Síria enfrenta mais pressão para acabar com violência

Durante reunião emergencial no Cairo, no sábado, a Liga Árabe anunciou a iminente suspensão da Síria do grupo, como forma de retaliação à violência da ditadura Assad
A Síria foi alvo de mais sanções europeias e críticas da Turquia e da Jordânia nesta segunda-feira após uma decisão surpresa da Liga Árabe de suspender a filiação da Síria por não ter acabado com os meses de violência contra manifestantes contrários ao presidente Bashar al-Assad.

A Síria parece cada vez mais isolada, mas ainda tem o apoio da Rússia, que disse que a Liga Árabe tomou a decisão errada e acusou o Ocidente de estimular os adversários de Assad.

O Rei Abdullah, da Jordânia, disse que Assad deve renunciar pelo interesse de seu país. “Acredito que, se eu estivesse no lugar dele, eu deixaria o cargo”, afirmou o rei à BBC World News em entrevista.

Ele disse que Assad deve começar uma nova era de diálogo político antes de renunciar para assegurar uma mudança no status quo.

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Moualem, afirmou que a decisão da Liga, que entra em vigor na quarta-feira, foi “um passo extremamente perigoso” num momento em que Damasco estava implementando um acordo para acabar com a violência e iniciar um diálogo com a oposição.

A Síria já pediu uma cúpula emergencial da Liga Árabe, em um aparente esforço para evitar a sua suspensão.

A Liga, que ainda tem de responder ao pedido da Síria, planeja se reunir com grupos de oposição síria na terça-feira. Seu secretário-geral, Nabil Elaraby, disse no domingo que era muito cedo para a organização, sediada no Cairo, considerar o reconhecimento da oposição síria como autoridade legítima do país.

Autoridades da Liga Árabe se reuniram com grupos de direitos humanos árabes e outras organizações na segunda-feira para discutir formas de proteger os civis da violenta repressão a manifestantes e dissidentes.

Moualem disse que a Síria havia retirado as tropas de áreas urbanas, libertado prisioneiros e oferecido anistia aos insurgentes armados sob uma iniciativa acordada com a Liga Árabe duas semanas atrás.

Mas forças de segurança mataram a tiros oito manifestantes na cidade de Hama, no domingo, disseram ativistas. A proibição da Síria à presença da maioria dos meios de comunicação estrangeiros dificulta a verificação dos acontecimentos.

Moualem descreveu o apoio de Washington para a ação da Liga Árabe como “incitamento”, mas expressou confiança de que Rússia e China continuariam bloqueando os esforços ocidentais para garantir uma ação do Conselho de Segurança da ONU, além de evitar qualquer intervenção estrangeira.

O cenário da Líbia não será repetido-, disse ele, argumentando que as nações árabes e ocidentais sabiam que teriam que pagar um preço militar mais elevado se enfrentarem o Exército da Síria.

Foi a decisão da Liga Árabe de suspender a Líbia e estabelecer uma zona de exclusão aérea que ajudou a persuadir o Conselho de Segurança da ONU a autorizar uma campanha aérea da Otan para proteger os civis, que também ajudou os rebeldes que derrubaram e mataram Muammar Gaddafi.

A televisão estatal síria disse que milhões de sírios denunciaram a decisão da Liga Árabe em manifestações no domingo e mostrou multidões com bandeiras sírias e cartazes de Assad em Damasco, e nas cidades de Raqqa, Latakia e Tartous.

Jogos Árabes

Como forma de protesto, atletas sírios irão boicotar os Jogos Árabes no Catar no próximo mês, informou a agência estatal de notícias Sana.

A agência citou um comunicado do Comitê Olímpico Sírio e da Federação Geral de Esportes que descreveu a decisão da Liga Árabe como uma “mancha negra em sua história”.

Uma autoridade do evento no Catar disse à agência inglesa de notícias Reuters no domingo que atletas sírios poderão participar dos Jogos, entre 9 e 23 de dezembro, apesar da suspensão do país da Liga.

Cerca de 6 mil atletas devem participar dos Jogos Árabes, que incluem futebol, natação, atletismo, ginástica, basquete e hipismo.

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