PRIMEIRO A REELEIÇÃO

O presidente consegue manter Paulo Guedes na Economia, mas abandona seu discurso de campanha

O DIA DO FICO. FOTO:  EVARISTO SA / AFP

 A sexta-feira 22 ficou marcada pela decisão do ministro da Economia, Paulo Guedes, de permanecer no cargo, após uma debandada na pasta comandada por ele.

A dúvida sobre o futuro do 'Posto Ipiranga' ficou no ar até minutos antes de uma coletiva ao lado do presidente Jair Bolsonaro.

O imbróglio se dá na criação do Auxílio Brasil, programa que deve substituir o Bolsa Família e pagará 400 reais mensais aos beneficiários até o fim de 2022.

‘Virou a casa da mãe Joana e ficou feio para o governo’, disse o relator da MP do programa, Marcelo Aro (PP-MG).

Para parte da oposição, trata-se de uma ação eleitoreira do ex-capitão, que busca recuperar parte da popularidade que perdeu durante a pandemia. De acordo com a mais recente pesquisa da Exame/Idea, a desaprovação de Bolsonaro subiu e chega aos 53%. 

“A aprovação de Bolsonaro, apesar de bastante resiliente na casa de 25%, é bastante inferior aos pares dele que conseguiram a reeleição no Brasil pós-redemocratização, como Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff”, afirmou Maurício Moura, fundador do Idea.

Já para Lula, principal adversário do atual presidente em 2022, não importa se o benefício será usado de forma eleitoreira.

“Tô vendo o Bolsonaro dizer agora que vai dar um auxílio emergencial de 400 reais que vai durar até o final do ano que vem. Tem muita gente dizendo que não se pode aceitar porque é um auxílio eleitoral. Não penso assim", afirmou o petista.

"Faz mais de cinco meses que o PT pediu um auxílio emergencial de 600 reais. Aliás, o PT mandou uma proposta para a Câmara de um novo Bolsa Família de 600 reais. O que nós queremos é que Bolsonaro dê um auxílio de 600 reais.”

Se por um lado, com o programa, Bolsonaro pode avançar em um eleitorado que optaria por Lula, por outro ele pode decepcionar o mercado que trata o teto de gastos como algo sagrado e aqueles que votaram 17 em 2018 pelos discursos sobre o 'bolsa-farelo' e o 'voto de cabresto' que o então deputado federal fazia.

Passado o estresse com a quase saída de Guedes, Bolsonaro ainda deve ter dor de cabeça com o relatório final da CPI da Covid que imputou nove crimes ao presidente, entre eles o de contra a humanidade, que pode chegar ao Tribunal Penal Internacional. (Entenda cada crime atribuído a Bolsonaro e as penas que podem ser impostas)

A ex-juíza brasileira da Corte, Sylvia Steiner, citou o caso de Omar al-Bashir, ex-presidente do Sudão, ao comentar as acusações contra o brasileiro.

Ela lembrou que o sudanês foi condenado por crimes de guerra e contra a humanidade. “Falaram que ele nunca seria preso e, ao sair do cargo, ele foi. A justiça tarda, mas não falha”, declarou.

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