ROCHAS FORMADAS POR PLÁSTICOS NA ILHA DE TRINDADE


Pesquisadores encontraram três tipos de plástico que se prenderam às rochas da Ilha da Trindade há pelo menos 20 anos

Julia Possa


Imagem: Fernanda Avelar Santos/Ciência UFPR/Reprodução

Pesquisadores brasileiros encontraram um fenômeno preocupante no Espírito Santo: rochas idênticas às naturais, mas compostas por plástico.

As pedras são resultado da poluição marinha. Elas estão no Parcel das Tartarugas, na Ilha da Trindade, a maior região de ninhos da tartaruga-verde e recifes de caracóis marinhos do Brasil.

“Identificamos quatro tipos de formas de detritos plásticos, distintos em composição e aparência”, disse em comunicado Fernanda Avelar Santos, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFPR (Universidade Federal do Paraná).

Segundo Santos, os plásticos recobrem rochas vulcânicas, sedimentos compostos por cascalhos e areia. Os resultados estão detalhados em um artigo publicado na revista científica Marine Pollution Bulletin em setembro.

A descoberta aconteceu durante um mapeamento geológico na ilha, ainda em 2019. Depois de análises em laboratório, os pesquisadores reconheceram que as “rochas de plástico” estão no local há, no máximo, 20 anos. Entre elas, há diferentes formas de detritos.
Plásticos mais comuns

Um material recorrente nas pedras é o plastistone, material que “imita” rochas ígneas, mas tem composição predominantemente plástica. Esse elemento recobria rochas vulcânicas que registram o último episódio de vulcanismo ativo no Brasil.

Também há plastiglomerados, que se parecem com rochas sedimentares, e piroclásticos, encontrados pela primeira vez na costa da Inglaterra.

A formação de rochas a partir da poluição marinha acontece rapidamente– mas tem efeitos duradouros. Quando materiais não-naturais, como os plásticos, estão na natureza, eles passam a participar dos processos sedimentares e se acumulam nas rochas que já existem, onde permanecem por tempo indeterminado.

No caso da Ilha da Trindade, no Espírito Santo, o plástico teria derretido pela queima de lixo no passado e, com o passar dos anos, “grudou” nas pedras, dando início ao novo tipo de rochas.

Por isso, o estudo aponta que a ação humana é capaz, sim, de influenciar a formação geológica do planeta. “A ação humana nos tempos atuais está tão penetrante que está modificando o planeta de forma mais acelerada do que os processos naturais”, pontuou Santos.

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