DUAS OPINIÕES SOBRE O NOVO PAPA

PAPA UM

 Em dois textos publicados nos blogs de dois dos mais conceituados jornalistas brasileiros encontramos duas opiniões exatamente opostas. No primeiro texto, do blog de Luiz Carlos Azenha (viomundo) um texto relatando as relações do novo papa com as ditaduras militares da Argentina nas últimas décadas. No segundo texto, do Paulo Henrique Amorim (Conversa Afiada), há uma visão de um religioso bondoso, franciscano e identificado com os pobres. Ainda é cedo para julgar o que fará; mas o passado, no entanto, pode ser conhecido. (CF) Seguem os textos

Os vínculos do novo papa com a ditadura militar da Argentina
 publicado em 13 de março de 2013 às 17:05
Internacional| 13/02/2013 | Copyleft

Os conservadores argentinos sonham com um papa próprio
 
da Carta Maior

Como em 2005, quando Ratzinger foi eleito, os conservadores argentinos voltam a sonhar em ter um homem seu no Vaticano: o cardeal Jorge Bergoglio. Mas o papel desempenhado pela Igreja argentina e pelo cardeal na ditadura militar (1976-1983) torna quase impossível a escolha de um personagem com semelhante currículo.Oscar Guisoni

Buenos Aires – “Quando João Paulo II morreu todos nos iludimos com a possibilidade de que nosso cardeal Bergoglio assumisse como papa. Mas não aconteceu. Oxalá desta vez ocorra”, exclama sem ruborizar uma conhecida jornalista local em uma das tantas transmissões improvisadas da televisão argentina surpreendida, como o resto do mundo, com a renúncia de Bento XVI. “Deus não o permita”, responde o colunista Fernando D’Addario, no Página/12.

Como ocorreu em 2005, quando foi eleito o Papa Joseph Ratzinger, os conservadores e ultramontanos argentinos voltam a se iludir com a possibilidade de colocar seu homem no Vaticano: o cardeal Jorge Bergoglio. Mas o papel desempenhado pela Igreja argentina e pelo citado cardeal em particular durante a última ditadura militar (1976-1983) torna quase impossível que o Vaticano opte por habilitar com a “fumaça branca” um personagem com semelhante currículo.

Salvo que “assim como nos anos 80 escolheram Karol Wojtyla para canalizar religiosamente a luta do povo polonês (isto é, a do mundo ocidental e cristão) contra o totalitarismo soviético”, sustenta D’Addario com acidez, “agora escolham um papa argentino para salvar-nos do populismo gay e favorável ao aborto que se expande como uma peste por estes pampas”.

A polêmica, que em apenas algumas horas voltou a impregnar grande parte da imprensa argentina, trouxe à tona de novo a triste memória do papel desempenhado pela Igreja local durante a última ditadura militar e suas implicações no presente.

Assim, enquanto o setor mais conservador e católico da classe média local volta a sonhar em ter seu próprio Papa, os organismos de Direitos Humanos e as associações que agrupam os familiares dos 30 mil detidos desaparecidos na última ditadora recordam que a Igreja não só colocou uma venda nos olhos diante da matança organizada pelo Estado, como se fez de distraída inclusive frente o assassinato de seus próprios sacerdotes, comprometidos com a “opção pelos pobres’ e com a Teologia da Libertação que havia iluminado o Concílio Vaticano II.

Uma prova da atualidade da polêmica é a recente decisão judicial do tribunal que julgou na província de La Rioja o assassinato dos padres Carlos de Dios Murias e Gabriel Longueville, ligados ao também assassinado bispo Enrique Angelelli, uma das figuras emblemáticas da “Igreja comprometida” dos anos setenta na Argentina.

Nesta sentença inédita anunciada na semana passada fala-se pela primeira vez da “cumplicidade” da Igreja Católica local com os crimes cometidos pelos militares, ao mesmo tempo em que se assinala a “indiferença” e a “conivência da hierarquia eclesiástica com o aparato repressivo” dirigido contra os sacerdotes terceiro-mundistas.

