PAÍSES IMPÕE SANÇÕES CONTRA MINISTROS DE EXTREMA DIREITA DE ISRAEL

Reino Unido, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Noruega impõem sanções contra ministros de extrema direita de Israel

Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich foram proibidos de entrar no território de qualquer dos países e tiveram seus bens em todos eles congelados, em razão de suas incitações a violência contra palestinos


Por O GLOBO, com agências internacionais — Londres

Sobre Gaza, os países se posicionam como "firmes defensores" da solução de dois Estados, um palestino e outro judeu, e mencionam especificamente o caminho que defendem para o fim da guerra na Faixa de Gaza: um cessar-fogo imediato, com libertação de todos os reféns nas mãos do grupo terrorista Hamas, liberação de entrada de ajuda humanitária no enclave palestino e exclusão do grupo terrorista de uma futura governança.

A medida adotada contra os ministros de governo — similar às medidas impostas contra aliados do presidente russo, Vladimir Putin, logo após a invasão da Ucrânia — foi rapidamente condenada pelas autoridades israelenses. O ministro das Relações Exteriores israelense, Gideon Saar, classificou a imposição de sanções como "inaceitável" e afirmou que o governo se reuniria na próxima semana para discutir uma resposta.

— É ultrajante que representantes eleitos e membros do governo sejam submetidos a esse tipo de medida — disse Saar.

                      Foto: Kobi Wolf/Bloomberg
Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, durante sessão do Parlamento israelense 

Ben-Gvir e Smotrich estão entre os membros mais radicais do governo mais à direita da História de Israel, liderado por Netanyahu, e tem um histórico de declarações desumanizantes contra os palestinos. No ano passado, Smotrich sugeriu que pode ser "justificado e moral" matar os moradores de Gaza de fome, enquanto Ben Gvir anteriormente elogiou como "heróis" os colonos violentos suspeitos de assassinar um adolescente na Cisjordânia. Em um ato provocativo no mês passado, Ben-Gvir entrou na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, área reservada apenas a muçulmanos, no dia em que uma marcha nacionalista resultou em confrontos entre árabes e israelenses na cidade.

Em uma publicação na rede social X, Smotrich afirmou que soube das sanções enquanto inaugurava um novo assentamento na Cisjordânia e afirmou que estão "determinados a continuar construindo". Ben-Gvir fez um paralelo bíblico para se referir à imposição das sanções:

— Vencemos o Faraó, venceremos o Muro de [Keir] Starmer — escreveu, referido-se ao primeiro-ministro britânico.

Ahmad Gharabli/AFP
Ministro israelense de extrema direita, Itamar Ben Gvir afirmou recentemente que é 'hora de usar força total' em Gaza 

As reações negativas à medida não se limitaram ao governo ou setores considerados radicais, mas também a líderes centristas, considerados moderados. O chefe do Partido da Unidade Nacional, Benny Gantz, afirmou que o avanço sobre os ministros "alimentará o terrorismo global".

— Discordo profundamente dos ministros Smotrich e Ben Gvir, mas a imposição de sanções aos ministros israelenses pelo governo britânico é uma profunda falha moral — disse Gantz, acrescentando que a pressão e as sanções "devem ser direcionadas ao Irã, ao Hamas e aos Houthis, que juraram destruir Israel".

A decisão de colocar Ben-Gvir e Smotrich sob sanções levou semanas para ser elaborada e ocorreu após o Reino Unido, o Canadá e a França emitirem uma declaração contundente no mês passado sobre o tratamento dado aos civis em Gaza.

Mas a França não se uniu à imposição de sanções a Smotrich e Ben-Gvir, ilustrando algumas diferenças na forma como os aliados estão abordando Israel. Autoridades britânicas disseram que sondaram autoridades do governo Trump sobre a medida planejada nas últimas semanas, e não encontraram forte resistência.

Em discurso no Parlamento britânico no final de maio, o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, denunciou a conduta israelense na guerra. Ele disse que o Reino Unido suspenderia as negociações sobre um acordo comercial e criticou duramente os comentários de Smotrich sobre a "limpeza" de Gaza e a transferência de seus dois milhões de habitantes para outros países.

— Devemos chamar isso pelo que é — disse Lammy. — É extremismo. É perigoso. É repulsivo. É monstruoso. (Com NYT)

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