PROVAS CONTRA BOLSONARO: VEJA LISTA COMPLETA ANALISADA NO JULGAMENTO DO STF

Do UOL*, em São Paulo

Imagem: Danilo Verpa/Folhapress
07.09.2021 - O presidente Jair Bolsonaro participa de manifestação na avenida Paulista no 7 de Setembro

Os ministros da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) que votaram pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fundamentaram suas decisões em documentos incluídos na denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), apontados como evidências de que os acusados articularam um golpe de Estado em 2022.

Os réus foram condenados por crimes como tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolir violentamente o Estado democrático de direito e participação em organização criminosa armada, entre outras infrações.

Quais foram as provas citadas na acusação?

Acusação se baseou em registros reunidos pela Polícia Federal e pela PGR. Entre os principais estão diversas declarações de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas e a "minuta do golpe", uma proposta de decreto para instaurar estado de defesa encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

A denúncia não se baseou em conjecturas ou suposições frágeis. Os próprios integrantes da organização criminosa fizeram questão de documentar quase todas as fases da empreitada.Paulo Gonet, procurador-geral da República, na manifestação da PGR no julgamento

Entre as provas relacionadas às urnas eletrônicas estão:

Live de Bolsonaro questionando as urnas eletrônicas; em julho de 2021;

Transmissão ao vivo de encontro com embaixadores em que Bolsonaro questiona sistema eleitoral, em julho de 2022;

Manuscritos e arquivos digitais que indicam tentativa de "desacreditar reiteradamente" as urnas 

Entre as provas relacionadas à tentativa de golpe, estão:Mensagens, planilhas e registros de reuniões relacionadas, segundo a denúncia, "ao manejo indevido das forças de segurança pública, especialmente da Polícia Rodoviária Federal, no segundo turno das eleições" de 2022;

Registros de convocação do Alto Comando do Exército para impedir a posse do governo Lula, em janeiro de 2023;

Versões da "minuta do golpe", que foram encontradas na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, na sede do PL e no smartphone de Mauro Cid;

Documento "Punhal Verde Amarelo", de autoria do general Mário Fernandes, impresso no Palácio do Planalto, com ações para assassinar autoridades como o ministro do STF Alexandre de Moraes;

Documento "Copa 2022", com atentados usando lança-granadas e fuzis, previstos em Brasília e em São Paulo;

Documento "Operação Luneta", que foi encontrado no pendrive do tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, com ações para o golpe;

Documento "Operação 142", que foi encontrado na sede do PL, que dizia que Lula não subiria "a rampa" --o artigo 142 da Constituição regulamenta o papel das Forças Armadas.

Além dos documentos, a acusação conta com a delação de Mauro Cid. Também estão inclusos depoimentos dos então comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Baptista Junior.

Quais foram as provas contestadas pelas defesas?

Nos interrogatórios, em junho, e nas manifestações das defesas, em setembro, os réus negaram as acusações. A defesa de Bolsonaro não negou os documentos, mas afirmou que o ex-presidente foi "dragado" ao 8 de Janeiro.

A pergunta que se faz é: que prova é essa? É o recorte de trechos de conversas de WhatsApp, documentos como um papel, uma agenda, que foram localizados em computadores. São dezenas e dezenas e dezenas de celulares. [...] Eu não conheço o conjunto de provas. São bilhões de documentos. Uma instrução de menos de 15 dias, seguida de interrogatório, A instrução começou em maio, nós estamos em setembro. Celso Vilardi, advogado de defesa de Jair Bolsonaro

A defesa de Mauro Cid, delator e réu, reforçou a validade da delação premiada. No entanto, afirmou que ele não tinha conhecimento do documento "Punhal Verde e Amarelo".

As demais defesas, no geral, questionaram a validade da delação premiada de Cid. Elas alegaram cerceamento do direito de defesa, dizendo que não foi possível analisar a tempo todo o material apreendido pela PF.

O advogado do general Heleno contestou o uso de um manuscrito apreendido pela PF. "O caderno era apenas um apoio à memória do general Heleno. Não há qualquer prova de que seu conteúdo tenha sido compartilhado com terceiros ou usado como base para qualquer ação prática", alegou Matheus Milanez, advogado de defesa de Heleno.

O advogado do general Braga Netto considerou a acusação "apenas uma narrativa" e questionou a autenticidade de "prints" utilizados como provas. "O que tem contra Braga Netto é esta delação mentirosa e oito prints adulterados, e eu vou dizer isso e vou provar isso, já provamos nos áudios. É absolutamente só", contestou José Luiz de Oliveira Lima, advogado de defesa do general.

Quais foram as provas citadas pelos ministros?

Os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cármen Lúcia citaram diversos documentos apresentados pela PGR. Moraes, relator do caso e primeiro a votar, citou discursos públicos de Bolsonaro e mensagens de Ramagem e Bolsonaro, entre outros documentos.

Isso não é conversa de bar, não é conversa com um amigo no clube. Isso é o presidente da República no 7 de Setembro, data da Independência do Brasil, instigando pessoas contra o STF. Alexandre de Moraes, ministro do STF, ao apresentar seu voto

No golpe de 64 tinha menos prova documental do que nessa tentativa. Nesta tentativa só faltou a ata, lavrar a ata: 'Aos tantos dias...'. [...] Nesse caso, o standard probatório não é só testemunhal como documental. Flávio Dino, ministro do STF, no seu voto

Fux, que absolveu de todas as acusações a maioria dos réus, citou falta de provas. O ministro argumentou que o direito à defesa dos réus foi comprometido pela quantidade gigantesca de informações — um "tsunami de dados", segundo sua expressão.

O grupo "documentou quase a totalidade" de suas ações, segundo a PGR. De acordo com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, foram mensagens, manuscritos, planilhas e gravações, "tornando ainda mais perceptível a materialidade delitiva".

[A PGR] fez prova cabal de que o grupo, liderado por Jair Messias Bolsonaro, composto por figuras chaves do governo, das Forças Armadas e de órgãos de inteligência, desenvolveu e implementou plano progressivo e sistemático de ataque às instituições democráticas. Cármen Lúcia, ministra do STF, no seu voto.

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