Chama a atenção, diz ainda a sentença, que “ainda hoje persiste uma atitude resistência por parte de autoridades eclesiásticas e de membros do clero ao esclarecimento dos crimes”.

Como ocorreu em 2005, enquanto por trás dos muros do Vaticano se escolhia o sucessor de João Paulo II, a discussão pública leva os argentinos a olhar para sua própria Igreja no espelho que mais os envergonha: do outro lado da Cordilheira, a Igreja Católica tem outra cara para mostrar, já que sua atitude frente à ditadura de Augusto Pinochet foi exatamente a oposta à adotada pela hierarquia argentina.

A polêmica transcende rapidamente o âmbito religioso e se instala no cenário político cada vez mais radicalizado, que encontra os partidários da política de Direitos Humanos promovida pelo governo kirchnerista no caminho oposto ao dos conservadores que desejam encerrar os julgamentos contra os responsáveis pelos crimes contra a humanidade executados pela ditadura antes que os processos comecem a bater às portas dos cúmplices civis do regime, o que já começou a acontecer.

Enquanto isso, o candidato em questão, o atual arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, sonha em alcançar um papado impossível. Nascido em 1936 e presidente da Conferência Episcopal durante dois períodos (cargo que abandonou recentemente por doenças da idade), é difícil que o Vaticano se arrisque a colocar no trono de Pedro um homem citado em vários processos judiciais por sua cumplicidade com a ditadura e que conseguiu evitar seu próprio julgamento por contra de influências e argúcias de advogados.
Nada disso impede, porém, os ultramontanos argentinos de sonhar com a possibilidade de ter um Papa em Roma que os ajude a acabar de uma vez por todas com um governo que consideram o pior inimigo da Igreja Católica desde que o presidente Juan Domingo Perón enfrentou-se de forma virulenta (incluindo a queima de algumas igrejas) com a hierarquia católica no final de seu governo em 1955.

Tradução: Katarina Peixoto

PS do Viomundo: Um papa com dupla tarefa: frear os evangélicos e a esquerda na América Latina.

PAPA DOIS

FRANCISCO I VAI SE LEMBRAR DOS POBRES?
A escolha de um latino-americano faz supor que a Igreja se lembre dos pobres
Bergolio combateu os pedófilos e se opôs a Ratzinger
Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, é o primeiro jesuíta que chega a Papa.

E o primeiro latino-americano.

Ele não aparecia em nenhuma lista dos jênios do PIG (*)
Teoricamente, ele tem experiência na administração do Vaticano.
Ele é um sólido conservador. 

Ao contrário da maioria dos cardeais, ele puniu os pedófilos da arquidiocese de Buenos Aires
Vive num pequeno apartamento, em lugar da residência da arquidiocese.
Usa transporte público e cozinha a própria comida.

Supõem-se que seja comprometido com a justiça social.

O fato de ter sido escolhido um cardel latino-americano leva a supor que a Igreja esteja disposta a se reaproximar dos pobres. 

Como se percebe, a Globo perdeu mais uma: Dom Odílo, mais curial do que Ratzinger, era um blefe.

A Globo perdeu três eleições para Presidente, a Prefeitura de São Paulo e agora a eleição do Papa.

A Globo não ganha eleição: a Globo dá golpe. Clique aqui para ler G de Globo G de Golpe

Em tempo I: São Francisco de Assis fundou a ordem mendicante dos Frades Menores e viveu com os pobres e os animais. 

Seu objetivo era imitar a vida de Cristo. 

É significativo que Bergolio seja o primeiro Francisco.

Em tempo II: A âncora da Globo que anunciou a eleição do Papa parecia anunciar a morte do Papa.

Paulo Henrique Amorim

GAZETA SANTA CÂNDIDA,JORNAL QUE TEM O QUE FALAR

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