Fundação se opõe à exumação dos restos do poeta chileno Pablo Neruda

Pablo Neruda (1904-1973) pode ter morrido em decorrência de um câncer ou assassinado por seu envolvimento com o Partido Comunista na época da ditadura militar no Chile
 O presidente da Fundação Neruda, Juan Agustín Figueroa, manifestou nesta quarta-feira seu rechaço a exumação dos restos do poeta chileno Pablo Neruda, morto em 1973, e advertiu que remover seu cadáver seria um “verdadeiro ato de profanação”.–Não acreditamos que tenham existido intervenções de terceiros em sua morte e, particularmente, nos opomos a uma exumação do cadáver porque nos pareceria um verdadeiro ato de profanação–, disse.
Diante deste posicionamento, o advogado do Partido Comunista (PC) chileno, Eduardo Contreras, disse que a única afronta à memória do escritor “é não investigar” as causa de seu falecimento.
Contreras ainda recordou que os documentos emprestados pela Fundação Neruda para a investigação “não foram úteis para provar justamente que ele não morreu de câncer”.
O PC pediu recentemente que o governo abrisse uma investigação para esclarecer as circunstâncias da morte do ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 1971 e para isso seria necessário exumar seus restos.
A dúvida sobre a causa de sua morte foi gerada após o último assistente pessoal do escritor, Manuel Araya, ter afirmado que Neruda foi assassinado, apesar do médico do poeta na época alegar que ele faleceu em decorrência da doença.
Algumas versões apontam que o poeta, que sofria de um câncer na região da próstata, recebeu veneno ao invés de calmantes durante seu tratamento, a pedido de membros do governo.
Ele faleceu doze dias após o golpe de Estado, sendo que em seus últimos dias de vida ficou internado em uma clínica privada em Santiago, a mesma em que se suspeita que o ex-presidente Eduardo Frei (1964-1970) tenha sido envenenado.
O processo ficou a cargo do juiz Mario Carroza, que se já responsabilizou anteriormente pelas investigações das mortes do ex-presidente Salvador Allende (1970-1973) e do general Alberto Bachelet, pai da ex-presidente Michelle (2006-2010).
Carroza disse que antes de decidir sobre a exumação deverá consultar o Serviço Médico Legal (SML) do Chile sobre o caso.
 Por Redação, com Ansa- de Santiago do Chile

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