CARACAS VÊ 'MANOBRA MEDIÁTICA DA DIREITA' EM EPISÓDIO



Folha de São Paulo

SAMY ADGHIRNI
DE CARACAS

A chancelaria venezuelana divulgou nota na noite desta sexta-feira (19) em que "manifesta seu rechaço ante a manobra midiática que grupos da direita nacional e internacional tentaram construir" sobre o episódio envolvendo a missão de senadores brasileiros em Caracas.

De acordo com o governo venezuelano, a comitiva liderada por Aécio Neves (PSDB-MG) tinha o "único propósito de desestabilizar a democracia venezuelana e gerar confusão e conflito entre países irmãos".

A nota diz ter havido três "grandes mentiras": a primeira teria sido dizer que o governo negara a permissão para o avião brasileiro pousar em Caracas; a segunda, responsabilizar o governo de bloquear a estrada para Caracas –a causa foi o tombamento de um caminhão com carga inflamável, diz o texto.

Houve, de fato, um acidente com um caminhão, mas por volta das 6h e, duas horas depois, o veículo já havia sido retirado. A comitiva brasileira chegou ao meio-dia.

A terceira "mentira", segundo a nota, foi a de que a integridade física dos senadores esteve em risco.

Até a conclusão desta edição, o governo brasileiro não havia se manifestado sobre a posição venezuelana.

Além da nota da chancelaria, o chavismo se manifestou por meio da segunda vice-presidente do Parlamento, Tania Díaz, que acusou a comitiva de querer "torpedear" relações com o Brasil

PROTESTO

Também nesta sexta (19), representantes do partido opositor venezuelano Vontade Popular (VP) entregaram à Embaixada do Brasil na Venezuela uma carta de agradecimento aos senadores.

O principal objetivo da missão era tentar visitar na prisão o líder do VP, Leopoldo López, detido há mais de um ano numa prisão perto de Caracas, acusado de instigar protestos antigoverno.

Os integrantes do VP (entre os quais um deputado, vereadores e militantes) chegaram à frente do prédio e formaram fileiras nas quais cada um ostentava um cartaz com uma letra da mensagem "Dilma abre os olhos", em português. Após esperaram por 40 minutos, os membros do partido foram atendidos pelo conselheiro José Solla, que se comprometeu a encaminhar a carta a Brasília.

"Agradecemos profundamente a iniciativa dos senadores que, lamentavelmente, foram impedidos de cumprir sua agenda", disse o deputado Juan Guaido. "Queríamos ter entregado a carta ontem [quinta], mas não foi possível devido aos entraves colocados pelo governo", afirmou.

Ele diz estar em greve de fome há nove dias em apoio a López, que parou de comer há 25 dias para pedir a libertação de opositores e o anúncio da data da eleição parlamentar do fim deste ano.

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