IRMÃO DE HOMEM QUE MATOU MEMBRO DO MST: ''TEM QUE PASSAR POR CIMA MESMO''

“Tem mais é que jogar um caminhão e passar por cima mesmo”, diz irmão de homem que atropelou e matou membro do MST



Elias, irmão de Leo Luiz Ribeiro (Captura de tela)

Igor Carvalho, Brasil de Fato

A Polícia Civil prendeu, por volta das 17h30 quinta-feira (18), Leo Luiz Ribeiro, que confessou ter assassinado Luis Ferreira da Costa, de 72 anos, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), durante uma manifestação pela manhã em Valinhos (SP).

Após prestar depoimento na delegacia da Polícia Civil do 1º Distrito de Valinhos, ele foi transferido para cadeia pública anexa à 2ª Delegacia de Polícia de Campinas (SP).

Leo Luiz Ribeiro (vídeo abaixo) é dono de uma oficina mecânica, na qual trabalha com outros dois irmãos. O veículo utilizado no crime é uma caminhonete modelo Mitsubishi Hylux L-200, com placas de Valinhos. O carro foi apreendido. No painel, havia uma bandeira do Brasil.

À reportagem do Brasil de Fato, a esposa dele, que não quis se identificar, disse que o marido só soube que havia assassinado o idoso ao chegar em casa, e entrou em pânico.

O vídeo abaixo mostra uma discussão na delegacia, do lado de fora do interrogatório, em que os irmãos do homem detido falam sobre o atropelamento:

O assassinato ocorreu no quilômetro 7 da Estrada do Jequitibá. De acordo com o relato dos manifestantes, o condutor da caminhonete deixou clara sua intenção de atingir os sem-terra. O movimento ainda apura o número de feridos.

“O protesto ocorria em frente ao acampamento. É uma estrada movimentada, mas eles estavam ali em denúncia à situação de falta de fornecimento de água no acampamento, distribuindo alimentos da reforma agrária e panfletos para os carros que passavam“, afirma Kelli Mafort, da direção do movimento.

Mil famílias vivem no Acampamento Marielle Vive, ocupado em 14 de abril de 2018 – um mês após a execução da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro – e localizado na Fazenda Eldorado Empreendimentos Ltda.

Em nota, o MST exige punição ao assassino, “que age sob o clima de terror contra os movimentos populares, incentivado por autoridades irresponsáveis que estão no governo brasileiro“.

Ao menos duas pessoas deram entrada no sistema de saúde municipal. Além de Luis Ferreira da Costa, que não resistiu aos ferimentos, o jornalista Carlos Filipe Tavares, de 59 anos, sofreu escoriações e passou por exames na UPA. Tavares já foi liberado.

Ao Brasil de Fato, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Valinhos informou que havia uma reunião marcada para esta quarta-feira (17) sobre o fornecimento de água, mas a agenda acabou sendo adiada para esta quinta (18). A Prefeitura acrescenta que esta semana começou o fornecimento de água via caminhões-pipa.

Postar um comentário

0 Comentários