ADAPTABILIDADE, JOVENS E FECHAMENTO DE UMA LOJA POR ANO: COMO A LIVRARIA LEITURA CRESCE NO VAREJO FÍSICO

Na contramão do cenário vivido por concorrentes como Saraiva e Cultura, a empresa familiar de Minas Gerais inaugurou 13 unidades em 2024 e encerrou o ano com 121 lojas

Por Carina Brito

Loja da Livraria Leitura Divulgação


Marcus Teles, presidente da Livraria Leitura, ouve há décadas que as livrarias físicas desaparecerão. Ao longo dos anos, inclusive, viu algumas de suas maiores concorrentes fechando as portas. A empresa familiar seguiu na trajetória contrária — em 2024, inaugurou 13 unidades e encerrou o ano com 121 lojas. Mais de 62% do faturamento é oriundo da venda de livros.

“Os e-commerces começaram a vender livros na década de 1990. Ou seja: há cerca de 30 anos já estamos lidando com a concorrência no virtual”, diz o executivo. “Escuto há muito tempo que as livrarias físicas não vão dar conta e fecharão as portas, mas não é bem assim.”

Segundo o executivo, a capacidade de adaptação, o fechamento de uma loja por ano que tem um resultado pior e o público mais jovem são fatores que auxiliam o negócio a continuar crescendo nos últimos anos. Hoje a empresa está presente em 24 unidades da federação. "Optamos por não entrar no Paraná, que já possui redes locais muito fortes, nem no Acre e em Roraima devido a questões logísticas."

A Livraria Leitura foi fundada por Emídio Teles, em 1967, na Galeria do Ouvidor, em Belo Horizonte (MG). O negócio começou como uma pequena loja de livros novos e usados. Conforme crescia, outras pessoas da família entraram na operação e se tornaram gerentes de novas unidades. “Comecei a trabalhar na empresa em 1980, quando eu tinha 13 anos de idade. Aos poucos fomos crescendo e abrindo mais lojas”, afirma o executivo, hoje com 58 anos.

Um dos desafios para o negócio, de acordo com ele, é “lidar com grandes empresas que monopolizam o mercado, vendendo livros sem ter lucro”. “Isso é ruim para o ramo, e muitas livrarias acabaram fechando as portas. Nós passamos por essas dificuldades, mas tivemos a vantagem de não ter dívidas por conta de uma boa gestão financeira”, afirma. Segundo Teles, o fechamento das concorrentes, como Saraiva e Cultura, também deixou um espaço no mercado — que a Livraria Leitura foi capaz de ocupar.

Segundo o executivo, a capacidade de adaptação, o fechamento de uma loja por ano que tem um resultado pior e o público mais jovem são fatores que auxiliam o negócio a continuar crescendo nos últimos anos. Hoje a empresa está presente em 24 unidades da federação. "Optamos por não entrar no Paraná, que já possui redes locais muito fortes, nem no Acre e em Roraima devido a questões logísticas."

A Livraria Leitura foi fundada por Emídio Teles, em 1967, na Galeria do Ouvidor, em Belo Horizonte (MG). O negócio começou como uma pequena loja de livros novos e usados. Conforme crescia, outras pessoas da família entraram na operação e se tornaram gerentes de novas unidades. “Comecei a trabalhar na empresa em 1980, quando eu tinha 13 anos de idade. Aos poucos fomos crescendo e abrindo mais lojas”, afirma o executivo, hoje com 58 anos.

Um dos desafios para o negócio, de acordo com ele, é “lidar com grandes empresas que monopolizam o mercado, vendendo livros sem ter lucro”. “Isso é ruim para o ramo, e muitas livrarias acabaram fechando as portas. Nós passamos por essas dificuldades, mas tivemos a vantagem de não ter dívidas por conta de uma boa gestão financeira”, afirma. Segundo Teles, o fechamento das concorrentes, como Saraiva e Cultura, também deixou um espaço no mercado — que a Livraria Leitura foi capaz de ocupar.

Marcus Teles, presidente da Livraria Leitura — Foto: Carolina Linz


Para o executivo, a adaptabilidade é um dos diferenciais da organização. “Escolhemos os produtos que serão vendidos de acordo com a região em que a loja está. Em um bairro com escolas, vendemos mais livros infanto-juvenis. Já perto de uma universidade, obras universitárias são priorizadas. O gerente e a equipe da loja têm autonomia para definir o mix de produtos, de acordo com os clientes que frequentam o espaço”, afirma o executivo.

A rede também fecha pelo menos uma loja por ano — a que está tendo piores resultados. “Entendemos que para crescer não basta apenas abrir lojas, mas encerrar as que deram errado. O mercado muda e é preciso saber navegar”, diz o executivo, acrescentando que a estratégia é utilizada há pelo menos 30 anos. “Antigamente tínhamos 8 lojas de rua no centro de Belo Horizonte, e hoje temos duas — uma que mudou de ponto. Teve um momento em que as lojas de shoppings eram mais fortes. Em outro período, as megastores, de mais de 1 mil metros quadrados, eram o maior sucesso."

Por fim, Teles lembra que o público jovem é um grande consumidor de literatura-juvenil — e continua a frequentar as livrarias físicas. “Desde a geração Harry Potter já vemos esse fenômeno em que grandes filmes são baseados em livros. E continua hoje, com séries e produções de streaming baseados nessas obras e que aumenta o interesse dos jovens”, relata. Até os criadores de conteúdo nas redes sociais indicam livros. “No TikTok é tão forte que até foi criada a expressão booktokers para falar de livros. Basta ir até uma Bienal do Livro, que foi invadida pelos jovens, para ver na prática.”

Experiência social nas livrarias físicas

O executivo continua otimista para os próximos anos. “A pandemia foi um exemplo de como é preciso dar livrarias físicas para que os clientes descubram as obras e o lançamento tenha êxito. Tem momentos que a pessoa prefere comprar na internet pela praticidade e preço, mas não tem o mesmo valor cultural e social que ir até uma livraria", afirma. Teles compara com a escolha de ir ao cinema ao invés de ver um filme em casa, ou ir a um restaurante mesmo existindo a possibilidade de pedir um delivery.

O empreendedor também não espera que seus produtos sejam substituídos pelo livro digital. “O e-book é algo complementar. As pessoas já passam o dia todo em frente às telas, como celulares, televisão e computador. Então, quando vão ler o livro, muitas ainda preferem papel."

Para 2025, a empresa pretende abrir entre sete e dez lojas — e uma deve ser fechada. Até o momento, três unidades em São Paulo estão com contrato assinado, enquanto uma loja no interior de Minas Gerais está em processo de negociação. “Definiremos entre março e junho qual unidade está tendo um resultado ruim e será encerrada neste ano.”

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