COMO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS AFETAM A AMÉRICA LATINA?

Por sua vulnerabilidade, desigualdade e falta de ação política, a região já sofre efeitos, com secas, derretimento de geleiras e insegurança alimentar

Destruição da Amazônia peruana (Imagem: Mariana Bazo | Reuters)

openDemocracy

Se há algo certo sobre a crise climática na América Latina é que ela já está aqui e seus efeitos são sentidos em todos os países da região.

A Amazônia está passando por suas piores secas em 50 anos e enchentes e furacões sem precedentes na América Central tornaram-se comuns em 2020.

Em agosto de 2021, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicou um relatório em que aponta que a região é uma das mais afetadas pela crise climática e fenômenos meteorológicos externos.

O relatório mostra que, entre 1998 e 2020, eventos relacionados ao clima e seus impactos causaram a morte de mais de 312 mil pessoas e afetaram mais de 227 milhões de pessoas na América Latina.

Embora todos os países da região estejam sentindo os efeitos da crise climática de uma forma ou de outra, há alguns que sofreram danos significativos devido a furacões e inundações.

América Central não tem trégua

El Salvador

Em maio e junho de 2020, a tempestade tropical Amanda atingiu El Salvador, reduzindo a produção de milho e feijão em 50%. De acordo com um estudo do Programa Mundial de Alimentos, os efeitos combinados dos furacões e da pandemia de Covid-19 fizeram com que 162 mil lares salvadorenhos sofressem insegurança alimentar.

Haiti

Em agosto deste ano, a tempestade tropical Laura devastou a ilha de Hispaniola, dividida pelo Haiti e pela República Dominicana, gerando fortes chuvas e inundações que causaram graves perdas em plantações e gado. Estima-se que os impactos na agricultura foram significativos e que as lavouras sofreram perdas entre 50% e 80%. Nesse mesmo mês, o Haiti foi novamente atingido por um terremoto que matou cerca de 2.500 pessoas e sofreu a chegada de Grace, outra tempestade tropical que assolou o país.

Guatemala, Honduras e Nicarágua


Os furacões Eta e Iota atingiram esses três países sem piedade em 2020. Ambos os furacões de Categoria 4 afetaram mais de 8 milhões de pessoas na América Central, especialmente na Guatemala, Honduras e Nicarágua, danificando 1 milhão de hectares de plantações e alterando os meios de subsistência agrícolas. O setor de pecuária perdeu mais de 190 mil cabeças de gado, suínos e aves, bem como ativos essenciais, como infraestrutura e equipamentos agrícolas. Essas perdas, somadas à crise causada pela pandemia e aos crescentes conflitos sociopolíticos, fizeram com que os habitantes desses países partissem em enormes caravanas para os Estados Unidos, no que pode ser considerada uma onda de refugiados do clima.

Em Honduras, 4,17 milhões de pessoas sofreram perdas monetárias com os furacões e 569.220 hectares de lavouras foram perdidos. Cerca de 745 comunidades em 155 municípios relataram danos de vários graus e os cortes nas comunicações afetaram mais de 95 mil pessoas,

Na Guatemala, os furacões Eta e Iota afetaram 1,8 milhão de pessoas, danificaram 16.448 hectares de terras cultivadas e mataram 126.812 cabeças de gado, o que agravou a insegurança alimentar do país.

Na Nicarágua, 1,8 milhão de pessoas foram atingidas, assim como 220.000 hectares de terras cultivadas e 43.667 cabeças de gado foram perdidas.

Os custos desses danos foram assumidos, em grande parte, pelo setor privado de cada país. Os setores afetados foram agricultura, habitação e comércio.
Temperaturas acima da média

De acordo com o relatório da OMM, 2020 foi um dos três anos mais quentes já registrados no México, América Central e Caribe e o segundo mais quente para a América do Sul. As temperaturas foram de 1°C, 0,8°C e 0,6°C acima da média.

Nos Andes chilenos e argentinos, as geleiras recuaram nas últimas décad



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