COMO PACTOS INTERNACIONAIS ESTÃO AUMENTANDO O PODER TECNOLÓGICO DO BRASIL

O progresso científico é acelerado pela colaboração e não pela competição. No entanto, em um cenário global fortemente marcado pela corrida tecnológica, inovação pode ser sinônimo de poder e soberania. Infelizmente, o Brasil é historicamente dependente da tecnologia de outros países, focando em produzir produtos básicos e matérias-primas. No entanto, o país vem apertando o passo na corrida global, conquistando resultados significativos.

Em 2023, o Brasil conquistou cinco posições no Índice de Global de Inovação, desenvolvido pela WIPO (Organização Mundial de Propriedade Intelectual), chegando ao 49º lugar. Com este resultado, o país assumiu a liderança sul-americana, ultrapassando segundo colocado, Uruguai, por clara margem. Qual é o papel dos acordos internacionais firmados pelo Governo Federal nesse processo?

Sociedade Conectada

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Os brasileiros nunca estiveram tão digitalizados e conectados. Atualmente, já existem mais smartphones do que habitantes no país e cerca de 90% da população tem acesso à internet. O resultado de tanta gente conectada é a crescente demanda por produtos e serviços online ou de natureza tecnológica, desde a criação de data centers até emergindo sites de slots em 2025.

Porém, a defasagem profissional no ramo de tecnologia segue sendo enorme. O déficit estimado de profissionais de TI em relação à demanda do mercado ultrapassa os 530 mil. Além disso, o país ainda importa uma boa parte dos componentes eletrônicos essenciais para indústrias críticas como agricultura e defesa. Mesmo possuindo os minerais necessários para a fabricação destes componentes, a produção interna não dá conta da demanda.

A escassez de produção local força a maioria das empresas a importarem esses componentes, encarecendo a pesquisa e a inovação. Nesse contexto, é preciso fazer mais do que zerar impostos de importação de componentes eletrônicos É preciso criar uma política nacional de fomento, onde a cooperação com universidades e institutos de pesquisa estrangeiros desempenham um papel fundamental.

Cooperando Com o Futuro

Desde o início de seu terceiro mandato, Lula vem assinando acordos de tecnologia com países como China, Japão, Austrália e Vietnã. Essas parcerias costumam se basear no modelo de “hélice tripla”, visando a criação de novas tecnologias que fortaleçam a produção industrial e aumentem a competitividade no cenário global.

Os benefícios dos acordos tecnológicos são múltiplos, indo desde o treinamento e capacitação de profissionais até a transferência de tecnologias críticas. Frequentemente, tais acordos resultam em parcerias público-privadas de parte a parte. Um dos acordos mais recentes foi assinado no início de julho deste ano com o Vietnã, durante a última cúpula dos BRICS.

O novo pacto reforça os termos estabelecidos no primeiro acordo de cooperação firmado entre os dois países em 2008, com o objetivo de promover a colaboração acadêmica e o progresso mútuo. No entanto, foi atualizado para incluir necessidades emergentes, como o desenvolvimento de computação de alto desempenho, semicondutores, inteligência artificial, cidades inteligentes, Indústria 4.0 e apoio aos ecossistemas de inovação.

Enquanto isso, o Brasil expandiu seus laços com pesquisadores chineses em áreas que abrangem energia nuclear, tecnologia aeroespacial, criação de centros de dados e treinamento de novos profissionais. Também com a China, o Brasil firmou um acordo sobre inteligência artificial, demonstrando a preocupação do governo com o setor.
Mundo Conectado

Em setembro de 2024, temas como cooperação digital e governança de IA foram incluídos no Pacto Digital Global pela ONU, como um anexo do Pacto Global firmado entre os países-membros em 2000. O Pacto Digital Global foi apresentado durante a Cúpula do Futuro. Na ocasião, Lula discursou afirmando que o Pacto era um passo fundamental “para uma governança digital inclusiva que reduza assimetrias”.

Liderança Regional

O Brasil ainda pode estar longe do topo do ranking da WIPO, mas vem fazendo progressos inegáveis. Graças ao empenho dos cientistas brasileiros, o país ocupa a 13ª posição no ranking de produção acadêmica sobre inteligência artificial, sendo o principal pólo da América Latina no assunto.

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Nesse contexto, os acordos internacionais buscam impulsionar políticas nacionais, como o PBIA (Plano Brasileiro de Inteligência Artificial). O PBIA prevê um programa de investimentos de mais de R$ 23 bilhões até 2028. De acordo com o plano, 60% dos recursos serão destinados para o financiamento de projetos de inovação empresarial, enquanto 25% serão dedicados à melhorias na infraestrutura tecnológica.

O resultado da mobilização internacional e dos investimentos públicos é visível. Cerca de 46% dos investimentos globais em TI na América Latina são destinados ao Brasil. Em segundo lugar, o México não chega nem perto, concentrando pouco mais de 22% dos investimentos no setor.

Próximos Upgrades

Sem dúvida, os pactos internacionais firmados pelo Brasil emergem como vetores fundamentais para o amadurecimento tecnológico do país, reduzindo desigualdades ao mesmo tempo que reduz a dependência externa de componentes críticos para a vida moderna.

Contudo, os desafios persistem. Ainda há grande defasagem de profissionais especializados e a produção local insuficiente torna a maioria das empresas do setor dependentes de importação. Mais uma vez, os acordos de cooperação surgem como um fator positivo, promovendo benefícios mútuos entre os países envolvidos, como progresso tecnológico acelerado e competitivo.

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