ALIADOS DE BOLSONARO ESTÃO COM MAIS MEDO QUE AILTON BARROS DO QUE MAURO CID

Apesar de ter sido um dos personagens mais próximos de Bolsonaro nos últimos quatro anos e ter acesso a informações privilegiadas, Mauro Cid, preso na quarta-feira, não é visto por aliados do ex-presidente como alguém que vá fazer revelações comprometedoras. Eles consideram que sua lealdade a Bolsonaro é inabalável. O mesmo, no entanto, não se aplica a Ailton Barros, que também foi preso por participação no esquema falsificação e disse que sabe quem mandou matar Marielle Franco

Mauro Cid, Ailton Barros e Jair Bolsonaro

Chico Alves, em seu blog

Apesar de ter sido um dos personagens mais próximos de Jair Bolsonaro nos últimos quatro anos e ter acesso a informações privilegiadas, o tenente-coronel Mauro Cid, preso na quarta-feira (3), não é visto por aliados do ex-presidente como alguém que vá fazer revelações comprometedoras. Eles consideram que sua lealdade a Bolsonaro é praticamente inabalável. O mesmo, no entanto, não se aplica a Ailton Barros, que também foi preso por participação no esquema de adulteração de dados de vacinação do ConecteSus.

Barros, que chegou ao posto de major e foi expulso do Exército, não tem a mesma intimidade com o ex-presidente, mas também era próximo dele a ponto de ter concorrido a deputado com a qualificação de “01 do Bolsonaro”. Para pessoas que integram o grupo bolsonarista ouvidas por essa reportagem, ele tem um temperamento imprevisível e não se sabe o que pode trazer à tona caso resolva fazer uma delação premiada.

A maior preocupação dos aliados de Bolsonaro não diz respeito à adulteração dos cartões de vacinação, já que consideram que a iniciativa da fraude foi de Mauro Cid. Eles avaliam que o tenente-coronel fez isso sem o conhecimento do ex-presidente.

O maior temor é que Barros possa revelar indícios ou provas da participação direta de Bolsonaro e seus assessores na mobilização golpista que culminou com a depredação das sedes dos três poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.

A revelação dos áudios em que o major conversava com Mauro Cid para incentivá-lo a mobilizar o comandante do Exército para dar um golpe de Estado e mandar prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, acenderam o sinal de alerta.

Barros é tido como falastrão e criticado por aliados do ex-presidente pelo comportamento considerado inconveniente. A conversa sobre o golpe e a afirmação de que sabe quem são os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco foram citadas como prova disso.

Muitos desses bolsonaristas acham até que, diante da prisão do major, seria conveniente retirar o apoio da oposição à instalação da CPMI do 8 de janeiro, que antes era tida como um trunfo e agora passou a ser vista como um problema.

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