ANO SEM CARNAVAL, COVID EM ALTA E A RESISTÊNCIA DA ESCOLA DE SAMBA E SEUS BALUARTES SÃO REGISTRADOS EM LIVRO

Lançamento em Curitiba ocorre no dia 7 de janeiro, domingo, às 18h, no O Tal do Quintal


A história recente do país pelo olhar da escola de samba é o pano de fundo do livro Fevereiro Sem Carnaval, o Brasil de Cabeça para baixo e outros artigos do historiador e professor, Carlos Mariano Filho. O autor está em Curitiba para o lançamento que ocorrerá no O Tal do Quintal, no dia 7 de janeiro, às 18h. No mês de dezembro a obra foi lançada no Rio de Janeiro e em Niterói.

O livro, publicado pela Metanoia Editora, é composto por 26 artigos, em 120 páginas. Um deles dá nome à obra, que retorna ao ano de 2021, quando foram cancelados os desfiles de escola de samba no Rio de Janeiro, assim como na maioria do país, e também o carnaval de rua. Mariano busca em teóricos, como o filósofo russo Mikhail Bakhtin e o antropólogo brasileiro contemporâneo Roberto DaMatta, a razão do carnaval ser tão importante para o povo.

“Brincar o carnaval é um sopro de vida que cria brechas no insistente tempo cíclico normativo das leis do Estado”, escreve. Mesmo sabendo da necessidade do cancelamento da festa devido ao avanço, na época, da covid-19, que chama de “desfile da morte”, ele lamenta o infortúnio coletivo. “O nosso querido carnaval, que daria uma folga à tortura diária, não ocorrerá. A nossa chance de todos os anos de lotarmos as ruas para debocharmos e protestarmos contra tudo e contra todos, fazendo uma catarse social coletiva, foi cancelada”, diz no artigo, escrito e publicado em 2021, no jornal on-line Tribuna da Imprensa Livre.

Com deferência, poesia e contextualização, nos demais textos o autor discorre sobre autoridades do mundo do carnaval: Tia Ciata, Mano Elói Antero Dias, Ney Roriz, Martinho da Vila, Nelson Sargento, Lícia Maria Caniné (a Ruça) estão entre elas. Traz ainda um recorte aprofundado sobre diversas agremiações, desde as maiores – Unidos do Viradouro, Unidos de Vila Isabel, Mangueira, Mocidade Independente de Padre Miguel, Império Serrano e Imperatriz Leopoldinense –, às não tão famosas – Unidos do Jacarezinho, Paraíso do Tuiuti, Em Cima da Hora e São Clemente.

No livro não faltam polêmicas: reforça a origem negra da escola de samba e seus baluartes, como Ismael Silva; rechaça o branqueamento dos desfiles de carnaval e “as epopeias hollywoodianas” na avenida e discute o uso do termo “tema afro”. Relembra ainda períodos memoráveis da Marquês de Sapucaí como o duelo na pista, em 1989, da genialidade de dois mestres e seus enredos: “Liberdade, Liberdade abre as asas sobre nós”, do recém-falecido Max Lopes, e “Ratos e Urubus, larguem minha fantasia”, de Joãosinho Trinta, que se fosse vivo completaria 90 anos em novembro passado.

De forma elegante e com esmero, o autor tece sua análise, sempre muito bem embasada, sem atravessar o samba na avenida. “Procuro fazer reflexões sobre vários temas sensíveis e importantes do carnaval como tradição, modernidade, inovação e memória. Acima de tudo, busco referenciar os baluartes negros que simbolizam essa instituição fantástica chamada escola de samba”, diz Carlos Mariano Filho.

Carlos Mariano Filho ou Professor Mariano, como é mais conhecido no círculo carnavalesco, é historiador formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), professor da rede pública do estado na Baixada Fluminense e em Niterói, onde leciona História, Filosofia e Sociologia, e é pesquisador nas horas vagas.

Carioca, afrodescendente, é apaixonado pelo carnaval. Na adolescência, sem recursos para comprar ingresso para assistir ao desfile na apoteose, via de cima do viaduto, ao lado de outros tantos, o chamado maior espetáculo da terra. Anos mais tarde foi comentarista de carnaval e pode cobrir ao vivo, da Marquês de Sapucaí, todos os dias de cortejo. Depois, chegou a ser carnavalesco e fazer enredos para o carnaval de Niterói. Atualmente, Carlos Mariano Filho, mora em Niterói (RJ).

SERVIÇO: Lançamento do livro “Fevereiro Sem Carnaval, o Brasil de Cabeça para baixo e outros artigos”, Metanoia Editora
Local: O Tal do Quintal
Endereço: R. Jaime Reis, 366
Horário: 18h às 21h.
Preço: R$ 35,00

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