BOLSONAPATIA, DOENÇA QUE TOMOU CONTA DO BRASIL



JAIR BOLSONARO (FOTO: ALAN SANTOS/PR)

Entre as características da patologia estão ódio aos pobres, homofobia, misoginia e desrespeito aos valores básicos de direitos humanos

A psiquiatria da grande maioria dos países ocidentais segue a classificação feita pela Associação de Psiquiatria Americana e publicada como O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, publicação que é atualizada de modo recorrente para atualização das novas entidades nosológicas (o ramo da medicina que classifica as doenças) surgidas nos intervalos de seus lançamentos. Essa publicação está em sua 5ª edição e recebe o nome de DSM V e segue sendo utilizada pelos psicólogos, psiquiatras e demais profissionais da área da saúde para compreensão e definição das diferentes entidades nosológicas a enquadrarem o campo da psicopatia.


A próxima edição da publicação, desta vez, conterá uma psicopatia de origem brasileira e que irá merecer toda uma nova catalogação para se estudar o sofrimento psíquico derivado de transtornos mentais. Estamos nos referindo à bolsonapatia, doença que está acometendo diversas pessoas em nosso país e que emergiu com vigor, pois trouxe à tona comportamentos reprimidos por longos períodos de vida. Ela se alastra entre nós como se fosse uma doença de vírus poderoso e incontrolável.

Vamos descrever a bolsonapatia tal qual ela irá configurar na próxima publicação do DSM. A bolsonapatia possui as seguintes características como principais traços de sua definição: ódio aos pobres; homofobia; misoginia; desrespeito aos valores básicos de direitos humanos; desprezo pelas minorias desvalidas e combalidas; desprezo aos negros, nordestinos e indígenas. As pessoas acometidas pela bolsonapatia também apresentam condutas sempre criadas de ódio a todos que ousem contestar suas idiotias. Também não suportam diferenças culturais e se colocam contra todas as formas de cultura. Gabam-se de não lerem livros e acreditam que a comunicação por mensagens virtuais é o suprassumo da inteligência humana.

Dizia a Mãinha, mulher negra, nordestina e cigana: “Ninguém precisa ter vergonha de ser pobre; precisa ter vergonha de admirar que despreze o pobre”. A bolsonapatia que nos acomete impiedosamente na atualidade fará parte do DSM VI, e teremos tido a oportunidade de assistir a seu desenvolvimento e os consequentes acirramentos de ânimos que ela provoca.


VALDEMAR AUGUSTO ANGERAMI

Este texto não reflete necessariamente a opinião de CartaCapital.

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