ESSE É O PRIMEIRO MEDICAMENTO PARA COVID-19 QUE COMPROVADA AUMENTA A CHANCE DE SOBREVIVÊNCIA


Pesquisadores da Universidade de Oxford (Inglaterra) disseram ter evidências do primeiro medicamento que aumenta as chances de sobrevivência em pacientes com versões mais graves de Covid-19: o dexametasona, um remédio barato e amplamente disponível, utilizado no tratamento de diversas doenças, incluindo reumatismo, asma e doença pulmonar obstrutiva crônica.

Até agora, a única droga que se provou cientificamente útil para o tratamento da condição foi o remdesivir, um medicamento experimental que diminuiu o tempo de recuperação de pacientes de 15 para 11 dias.

Os novos resultados são mais significativos porque representam uma esperança para indivíduos severamente doentes, que precisam de respiradores mecânicos.

Enquanto os detalhes do estudo ainda não foram publicados em uma revista científica, após o anúncio dos pesquisadores, o governo britânico autorizou imediatamente o uso do dexametasona em pacientes nas mesmas condições daqueles que mais se beneficiaram do remédio na pesquisa.

De acordo com a BBC, se o medicamento tivesse sido usado para tratar pacientes no Reino Unido desde o início da pandemia, até 5 mil vidas poderiam ter sido salvas.

Metodologia e resultados

No novo teste clínico randomizado, 2.104 pacientes receberam a droga (oralmente ou de forma intravenosa) por dez dias, em comparação com 4.321 pacientes que continuaram a receber o tratamento padrão.

Após quatro semanas, os pesquisadores descobriram uma redução de 35% nas mortes entre pacientes que tomaram dexametasona e foram tratados com respiradores mecânicos, e uma redução de 20% nas mortes entre pacientes que tomaram dexametasona e só precisaram de oxigênio suplementar. A droga não pareceu ajudar pacientes menos doentes, ou seja, com formas menos severas de Covid-19.

Os cientistas creem que, no geral, o dexametasona pode prevenir uma morte para cada oito pacientes tratados com respiradores, e uma a cada 25 para pacientes que precisam de oxigênio extra.

“Estes são efeitos importantes. Não é uma cura, mas é certamente um bom avanço”, disse o principal autor do estudo, Dr. Martin Landray.

Outra notícia boa é que o medicamento é notavelmente barato: no total, um tratamento completo com dexametasona deve custar em torno de US$ 20 ou US$ 30 (R$ 100 a R$ 150, no câmbio atual).

Como funciona

O dexametasona é um esteroide, uma droga que reduz a inflamação. Em alguns pacientes com Covid-19, a inflamação se desenvolve à medida que o sistema imunológico reage exageradamente para combater a infecção. Essa reação exagerada, por sua vez, danifica os pulmões e pode ser fatal.

Esse tipo de medicamento não deve ser utilizado no início da doença, quando o corpo do paciente está combatendo o vírus e o ideal é que o sistema imunológico esteja o mais intacto possível. O uso de esteroides, nestes casos, pode impedir a eliminação do vírus.

Já em um estágio avançado da doença, a batalha do seu organismo contra o vírus pode causar tanta inflamação que te prejudica mais do que te ajudar. Logo, as evidências encontradas no novo estudo fazem todo o sentido.

Dúvidas e ressalvas

Ainda que esses resultados sejam extremamente promissores, médicos e especialistas do mundo todo alertam que é importante esperar pelo artigo científico para ver todos os detalhes do estudo e compreender de que forma o dexametasona pode fazer a diferença.

Por exemplo, ainda não temos nenhuma informação sobre os efeitos colaterais da droga em pacientes com Covid-19, embora os pesquisadores tenham usado uma dose baixa por um período curto, o que é geralmente seguro.

Além disso, os planos para o estudo informavam que os hospitais poderiam usar, além do dexametasona, dois outros esteroides, o prednisolona e o hidrocortisona.

Uma vez que, ao anunciar os resultados, pesquisadores só falaram do dexametasona, podemos assumir que a maioria dos médicos utilizou esse medicamento, mas, de acordo com o Dr. Francisco Marty, especialista em doenças infecciosas do Brigham and Women’s Hospital (EUA), não há nenhuma razão para acreditar que os outros não funcionariam também. Seria interessante olhar os dados e conferir se existe um efeito de classe.

Em suma: boas notícias

Em geral, no entanto, os especialistas creem que essa é uma boa notícia. “Esta é uma melhoria significativa nas opções terapêuticas disponíveis que temos”, disse o principal especialista em doenças infecciosas dos Estados Unidos, o Dr. Anthony Fauci.

Embora a dexametasona só ajude em casos graves, “inúmeras vidas serão salvas globalmente”, complementou Nick Cammack, especialista em vírus do Wellcome Trust, uma instituição sem fins lucrativos britânica.

De acordo com Cammack, “este é o sonho”, porque o remédio já é usado há décadas para outras condições, então não há razão para que não possa ser implementado em todo o mundo.

O estudo de Oxford é o mesmo que, no início deste mês, mostrou que a droga hidroxicloroquina não estava funcionando contra o coronavírus. No total, essa pesquisa envolveu mais de 11.000 pacientes na Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, que receberam tratamento padrão ou um dos seguintes tratamentos: dexametasona; hidroxicloroquina; medicamento combinado para HIV lopinavir-ritonavir; o antibiótico azitromicina; o fármaco anti-inflamatório tocilizumab; ou plasma de pessoas que se recuperaram de Covid-19, contendo anticorpos para combater o vírus.

Experimentos sobre os outros tratamentos continuam em andamento. O estudo é financiado por agências de saúde governamentais do Reino Unido e por doadores privados, como a Fundação Bill e Melinda Gates. [MedicalXpress, BBC]

Por Natasha Romanzoti, 

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