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