62% do eleitorado egípcio compareceu à 1º eleição em 30 anos

O presidente da Junta Eleitoral do Egito, Abdelmoaiz Ibrahim, informou nesta sexta-feira (2) que a participação nos dois dias do primeiro turno das eleições legislativas egípcias, realizadas na segunda e na terça-feira, alcançou a marca dos 62% – o equivalente a 8,5 milhões de eleitores.

O pleito foi realizado em nove províncias e seu segundo turno está marcado para os próximos dias 5 e 6. Nas 9.873 mesas eleitorais que receberam eleitores foram registrados mais de 7,9 milhões de votos válidos, enquanto o número de nulos ultrapassou os 500 mil.

Ibrahim disse que a taxa de participação foi “a mais alta em eleições parlamentares na história do Egito, desde o tempo dos Faraós até agora”. O responsável da Comissão Suprema Eleitoral denunciou algumas irregularidades no processo, mas que, assegurou, “não afetaram a lisura e a integridade” do pleito.

“O sangue dos mártires regou a árvore da liberdade da justiça social e do estado de direito. Agora estamos colhendo seus primeiros frutos,” disse Ibrahim, num tributo às mais de 850 pessoas mortas durante a rebelião popular que levou à queda de Hosni Mubarak, em fevereiro.

Entre as irregularidades apontadas por Ibrahim estão as propagandas em portas de colégios eleitorais, longas filas, demora na entrega das cédulas, atraso de um grande número de supervisores e falta de recursos de acessibilidade para idosos e portadores de necessidades especiais.

O presidente da Junta Eleitoral prometeu que sua equipe trabalhará para que estas falhas não se repitam na segunda e terceira fase do pleito para a Câmara Baixa, que ocorrerá até o dia 12 de janeiro. Depois destas eleições, terá início a escolha dos representantes da Shura – a Câmara Alta.

Resultados parciais

Ibrahim anunciou os resultados apenas de alguns poucos distritos onde houve uma votação expressiva em prol de candidatos individuais. A maioria dessas disputas será decidida em um segundo turno da semana que vem.

O chefe da comissão eleitoral não apresentou resultados relativos à votação em listas partidárias, na qual os partidos islâmicos são favoritos.

Das 56 vagas distritais em disputa, só quatro foram decididas em primeiro turno. Em duas delas, o vencedor é do Partido Liberdade e Justiça (PLJ), ligado à Irmandade Muçulmana, maior organização de massas do Egito, que era proibida de disputar eleições na época de Mubarak.

Pelo complexo processo eleitoral egípcio, dividido em três fases ao longo de seis semanas, dois terços das 498 vagas parlamentares são distribuídas entre listas partidárias, e as demais são reservadas a candidatos eleitos individualmente em cada distrito.

A Irmandade Muçulmana estima que o PLJ tenha recebido 43% dos votos em lista na primeira etapa da votação. O site da entidade informou também que o partido salafista Al Nour pode ter conseguido 30% dos votos

Mais manifestações

Nesta sexta-feira, manifestantes estiveram de volta à praça Tahrir, epicentro da revolução, para homenagear 42 pessoas que morreram nos protestos do mês passado contra a junta militar que substituiu Mubarak.

“Sem a Tahrir, não teríamos tido essas eleições,” disse o manifestante Mohamed Gad. “Se Deus quiser, as eleições vão dar certo, e a revolução vai triunfar.”
Mas muitos dos jovens que saíram às ruas no começo do ano agora temem que a sua revolução seja apropriada pelos militares.
Por Vermelho
Com agências

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