CUNHADO DE DOM PHILLIPS DIZ QUE CORPOS ''ESTAVAM AMARRADOS EM ÁRVORES

Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira: imprensa internacional expõe trapalhadas das autoridades brasileiras, que sonegam informações com o aparente objetivo de construir uma narrativa oficial antes de abrir o caso

Equipes de busca encontram objetos de indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips. Foto: divulgação / Polícia Federal

Os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips “foram encontrados amarrados a árvores”. A informação foi publicada pelos jornais El País, The Guardian e The New York Times após ser confirmada por Paul Sherwood, cunhado do jornalista britânico

A informação de que os corpos foram encontrados também já havia sido confirmada horas antes pela esposa de Dom, Alessandra Sampaio. A Polícia Federal de Bolsonaro, no entanto, divulgou uma nota posteriormente em que não confirma a informação.

O embaixador do Reino Unido no Brasil ligou para a família para informar que Dom Phillips havia sido encontrado morto. “Ele queria que nós soubéssemos que acharam dois corpos”, contou Paul Sherwood. “Ele não descreveu a localização e só disse que foi na floresta e disse que eles estavam amarrados a uma árvore e ainda não tinham sido identificados”, relatou. “Ele disse que, quando houvesse luz, ou quando fosse possível, eles fariam a identificação.”

Indignada com o desencontro de informações, a esposa de Bruno Pereira, Beatriz Matos, foi às redes sociais nesta segunda-feira cobrar novos esclarecimentos sobre o paradeiro do indigenista. Ela disse que foi informada pela Polícia Federal que seu marido e o jornalista britânico Dom Phillips ainda não foram localizados.

“A Polícia Federal tem o compromisso de passar as informações para a família primeiro e para a superintendência de Manaus, eles confirmaram para gente que nenhum corpo foi encontrado, conforme nota oficial. É necessário que se apure de onde o embaixador tirou essa informação”, afirmou Beatriz.

De acordo com André Trigueiro, da GloboNews, que trocou mensagens com Paul Sherwood, cunhado de Phillips, ele foi procurado pelo embaixador Roberto Doring. Mais cedo, Trigueiro havia relatado conversa que teve com Alessandra, a mulher do jornalista inglês, nessa mesma linha. Já a Polícia Federal, entretanto, diz somente ter encontrado material biológico no rio e encaminhado para perícia.

O pouco interesse da gestão Bolsonaro nas buscas pelos desaparecidos chamou a atenção da imprensa internacional, que repercutiu uma decisão da justiça brasileira que obrigou o governo a aumentar os esforços para encontrar o indigenista e o jornalista. Phillips escrevia para o The Guardian e para o The Washington Post e já havia provocado a irritação do presidente Bolsonaro por conta de uma pergunta sobre Meio Ambiente em 2019.

No último domingo (12), autoridades encontraram objetos pessoais de Bruno Pereira e Dom Phillips. Phillips e Pereira estavam desaparecidos desde o dia 5, quando foram vistos pela última vez navegando pela Terra Indígena Vale Javari.

No local, eles conversaram com a esposa de um líder comunitário apelidado de Churrasco. Em seguida, partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que costuma levar duas horas, mas não chegaram ao destino.

A área onde eles desapareceram é alvo constante de conflitos relacionados a roubo de madeira, pesca e garimpo ilegal. Tanto Phillips quanto Pereira eram alvos constantes de ameaças de madeireiros, garimpeiros e pescadores.


Bruno e Dom Phillips estavam em viagem para realizar uma reportagem no Vale do Javari, área remota de selva que abriga o maior número de indígenas isolados do mundo.

“Fizeram alguma maldade”

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou hoje que indícios levam a crer que será difícil encontrar o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira com vida, após oito dias do desaparecimento.

Estou acompanhando [as buscas dos corpos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira]. Agora, os indícios levam a crer que fizeram alguma maldade com eles. Foram encontradas vísceras humanas, que já estão aqui em Brasília para se fazer o DNA.

“E, pelo tempo, já temos aqui oito dias, vai ser muito difícil encontrá-los com vida. Eu peço a Deus que os encontrem com vida, mas os indícios levam para o contrário no momento”, acrescentou.

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