HÁ 197 ANOS , O ENGENHEIRO, FÍSICO E PADRE HÚNGARO PROVOU QUE CARROS ELÉTRICOS ERAM POSSÍVEIS

Muito antes da Tesla 


Escrito porFabio Lucas Carvalho

Foto: Reprodução

Séculos antes da Tesla, um padre húngaro demonstrou a viabilidade dos carros elétricos, antecipando uma revolução no transporte.

Os carros elétricos são frequentemente vistos como uma inovação recente, repleta de tecnologias futuristas que prometem substituir os veículos movidos a combustíveis fósseis. No entanto, sua origem remonta ao início do século XIX. Há quase 200 anos, os primeiros experimentos com eletricidade aplicada ao transporte já estavam em andamento.

A invenção de Anyos Jedlik e os primeiros motores elétricos

Em 1828, o engenheiro, físico e padre beneditino húngaro Anyos István Jedlik criou um motor elétrico primitivo e o utilizou para mover um pequeno modelo de veículo.

Esse protótipo, embora rudimentar, demonstrou o potencial da eletricidade como fonte de propulsão. No entanto, tratava-se mais de um experimento técnico do que de um carro utilizável para transporte

Jedlik nasceu em 1800 e teve acesso a uma educação privilegiada, ingressando na Ordem Beneditina aos 17 anos. Como professor e pesquisador, ele se dedicou ao estudo do eletromagnetismo e, em 1827, desenvolveu um dispositivo rotativo eletromagnético—um dos primeiros motores elétricos da história.

Seu motor possuía os três componentes essenciais para um motor de corrente contínua: estator, rotor e comutador.

Apesar da inovação, Jedlik não aplicou seu motor imediatamente a veículos práticos. Seu modelo era mais uma prova de conceito, demonstrando que a eletricidade poderia ser usada para gerar movimento.

Modelo de Ányos Jedlik para um carro elétrico de 1928 (Universidade de Tecnologia e Economia de Budapeste)

O papel de Robert Anderson

O químico escocês Robert Anderson também foi um dos pioneiros no desenvolvimento de veículos elétricos. Entre 1832 e 1839, ele criou um protótipo alimentado por células elétricas, mais próximo do conceito tradicional de automóvel. Seu modelo, no entanto, carecia de uma bateria recarregável, fator limitante para sua viabilidade prática.

A evolução dos carroselétricos recebeu um impulso significativo em 1859, quando Gastón Planté desenvolveu as baterias recarregáveis de chumbo-ácido. Essa inovação permitiu o armazenamento de energia e viabilizou a locomoção dos carros elétricos de maneira mais eficiente.

Em 1888, Gustave Trouvé apresentou um triciclo elétrico na Exposição Internacional de Eletricidade, em Paris. O modelo representou um marco na evolução dos carros elétricos, influenciando sua popularização e aprimoramento. No mesmo ano, Andreas calançou o Flocken Elektro Wagen, considerado o primeiro carro elétrico da história.

Popularização e declínio do Carro elétrico

A introdução das baterias recarregáveis facilitou a adoção dos veículos elétricos, que passaram a ser utilizados por taxistas e integrantes da elite.

O alto custo limitava o acesso a esses veículos, mas suas vantagens eram evidentes: operação silenciosa, ausência de emissão de gases, maior conforto e modernidade.

Apesar dessas qualidades, os veículos a combustão começaram a ganhar popularidade por diversos fatores:Preço final mais acessível para os consumidores;
Descoberta de grandes reservas de petróleo, tornando a gasolina mais barata;
Infraestrutura elétrica deficiente, dificultando o uso dos carros elétricos;
Introdução do acionamento automático nos motores a combustão, eliminando a necessidade de girar uma manivela para dar partida.

O retorno dos veículos elétricos

A ascensão dos veículos movidos a combustíveis fósseis permaneceu por décadas, mas a Segunda Guerra Mundial trouxe um novo cenário. A escassez de combustível reacendeu o interesse pelos carros elétricos, agora mais desenvolvidos tecnologicamente e competitivos.

Atualmente, os veículos elétricos enfrentam desafios para uma adoção em larga escala no Brasil. Entre os principais obstáculos estão:Custo elevado em comparação aos veículos a combustão;

Infraestrutura de recarga insuficiente, com apenas 3.254 pontos de recarga no país em maio de 2023.

Ainda assim, a tendência de eletrificação do setor automotivo continua a crescer, impulsionada pela busca por soluções mais sustentáveis e pelo avanço das tecnologias de baterias.

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