VEREADOR BOLSONARISTA ESTÁ FORAGIDO APÓS ACUSAÇÕES DE PEDOFILIA EM CIDADE PARANAENSE QUE VIROU MEME POR ''REZA AO PNEU''

Um caso escandaloso abala a cidade paranaense que ficou nacionalmente famosa pela cena dos bolsonaristas rezando para um pneu. O vereador Hélio de Mello (PL) está foragido após ser denunciado por estuprar pelo menos 12 crianças


por Felipe Borges
Pragmatismo Político

Um escândalo de proporções devastadoras atinge Irati, no centro do Paraná — a mesma cidade que ganhou projeção nacional em 2022, quando apoiadores de Jair Bolsonaro protagonizaram a cena insólita de uma “reza ao pneu”. O vereador Hélio de Mello (PL), de 55 anos, está foragido após ser denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por cometer crimes sexuais contra ao menos 12 crianças e adolescentes.

Segundo a denúncia apresentada nesta terça-feira (7), Hélio de Mello é acusado de seis diferentes crimes sexuais — entre eles estupro de vulnerável, assédio e exploração sexual — em um total de 28 episódios distintos. As vítimas tinham entre 11 e 17 anos e eram alunas de uma escola estadual da zona rural de Irati, onde o político lecionava educação física.

O MP-PR afirma que os abusos ocorriam desde 2017, dentro e fora da escola. O vereador, que também presidia a Câmara Municipal, renunciou ao cargo no mês passado, após o avanço das investigações.

A denúncia e o desaparecimento

A Polícia Civil confirmou que há um mandado de prisão preventiva em aberto contra Hélio de Mello, que não foi localizado e é considerado foragido da Justiça.

Durante as apurações, a polícia reuniu depoimentos de ex-alunos, adolescentes e funcionários da escola, além de pais que flagraram conversas impróprias entre o professor e seus filhos. “A Polícia Civil identificou desde toques em partes íntimas até o envio e a solicitação de fotos e vídeos de nudez mediante promessa de dinheiro ou outras vantagens”, diz a corporação em nota.

Diretora e irmã do vereador também foi denunciada

Uma das irmãs de Hélio de Mello, que atuava como diretora da escola, também foi denunciada pelo MP-PR pelos crimes de prevaricação e omissão diante de denúncias de assédio e exploração sexual.

De acordo com a Promotoria, a mulher tinha conhecimento de parte dos abusos, mas não tomou providências. A Secretaria de Educação do Paraná informou que ela solicitou aposentadoria em julho, antes de qualquer medida judicial, com efeito a partir de 1º de setembro.

O início das investigações

O caso veio à tona após uma denúncia anônima registrada pelo Disque 100, serviço do governo federal voltado à proteção de direitos humanos. O alerta levou o Conselho Tutelar a realizar uma força-tarefa com escutas especializadas de alunos e ex-alunos da escola onde o vereador trabalhava.

A partir daí, as provas se multiplicaram. Adolescentes relataram abusos diretos e testemunharam o assédio de colegas. Ex-alunos, hoje adultos, também procuraram a polícia para narrar episódios semelhantes ocorridos anos antes.

Afastamento e renúncia

Em 31 de agosto, a Justiça determinou o afastamento de Hélio de Mello do cargo de professor e impôs três medidas cautelares:

● proibição de acesso à escola onde os crimes teriam ocorrido;
● proibição de contato com alunos, vítimas e testemunhas;
● suspensão das funções públicas de professor.

No dia seguinte, a Justiça cumpriu um mandado de busca e apreensão na residência do investigado. Horas depois, o vereador solicitou licença remunerada de 90 dias da Câmara Municipal, alegando motivos de saúde.

Em 9 de setembro, já pressionado por novas denúncias e com três pedidos de cassação protocolados, Hélio renunciou ao mandato. Ele estava no sexto mandato consecutivo, tendo sido eleito pela primeira vez em 2005.

Com a saída, o suplente João Leuch Sobrinho (PL) assumiu a vaga, e o então vice-presidente do Legislativo, Selmo de Lima Vieira (PODE), passou a presidir a Câmara de Irati.

Duas décadas de poder e silêncio

Figura influente no cenário político local, Hélio de Mello construiu uma carreira marcada por longevidade e silêncio cúmplice. Durante 20 anos, foi uma das vozes mais atuantes do conservadorismo iratiense, exercendo cargos estratégicos e mantendo forte ligação com lideranças bolsonaristas da região.

Mandado de prisão em aberto

Até a manhã desta quarta-feira (8), o mandado de prisão preventiva de Hélio de Mello continuava em aberto. A Polícia Civil mantém buscas e pede que qualquer informação sobre o paradeiro do foragido seja comunicada às autoridades.

O Ministério Público reforça que o caso segue sob sigilo judicial para proteção das vítimas.

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