PLANO DE ISRAEL PARA ASSASSINAR O LÍDER SUPREMO DO IRÃ

Especialistas afirmam que o objetivo estratégico de Israel é derrubar o regime dos aiatolás e desestabilizar o poder iraniano

O plano de Israel para assassinar o Líder Supremo do Irã.Créditos: Reprodução redes sociais / X/ Khamenei

Por Marcelo Hailer
Escrito en GLOBAL 

No segundo pronunciamento após iniciar o ataque contra o Irã, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que não tinha nada contra o povo iraniano e afirmou que eles, agora, “tinham em suas mãos a grande oportunidade de se libertar do regime dos aiatolás”.

E neste domingo (15), uma informação revelada pela agência Reuters confirmou que o verdadeiro objetivo do governo de Israel é, de fato, derrubar o regime iraniano.

Segundo a agência, o governo de Israel chegou a ter um plano para matar o Líder Supremo do Irã, Ali Khamenei, e foi o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quem impediu que o plano fosse executado.

De acordo com fontes da Casa Branca ouvidas pela Reuters, os israelenses informaram Trump que tinham uma oportunidade concreta de eliminar Khamenei, mas o presidente rejeitou a proposta.

Questionado pela Fox News se havia um plano para assassinar o Líder Supremo do Irã, Netanyahu desconversou:

“Há tantos relatos falsos de conversas que nunca aconteceram, e eu não vou entrar nisso. Mas posso dizer que acho que faremos o que precisamos fazer. E acho que os Estados Unidos sabem o que é bom para os Estados Unidos.”

Israel ataca maior campo de gás do Irã e mira em mudança de regime

Num ataque que representa uma grande escalada no confronto, Israel usou drones contra a refinaria de gás de Fajr Jam e o maior campo de gás natural do mundo, o de South Pars, no Golfo Pérsico.

O campo de gás é tão gigantesco que é compartilhado entre o Irã e o Catar.

O governo iraniano informa que já conseguiu conter os incêndios.

O ataque causou comoção no Golfo Pérsico, uma vez que ameaça a infraestrutura de gás e petróleo que serve diretamente ao consumo doméstico de gás do Irã, mas coloca em risco a de países aliados dos Estados Unidos, como o Catar, Barein, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.

Os ataques de Israel à infraestrutura de energia do Irã, bem como a uma fábrica de cimento, demonstram que o objetivo de Benjamin Netanyahu vai muito além de conter o projeto nuclear iraniano.

Trata-se de uma clara tentativa de mudança de regime, como Saddam Hussein, com apoio do Ocidente, tentou durante a guerra que moveu contra o Irã, nos anos 80 do século passado. Foram oito anos de conflito.

Ameaça existencial desde 1979

Agora está mais claro que o objetivo de Israel é fazer desmoronar a República Islâmica do Irã, instalada em 1979 pela revolução do aiatolá Khomeini.

Isso pode ser depreendido pelo escopo dos ataques militares israelenses, além da retórica do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que sugeriu aos próprios iranianos que ajudem a derrubar o regime.

A República Islâmica nasceu tendo como um dos objetivos eliminar Israel do mapa. Na visão de Khomeini, ainda vigente, o estado de Israel foi um implante dos Estados Unidos e do Ocidente na região em busca de controlar os recursos naturais do Oriente Médio e solapar a soberania local.

Neste sentido, Israel e Irã são ameaças existenciais um ao outro.

O Irã superou o isolamento a que foi submetido pelo Ocidente através de sanções nos últimos quarenta anos.

Khomeini falava em “nós podemos” como um slogan que animou os iranianos, especialmente durante a guerra contra o Iraque, na qual Saddam Hussein recebeu armas e informações de Reino Unido, França, Alemanha e Estados Unidos para eliminar o regime xiita.

A guerra estalou em 1980, quando a revolução mal havia se estabilizado, e durou até 1988.

Saddam foi incapaz de cumprir a tarefa que agora Israel assumiu.

Pelo contrário. Foi durante a longa guerra que o Irã desenvolveu sua capacidade de construir mísseis e responder aos ataques do Iraque com os mísseis Scud fornecidos pela França.

Os Estados Unidos se envolveram diretamente na guerra quando o Iraque corria o risco de sofrer uma derrota militar, fornecendo principalmente informações de satélite sobre o movimento das tropas e arsenal iranianos.
Irã saiu do isolamento

Passados 35 anos do final daquele conflito, o Irã aprofundou relações com vários países, inclusive potências regionais como a Turquia e a Arábia Saudita — neste último caso através de mediação da China.

O país ingressou nos BRICS e, mais recentemente, fechou um acordo estratégico com a Rússia.

A crença de Israel de que pode eliminar agora o regime dos aiatolás nasceu das derrotas que Tel Aviv impôs ao Arco da Resistência organizado pelo Irã no Líbano, na Síria e em Gaza, com a degradação do poderio militar do Hezbollah e do Hamas.

Derivou também de uma conjuntura internacional em que a Rússia, o parceiro militar mais próximo do Irã, tem diante de si o desafio da guerra da Ucrânia.

Recentemente, a Ucrânia atacou diretamente a infraestrutura de defesa estratégica da Rússia, ao destruir bombardeiros de longa distância em bases instaladas nas profundezas de território russo.

Pela nova doutrina de defesa de Vladimir Putin, tal ataque poderia desatar uma resposta nuclear russa contra a Ucrânia e seus patrocinadores, mas Moscou age com cautela à espera de algum tipo de normalização de relações com os Estados Unidos.

Isso sugere que a Rússia terá envolvimento militar limitado, se tiver, no enfrentamento entre Irã e Israel.

Vladimir Putin e o presidente Donald Trump conversaram por telefone nas últimas horas sobre uma saída negociada para a guerra entre Israel e o Irã.
Por conta própria

O regime em Teerã terá de enfrentar a ameaça existencial praticamente por conta própria.

Sua única opção neste momento é provar que tem condições de provocar destruição suficiente em Israel que leve Netanyahu e os Estados Unidos a repensarem sua estratégia.

Para Israel, o acontecimento dos sonhos será a entrada direta dos EUA no conflito. Além de porta-aviões no mar da Arábia, os estadunidenses dispõem de bases militares em toda a região, através das quais poderiam inflingir danos muito mais custosos ao Irã.

A resposta do Irã nas próximas horas será crucial.

O país poderia atacar, por exemplo, a região do porto de Haifa, essencial à sobrevivência do próprio estado de Israel.

Por enquanto, no entanto, o Irã tem agido de forma contida, escolhendo mirar exclusivamente em alvos militares.

Uma guerra generalizada na região pode provocar uma disparada ainda maior nos preços de gás e petróleo, o que não interessa aos Estados Unidos.
Terceira Guerra

Donald Trump quer que o Irã abra mão do enriquecimento de urânio, mas se aceitar tal condição o regime iraniano sofrerá uma derrota política tão grande que corre o risco de cair.


Neste caso, no entanto, provavelmente atrairia os Estados Unidos diretamente para a guerra,

Em caso de ameaça existencial, o regime dos aiatolás pode atacar bases militares dos EUA na região e instalações petrolíferas de países árabes, com o potencial de desatar uma Terceira Guerra Mundial.

Isso é pouco provável, diante do histórico de cautela do governo persa.

O Irã tem um acordo estratégico com a Rússia e é um grande fornecedor de petróleo para a China. Os três países já realizaram manobras militares conjuntas.

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