AUTOR DO ATENTADO EM CRECHE DE SANTA CATARINA ERA ''QUIETO'' E ''NÃO SAIA DE CASA''

Fabiano Kipper Mai atacou mulheres e bebês com espada de 80 centímetros e portava explosivos de baixo impacto. Atentado pode ter sido planejado no submundo da internet. Jovem quase não saía de casa e foi descrito como "quieto" e "sem amigos"

Fabiano Kipper Mai

A Polícia de Santa Catarina divulgou o nome do autor do atentado contra um creche na cidade de Saudades (SC). Fabiano Kipper Mai, de 18 anos, foi identificado como o responsável pelas mortes de três bebês e duas funcionárias. O ataque aconteceu por volta das 10h.

Fabiano chegou na escola infantil de bicicleta e com uma mochila nas costas. Para cometer o crime, ele utilizou uma espada pequena de 80 centímetros. O jovem também portava uma faca e alguns explosivos de baixo impacto.

A primeira vítima do atentado foi a professora Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos. A educadora estranhou a entrada de Fabiano na creche e foi falar com ele, quando acabou atacada a golpes de espada. Mesmo ferida, tentou correr para a sala onde estava a agente educacional Mirla Renner, de 20 anos, para tentar avisar sobre o ataque. Nesse local, Fabiano atingiu também Mirla e as quatro crianças que estavam na sala.

As duas trabalhadoras da escola e três crianças com menos de dois anos morreram. Uma outra criança foi transferida com ferimentos no pescoço para o Hospital Materno Infantil de Chapecó. Segundo o delegado, a tragédia poderia ser ainda maior se Mai chegasse um pouco depois.

“Logo que ele entra pelo portão principal, ele tem acesso a um espaço de convivência das crianças, inclusive estava quase na hora do lanche da manhã e na cena a gente vê alguns pratinhos, com a comida já servida. Se tivessem ido para o recreio, a situação teria sido muito pior pois haveria muito mais gente naquele espaço. Mas naquele momento em que ele entrou, as crianças ainda estavam nas salas. Ele escolheu uma sala, provavelmente a que estava mais fácil pra ele, e conseguiu fazer o que fez”, afirmou o delegado.

Após o ataque, segundo o delegado, o jovem teria deixado o local caminhando, quando foi abordado por pessoas que estavam próximas a escola e teriam chegado para ajudar após ouvirem gritos. Nesse momento, Mai tentou cometer suicídio, mas sobrevive e está internado em estado grave.

Segundo as equipes de socorro que atenderam o jovem, a primeira coisa que ele disse ao receber atendimento médico ainda na ambulância foi: “Matei cinco, né?”.

Quieto e de poucos amigos

Ainda segundo o delegado Ferreira, o jovem mora com os pais, uma avó e a irmã mais nova, adolescente. Estuda numa escola da cidade e trabalha em uma empresa de confecção de roupas. Pela apuração feita até o momento, trata-se de um jovem quieto, sem muitos amigos, que gostava muito de ficar no computador, era adepto dos jogos online e tinha histórico de maus tratos a animais. Outra informação é de que sofria bullying na escola onde estudava.

A polícia civil foi até a casa do jovem e conversou com os seus pais. No local, encontraram R$ 11 mil nos pertences de Mai. As forças de segurança tentam agora descobrir o que teria motivado o ataque. Segundo Ferreira, o jovem não tem nenhuma relação com a escola de educação infantil alvo do ataque.

Uma das linhas de investigação aponta para um ataque planejado no submundo da internet — a chamada dark web —, assim como foram os atentados nas escolas de Suzano (SP) e de Realengo (RJ).

“Esses massacres ‘sem motivo’ nunca são sem motivo. Rapazes frustrados, muitas vezes chamados de incels (celibatários involuntários, misóginos de grupos organizados online), são recrutados e celebrados na internet”, observou nesta terça-feira a professora Lola Aranovich, especialista no assunto.

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