Ela teve sorte. Havia apenas um lábio cortado e alguns dentes quebrados – ferimentos relativamente simples em comparação aos muitos outros que os veterinários Boaz Arzi e Frank Verstraete tratam aqui.
Como especialistas em reconstrução maxilofacial, eles cuidam de animais com cabeça partida, rosto amassado, tumores desfigurantes, mandíbula deslocada e, em um caso recente de grande repercussão, um cão cujo focinho inteiro e a mandíbula superior foram separados do corpo por uma motocicleta em alta velocidade.
"No passado, muitos desses animais teriam sido sacrificados", disse Verstraete. Agora, "nós temos como tratá-los".
Poucos meses depois, Mischa voltou a brincar com os gatos da família e a roer ossos. "Quem olha para ela não diz que ela passou por tudo aquilo", disse Christy Taylor, a grata dona da cadela. Do acidente, guardou uma única sequela: Mischa não chega perto de aviões.
Animais de estimação como ela estão passando por cirurgias reconstrutivas tão sofisticadas quanto as disponíveis na medicina humana: substituições de articulações, enxertos de pele e ósseos, reparos de ligamentos e até mesmo cirurgias terapêuticas para cílios encravados e, sim, de nariz – o último recurso para raças de focinho curto, como os pugs e gatos persas.
O fato de que cada vez mais animais de estimação estão passando por cirurgias deriva em parte dos avanços tecnológicos e da crescente presença de especialistas em práticas gerais. Também é uma consequência de que os animais estão vivendo por mais tempo. Chegar aos 70 anos, mesmo na idade equivalente canina, aumenta as chances de câncer e outras doenças que exigem tratamento cirúrgico.
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