''HOMEM AGRADÁVEL'' E ''QUÍMICA EXCELENTE'': COMO A MÍDIA INTENACIONAL REPERCUTIU OS ELOGIOS DE TRUMP A LULA

Elogios de Donald Trump a Lula viram destaque nos principais veículos da imprensa internacional. Pouco antes de ser elogiado pelo mandatário estadunidense, presidente brasileiro fez duro discurso contra o governo dos EUA, condenou o genocídio de Israel em Gaza e reforçou a soberania nacional



Por Ana Oliveira e Felipe Borges
Pragmatismo Político

O anúncio de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reunirá na próxima semana com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ganhou destaque imediato na imprensa internacional nesta terça-feira (23). A novidade foi revelada pelo próprio republicano em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, e chamou atenção pelo contraste com os meses de declarações negativas que vinha dirigindo ao Brasil.

Em tom inesperadamente amistoso, Trump afirmou que teve uma rápida interação com Lula nos corredores da ONU e que os dois combinaram um encontro. “Eu estava entrando no plenário, e o líder do Brasil estava saindo. Nós nos vimos, nos abraçamos e concordamos em nos encontrar na próxima semana”, disse. O presidente norte-americano chegou a caracterizar o brasileiro como “um cara muito legal” e relatou que houve “excelente química” durante o breve contato.

“Ele parece um cara muito legal, ele gosta de mim e eu gostei dele. E eu só faço negócio com gente de quem eu gosto”, declarou Trump, acrescentando que essa impressão positiva surgiu em apenas “39 segundos de conversa”.
Repercussão global

O gesto de aproximação ganhou leitura diversa nos principais veículos internacionais.


The Washington Post lembrou que Trump vinha ridicularizando políticas adotadas pelo Brasil nos últimos meses, destacando a guinada no tom ao anunciar a reunião.

The New York Times ressaltou que foi a primeira vez que o republicano deu um sinal positivo em relação ao Brasil desde a crise diplomática que tensionou as duas maiores nações do Hemisfério Ocidental.

Bloomberg focou no impacto para o mercado, enfatizando as palavras calorosas de Trump e a expectativa de que EUA e Brasil encontrem caminhos de cooperação.

Clarín, da Argentina, noticiou que Trump confirmou o encontro e elogiou Lula, mas não deixou de registrar que o republicano adicionou um alerta sobre as diferenças que persistem.

Reuters destacou a “excelente química” relatada por Trump e lembrou que os dois países estão em desacordo há meses sobre o julgamento e a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Al Jazeera sublinhou a instabilidade da relação bilateral, mas registrou o tom descontraído de Trump ao narrar que os dois se “abraçaram” e marcaram a conversa.

The Guardian, do Reino Unido, chamou atenção para as críticas indiretas de Lula a Trump em seu discurso, mas classificou como “surpresa” a abertura do republicano para uma reconciliação.

Um encontro carregado de simbolismo

Apesar do tom leve usado por Trump para descrever a breve interação com Lula, o anúncio tem peso político. Não apenas por marcar uma mudança de postura em relação ao Brasil, mas também por sinalizar que a Casa Branca pode estar buscando uma reaproximação com a diplomacia brasileira.

A reunião, caso confirmada, acontecerá em um contexto de tensões acumuladas e poderá redefinir a narrativa sobre a relação entre os dois presidentes, até aqui marcada por desconfiança mútua.

Enquanto isso, o gesto de Trump abre margem para diferentes leituras: seria apenas uma jogada retórica, uma tentativa de reposicionar sua imagem no tabuleiro internacional ou, de fato, o início de uma nova etapa entre Estados Unidos e Brasil?

O certo é que, por ora, a política externa ganha novo elemento de imprevisibilidade, e Lula, com a experiência de quem já atravessou crises e negociações complexas, entra no jogo em condições de explorar essa abertura.

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