PARLAMENTARES CRITICAM ERROS NA ESTRATÉGIA DO GOVERNO PARA VACINAÇÃO INFANTIL

COVID-19


LUCAS NEIVA


Mesmo após o início da campanha de vacinação infantil contra a covid-19, esta faixa etária segue enfrentando problemas para acessar os imunizantes. Múltiplos relatos de falhas na distribuição das vacinas chamaram a atenção de deputados da Comissão Externa de Enfrentamento à covid-19, que planeja iniciar as atividades de 2022 tratando da questão.

Alexandre Padilha (PT-SP), ex-ministro da Saúde entre 2011 e 2014, considera que esta primeira semana foi vacilante. “O início da campanha de vacinação não apenas mostrou o desprezo que o governo de Bolsonaro tem pela vacinação e sua pouca responsabilidade com a saúde no Brasil, como também mostrou a sua total desorganização”, declarou.

Padilha classificou a contratação de uma empresa inexperiente como “uma facada” ao programa de distribuição de vacinas do Sistema Único de Saúde. “Temos relatos de problemas de todos os secretários estaduais sobre como que a vacina chegou, como foi a distribuição, que a quantidade de doses que chegaram foi menor do que a previsão que foi feita”, relatou.


“A vacinação está muito aquém do que poderia ser. Poderíamos estar em uma etapa muito mais avançada e com um discurso avançado a respeito da vacina, que comprovadamente salvou vidas”, defendeu o deputado Aliel Machado (PSB-PR), membro da comissão.

O fato que mais chamou a atenção de Aliel Machado e demais membros do colegiado foi a contratação sem licitação por parte do Ministério da Saúde de uma empresa inexperiente para fazer a distribuição dos imunizantes infantis, a Intermodal Brasil Logística (IBL). “Nosso questionamento é: por quê foi feita essa dispensa de licitação a uma empresa, se já tinha outro contrato vigente, com a possibilidade de fazer as entregas pelo mesmo valor?”.

Atrasos e falhas no armazenamento das doses foram as principais queixas recebidas pelos parlamentares. Um caso que se tornou notório ocorreu na Paraíba, onde parte das doses foram armazenadas em caixas com gelo, em temperatura acima do necessário para a conservação dos imunizantes. “Esses problemas geram muitas dúvidas, além de trazer muita preocupação sobre o risco que estamos correndo de perda de vacinas, bem como o de prejuízo delas com a conservação fora da temperatura exigida na bula”, alertou o parlamentar.
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Os dois parlamentares anunciaram que as atividades da comissão serão abertas com a discussão sobre as falhas do governo nos primeiros dias de vacinação infantil contra a covid-19. Também está prevista a discussão sobre o apagão de dados no Ministério da Saúde, que permanece sem solução desde a primeira semana de dezembro e também compromete o andamento da campanha vacinal.
Empresa se defende

Em nota, o presidente da IBL, Jonas Spina Borlenghi, se posicionou sobre as críticas recebidas sobre seu desempenho na distribuição de vacinas pediátricas. “Grandes empresas do setor logístico foram visitadas por representantes do Ministério da Saúde, para que o órgão atestasse que as premissas exigidas fossem atendidas com êxito”, ressaltou. Segundo o empresário, o motivo da preferência se deu pela adoção de um sistema que permite o acompanhamento em tempo real da localização e temperatura das caixas de vacinas.

O empresário também afirmou garantir que “não houve qualquer manobra, atitude ou deslize de nossos funcionários ou contratados que pudessem gerar prejuízos à integridade do medicamento em questão”, e que possui documentação que garante a lisura dos procedimentos.


AUTORIA


LUCAS NEIVA Repórter. Jornalista formado pelo UniCeub, foi repórter da edição impressa do Jornal de Brasília, onde atuou na editoria de Cidades.







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