PASTOR INDÍGENA PRESO PEL PF PEDE QUE APOIADORES DE BOLSONARO INTERROMPAM VIOLÊNCIA

O pastor indígena José Acácio Serere Xavante é filiado ao Patriotas e gravou vídeos afirmando que "Moraes é bandido" e "Lula não foi eleito porque as urnas foram fraudadas". Bolsonaristas queimaram dezenas de veículos em Brasília e depredaram estabelecimentos comerciais após a prisão do indígena

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José Acácio Serere Xavante

Preso pela Polícia Federal, o indígena José Acácio Serere Xavante pediu para que apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) interrompam os atos terroristas em Brasília (DF). Os bolsonaristas tentaram invadir o prédio da PF e incendiaram pelo menos nove carros e cinco ônibus após a prisão do cacique na noite desta segunda-feira (12).

A prisão de José Acácio foi solicitada pelo Procurador-geral da República, Augusto Aras, e acatada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O indígena é apontado como um dos líderes dos atos antidemocráticos em Brasília.

“Quero pedir aos senhores que não venham fazer conflito, briga ou confronto com a autoridade policial. Não pode continuar o que aconteceu, infelizmente essa destruição dos carros, ataque à sede da Polícia Federal”, afirma José Acácio em vídeo divulgado hoje.

José Acácio participou, entre outros atos, de um em frente ao hotel onde Lula está hospedado durante a transição. O local teve a segurança reforçada após o confronto dos bolsonaristas com a polícia, e a praça dos Três Poderes foi fechada.

A PGR, segundo o STF informou em nota, argumentou a necessidade de garantia da ordem pública uma vez que a apuração teria indicado a prática pelo indígena dos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado democrático de Direito.

Além do ato em frente ao hotel, a investigação da PF apontou José Acácio como um dos envolvidos em atos antidemocráticos no Congresso Nacional, no Aeroporto Internacional de Brasília, no Park Shopping e na Esplanada dos Ministérios.
Quem é José Acácio

José Acácio é apoiador do presidente Jair Bolsonaro e se notabilizou por fazer discursos acalorados em manifestações contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.


José Acácio tem 42 anos e é pastor evangélico. Ele foi candidato à prefeitura de Campinápolis (MT) em 2020 pelo Patriota, mas não se elegeu. Em documento submetido à época ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele se apresenta como missionário e líder da Terra Indígena Parabubure, localizada naquele município e pertencente à Amazônia Legal.

O Povo Xavante está espalhado por diversas terras indígenas localizadas no leste matogrossense, na região da Serra do Roncador, próximo ao Rio das Mortes.

Em vídeo divulgado nas redes, Acácio afirma, durante uma manifestação em frente ao Congresso Nacional, que a democracia está sendo “atacada” pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. O indígena chama o magistrado de “bandido” e acusa a campanha de Lula de ter “roubado votos”. “Lula não foi eleito”, diz, repetindo alegação falsa. “Não podemos admitir que ele suba a rampa e ocupe o cargo maior desse País.”
Tráfico de drogas

José Acácio Serere Xavante foi preso há 20 anos por tráfico de drogas, quando se converteu ao protestantismo e se tornou pastor evangélico. Ele é da terra indígena Parabubure e não é cacique tradicional. É casado com uma mulher não indígena.

José Acácio estaria sendo financiado pelo fazendeiro paulista, Dide Pimenta, natural de Araçatuba, que tem propriedade em Campinápolis (MT). A região é onde está demarcada a Terra Indígena Parabubure, a qual vive parte da população Xavante e a família do cacique. Cerca de 27 mil indígenas vivem na região, distribuídos em nove terras indígenas.

Para chegar e se manter por cerca de 10 dias na capital federal, o indígena teria sido financiado pelo fazendeiro, que explica a ação e pede mais ajuda financeira em um vídeo. Didi afirma que foi procurado pelo cacique porque “queria ajudar na manifestação”.


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