O BAIRRO DE CURTIIBA PLANEJADO POR UM FRANCÊS QUE FEZ HISTÓRIA ANTES MESMO DE BRASÍLIA

     Centro Cívico de Curitiba (Franklin de Freitas)


Entre 1941 e 1943, Curitiba começava a desenhar o futuro. A cidade, que enfrentava enchentes e um crescimento urbano desordenado, contratou o urbanista francês Alfred Agache para elaborar seu primeiro Plano Diretor.

Assim nasceu o Plano Agache, um projeto que redesenhou o saneamento, criou novas diretrizes de mobilidade e dividiu o município em zonas administrativas, comerciais e residenciais, o embrião da Capital que conhecemos hoje.

Uma das ideias mais ousadas do plano foi a criação de um setor administrativo que concentrasse os principais órgãos do governo estadual: o Centro Cívico. O local reuniria os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em torno de uma grande esplanada, conectada ao centro da cidade pela Avenida Cândido de Abreu.
O nascimento do Centro Cívico

A construção do Centro Cívico começou apenas no início da década de 1950, sob o governo de Bento Munhoz da Rocha Netto. O Paraná vivia uma boa fase econômica e se preparava para celebrar o centenário de sua emancipação política, em 1953. Apesar de atrasos por problemas técnicos e climáticos, a Praça 19 de Dezembro foi inaugurada naquele ano, simbolizando o início de uma nova era urbana.


Logo depois vieram o Palácio Iguaçu, o pequeno auditório do Teatro Guaíra e a Biblioteca Pública do Paraná. As décadas seguintes completaram o conjunto arquitetônico com a Prefeitura Municipal, o Tribunal de Contas, o Tribunal de Justiça e as Secretarias de Estado, consolidando o bairro como o coração político do Paraná.
Um marco do urbanismo moderno que inspirou Brasília

Idealizado como um espaço voltado aos cidadãos, o Centro Cívico foi concebido dentro dos princípios do modernismo, com linhas retas, amplas áreas abertas e integração entre arquitetura e paisagem. Décadas antes de Juscelino Kubitschek idealizar Brasília, Curitiba já tinha um modelo de cidade planejada onde os três poderes conviviam lado a lado, uma referência direta ao projeto da futura capital federal.

Hoje, em torno da Praça Nossa Senhora de Salette, localizam-se o Palácio Iguaçu, sede do Poder Executivo; a Assembleia Legislativa do Paraná, o Tribunal de Justiça, o Tribunal de Contas, o Palácio das Araucárias e o Palácio 29 de Março, onde funciona a Prefeitura de Curitiba.

Bairro de poder e tranquilidade

Apesar da intensa movimentação política durante o dia, o Centro Cívico é, em sua essência, um bairro residencial. Suas ruas arborizadas e as Araucárias espalhadas por toda a região criam uma atmosfera tranquila, contrastando com a imponência de seus edifícios públicos.

Ele faz divisa com os bairros Juvevê, Alto da Glória, Ahú, São Francisco e o Centro, e abriga pontos emblemáticos como o Museu Oscar Niemeyer, o Shopping Mueller e a tradicional Rua Mateus Leme.

Em agosto de 2011, o Centro Cívico foi oficialmente tombado como conjunto urbano e arquitetônico. A proteção abrange os prédios do eixo da Avenida Cândido de Abreu, a Praça 19 de Dezembro, o Colégio Estadual Tiradentes, o Palácio Iguaçu, o Museu Oscar Niemeyer, a Prefeitura Municipal, o Tribunal do Júri e a Praça Nossa Senhora da Salete. O reconhecimento consolidou o bairro como um dos principais marcos da arquitetura moderna brasileira.

A história e as transformações da Avenida Cândido de Abreu

Principal eixo do Centro Cívico, a Avenida Cândido de Abreu tem uma trajetória que reflete a própria evolução urbana de Curitiba. Nos anos 1970, a via recebeu a instalação do canteiro central de concreto, criado para reduzir o risco de acidentes e facilitar a travessia de pedestres.

O projeto, elaborado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), foi elogiado pela população e marcou o início da integração da avenida ao sistema de vias rápidas estruturais da cidade.

O nome da avenida homenageia Cândido Ferreira de Abreu, prefeito de Curitiba entre 1913 e 1916, responsável pela construção das praças Carlos Gomes e Eufrásio Correia. Antes disso, o local era conhecido como Rua do Oceano Atlântico e, posteriormente, Rua da Graciosa.
                                                                                                       Foto: Arquivo Público
A Avenida Cândido Abreu, no Centro Cívico de Curitiba, em maio de 1975. 

Durante a década de 1970, obras como a canalização do Rio Belém e o recapeamento da Cândido de Abreu modernizaram a infraestrutura da cidade. Mesmo com reclamações sobre o trânsito, os projetos transformaram a mobilidade e a qualidade de vida dos curitibanos.

“Os transtornos durante as obras são inevitáveis e fazem parte da rotina urbana desde sempre. Mas o que permanece são os benefícios: tanto a Avenida Cândido de Abreu quanto a canalização do Rio Belém transformaram a mobilidade e a qualidade de vida em Curitiba, com reflexos que duram até hoje”, afirma Marcio Teixeira, coordenador da Unidade Técnico-Administrativa de Gerenciamento da Prefeitura.


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