TRUMP CITA NÚMEROS FALSOS AO ANUNCIAR COMBATE AO CRIME EM WASHINGHTON


Trump amplia controle federal sobre a capital em coletiva de imprensaImagem: 11.08.2025 - Casa Branca

Do UOL, em São Paulo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decretou ontem intervenção federal na polícia da capital, Washington, mas apresentou dados divergentes dos números oficiais sobre a violência na cidade.

O que aconteceu

Trump afirmou que a capital foi tomada pela violência. Ao apresentar os dados que justificam a decisão, o republicano mostrou que a taxa de homicídio em Washington é de 41 assassinatos por 100 mil habitantes. Apesar disso, números do próprio governo apontam que o índice é de 26 por 100 mil.

O presidente também declarou que há uma "trágica emergência de segurança" na capital. Ele também citou que o crime está fora de controle. Mas dados oficiais mostram que a capital atingiu em 2024 o menor nível de criminalidade dos últimos 30 anos.

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Crimes violentos caíram 26% neste ano na cidade. Já os roubos caíram 28%. A comparação é com o mesmo período de 2024. Após um pico em 2023, os crimes violentos diminuíram em 2024 e voltaram a cair em 2025. Os dados são da Polícia Metropolitana de Washington D.C.

Tanto os números da polícia de Washington quanto os do FBI caíram. Enquanto os dados municipais de crimes violentos mostram uma queda de 35% no ano passado, em comparação com 2023, a agência federal, o FBI, registra um recuo de 9%. Ou seja, os dois levantamentos concordam que a criminalidade diminuiu na cidade.

Taxa de homicídios também diminuiu. A redução foi de 12% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a polícia.

Trump também errou quando disse que 2023 teve a maior taxa de homicídios da capital "provavelmente de todos os tempos". Washington registrou muito mais homicídios no final da década de 1980 e no início da década de 1990, quando tinha uma população menor.

Prefeita diz que intervenção de Trump é "perturbadora"

Democrata Muriel Bowser disse que não se surpreendeu com o anúncio. "Embora esta ação de hoje seja perturbadora e sem precedentes, não posso dizer que, dada a retórica do passado, estejamos totalmente surpresos", afirmou, em coletiva de imprensa. "Posso dizer aos moradores de Washington que continuaremos a administrar nosso governo de uma forma que os orgulhe."

Bowser afirmou que respeitará o decreto presidencial. "Temos a responsabilidade de apoiar o decreto executivo, e uma das minhas funções é garantir que trabalhemos de forma muito colaborativa com nossos parceiros federais", explicou.

Prefeita também disse que Trump está ciente da queda na criminalidade. "Em todas as conversas que tenho com ele, estamos sempre informando o presidente sobre o nosso progresso", afirmou.

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Trump

Trump apresentou um plano para diminuir a criminalidade em Washington D.C. e torná-la a "capital mais bonita do mundo". Entre as medidas anunciadas, estão o controle da polícia pela administração federal e o envio de tropas da Guarda Nacional.

O republicano planeja aumentar o controle federal sobre a administração da capital. Ele vem investindo em um discurso agressivo contra pessoas em situação de rua e criminosos, argumentando que a intervenção seria em nome "da segurança e da 'limpeza''.

Washington será liberada do "crime, da sujeira e da escória", disse Trump. ''Nossa capital foi derrubada por gangues violentas, criminosos, maníacos, selvagens e pessoas sem casa. E nós não vamos deixar isso acontecer mais. Nós não vamos aceitar'', declarou à imprensa.

O presidente afirmou domingo (10) que os sem-teto deveriam se mudar imediatamente. "Nós lhes daremos lugares para ficar, mas longe da capital. Os criminosos não precisam se mudar. Vamos colocá-los na cadeia, onde é o seu lugar", publicou Trump na plataforma Truth Social.

Durante o anúncio de ontem, Trump citou Brasília como exemplo de capital violenta. "Olhando os números, temos alguns gráficos com diferentes cidades ao redor do mundo: Bagdá, Panamá, Brasília, San José, Bogotá, Cidade do México, Lima... Nós dobramos ou triplicamos [a taxa de criminalidade]. Vocês querem viver em lugares como esses? Eu acredito que não", afirmou.

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