MARCOS DO VAL É NOSSO VELHO CONHECIDO

A presepada protagonizada por Marcos do Val nos últimos dias tem seu lado cômico e é recheada de mentiras. Mas, não se engane, do Val precisa ser responsabilizado. Ele já passou impune em outra situação igualmente grave, não dá para aceitarmos que mais uma vez um dos agentes da extrema direita brasileira se safe da justiça.

Do Val é um velho conhecido do Intercept. Em 2021, ele entrou no nosso radar porque recebemos uma gravação de uma fonte anônima. Analisando o conteúdo, percebemos que ele provava que o senador trabalhou com o gabinete paralelo que orientou o uso de medicamentos e políticas públicas inúteis contra a covid-19. Em uma longa reunião privada, com políticos, médicos e empresários, o senador foi apresentado como o “padrinho político” da iniciativa.

Numa fala de quase dez minutos, ele afirmou que trabalhava para convencer autoridades para que adotassem o chamado kit covid, assim como para organizar a distribuição dos medicamentos. O senador mencionou tratativas dele com as Forças Armadas, governadores, prefeitos, o Ministério Público e a Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Marcos do Val é, portanto, um dos agentes diretamente responsáveis pela trágica política implementada pelo estado brasileiro durante a pandemia. Em um país sério, ele deveria responder por isso ao lado de personagens como Eduardo Pazuello, Nise Yamaguchi, Walter Braga Netto e, claro, Jair Bolsonaro.

O caso do senador é exemplar: a extrema direita atuou por quatro anos de maneira articulada para destruir políticas públicas, atacar o meio ambiente, povos originários e a democracia brasileira. O mesmo do Val que estava envolvido com um possível grampo ilegal de um ministro do STF, também estava na linha de frente da distribuição de remédios ineficazes para a população. Enquanto não forem punidos, eles não vão parar.


A eleição terminou, o ano virou e ainda continuamos com a mesma missão dos últimos quatro anos: o enfrentamento da extrema direita e a responsabilização dos culpados por nossa tragédia recente. E para isso não adianta apenas gritarmos "sem anistia", será preciso um esforço coletivo no sentido de denunciar, investigar e fortalecer o clamor de toda a sociedade em nome da justiça que precisa ser feita.

O Intercept, como você sabe, não se colocou na linha de frente desta missão hoje. Estamos comprometidos com ela desde o primeiro dia do governo Bolsonaro. E todo o gás que temos para realizar esse trabalho vem do apoio de milhares de leitores que todos os meses ajudam essa redação a não parar. Mas, atualmente, nosso fôlego está muito menor. A crise econômica ainda não deu trégua e muitos apoiadores não têm conseguido manter a regularidade das doações.

Por isso, te pergunto: você pode ajudar a cobrir o lugar deixado por uma das pessoas da nossa comunidade que não conseguiu nos apoiar no último mês? Contabilizamos cerca de mil apoiadores que tiveram dificuldades em janeiro. Não é muita gente e tenho certeza de que conseguiremos retomar nosso trabalho em fevereiro com força total se uma parte pequena dos leitores que receberem essa mensagem puderem contribuir.



Abraços,




Samanta do Carmo
Coordenadora de Redação                                              





GAZETA SANTA CÂNDIDA, JORNAL QUE TEM O QUE FALAR

Postar um comentário

0 Comentários