Tivemos acesso ao processo trabalhista de um ex-pastor da Universal. Ele conta que foi mantido em cárcere privado por bispos da igreja, submetido a sessão de interrogatório e xingamentos e obrigado a entregar seu celular e senhas bancárias.
E o motivo para tanta agressividade? Os Bispos suspeitavam que ele e outros oito pastores estariam desviando dinheiro para ajudar religiosos de outros templos, que são pressionados a atingir as metas inatingíveis de coleta de dízimo estabelecidas pela Universal. O documento, até a publicação de nossa reportagem, era desconhecido pelo público.
Mas esta não foi a primeira vez que revelamos as falcatruas da Universal e das mais de 100 empresas que compõem o império de Edir Macedo.
Entrevistamos um ex-fiel que disse, com todas as letras, que lavou dinheiro para a Universal;
Revelamos as entranhas financeiras da igreja, que movimentou R$ 33 bilhões em quatro anos e meio, só em doações bancárias;
Entrevistamos religiosos que alegam ter sido obrigados a trabalhar na rede Record. A mesma rede de televisão que, segundo relatos que recebemos em primeira mão, obrigou seus jornalistas a apoiar Bolsonaro nas eleições de 2018;
Fizemos um levantamento mostrando como a Igreja Universal está doutrinando as forças policiais do Brasil e, de quebra, contratando PMs como seguranças particulares, uma prática ilegal;
Publicamos a gravação de pastores treinados a "manipular" seguidores para doar casas e carros.
Estas são algumas das notícias de altíssimo nível de interesse público envolvendo a expansão global dessa megaigreja que publicamos por aqui.
Por motivos óbvios, você não verá essas denúncias na rede Record. Nem nas emissoras que vendem horários para a transmissão de cultos da Universal. É por isso que o jornalismo do Intercept precisa continuar existindo.
Não temos medo de desmascarar essa entidade bilionária. Eles até tentaram nos intimidar abrindo uma investigação contra nossa redação na polícia, mas perderam — e vão continuar perdendo, pois temos confiança no jornalismo sério que fazemos.
Porém, incomodar uma das instituições mais poderosas do país é arriscado e caro, mesmo com os fatos ao nosso lado. Para que esse trabalho continue, precisamos do apoio financeiro dos nossos leitores.
Além de se beneficiar com a isenção de impostos mesmo realizando práticas comerciais, a Universal é conhecida por explorar o trabalho e a fé das mais de 10 milhões de pessoas que seguem sua doutrina.
Muitas das que caem nas garras de Edir Macedo são pessoas negligenciadas pelo Estado e que buscam apoio comunitário na Igreja — mas se veem numa relação confusa entre missão divina e relações comerciais.
Essa forma de funcionamento da Universal não é somente cruel, mas altamente lucrativa e favorece o crescimento do império de Edir Macedo. E se engana quem pensa que apenas os fiéis da Universal são afetados por isso.
A Universal fará de tudo para promover sua agenda, fomentando o fundamentalismo religioso e silenciando vozes divergentes, o que abre espaço para decisões autoritárias que afetam nossa vida. Não podemos deixar que essa instituição e seus parceiros políticos tomem decisões sobre nós, com base em sua religião.
INTERCEPT
GAZETA SANTA CÂNDIDA, JORNAL QUE TEM O QUE FALAR
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