INFECÇÕES POR COVID-19 EM CRIANÇAS E ADOLESCENTE EM CURITIBA DISPARAM

Hospital Pequeno Príncipe: na sexta da semana passada, três crianças foram internadas com Covid-19 (Foto: Franklin de Freitas)

Josianne Ritz

Nos últimos dois meses de 2020 , Curitiba viu um aumento significativo de casos de Covid-19 em crianças e adolescentes. Se somadas as faixas etárias de 0 a 19 anos, segundo dados do Painel Covid-10 em Curitiba, de março a outubro foram 4.581 de Covid-19, enquanto em novembro e dezembro foram 6691 novos casos. Ou seja, um aumento de 46,06% de casos novos.

Em algumas faixas etárias, em dois meses o número de casos foi maior que o registrado durante os oito meses anteriores de pandemia. É o caso da faixa entre 5 e 9 anos, que registrou 722 casos na capital até 31 de outubro e em novembro e dezembro, teve 759 confirmações. Nas crianças entre 10 a 14 anos, até fim de outubro, eram 874 confirmações e em novembro e dezembro foram 1173 novos casos. O maior aumento foi na faixa entre 15 e 19 anos, 1914 casos em oito meses e 3952 em apenas dois meses (veja quadro abaixo).

A tendência de alta é confirmada no Hospital Pequeno Príncipe, referência de pediatria na capital e região, onde houve um aumento de 56% nos casos na comparação dos primeiros oito meses da pandemia em relação a novembro, dezembro e oito dias de janeiro. De março até outubro, ou seja em oito meses, o hospital registrou 134 casos confirmados de coronavírus. De novembro para cá, pouco mais que dois meses, no entanto, já foram 195 confirmações entre 0 e 17 anos. A média de idade com coronavírus atendidas no Pequeno Príncipe, é 6 anos.

O vice-diretor técnico do Hospital Pequeno Príncipe, o médico infectologista pediátrico Victor Horácio de Souza Costa Júnior, explica que o aumento nos últimos meses se devem exclusivamente à falta de distanciamento social e uso de máscara. “O que vemos é aglomeração desde o fim e ano, festas, férias, praias lotadas, reuniões. Esse aumento acontece em todas as faixas etárias e com as crianças não é diferente”, diz ele. Ele lembra que a vacina demorará a chegar para todos e os cuidados, como distanciamento social, uso de máscaras, etiqueta respiratória e higiene terão que continuar por muito tempo: “Nós médicos estamos repetindo a mesma coisa desde o início da pandemia, mas as pessoas insistem em não seguir as normas. E sempre que fizerem isso, os números e o perigo irão aumentar”. Ele lembra que apesar de as crianças geralmente apresentarem sintomas leves, elas podem ser assintomáticas e transmitirem.

Segundo informações da assessoria de imprensa, desde o início da pandemia, foram investigados no Hospital Pequeno Príncipe, 1717 casos, sendo 329 confirmados (até dia 8 de janeiro), e cinco casos de mortes por Covid-19. Entre os 1717 investigados, 838 precisaram de internamento, muitos deles acabaram negativando e foram confirmados com outras síndromes respiratórias. Na sexta (8), havia cinco crianças com coronavírus internadas no hospital.

Efeitos das aglomerações de fim de ano já chegaram ao Pequeno Príncipe

Os efeitos das comemorações das festas de fim de ano já começam a aparecer nos números da Covid-19 entre crianças e adolescentes. De quinta (7) para sexta (8), por exemplo, três crianças foram internadas no Hospital Pequeno Príncipe com Covid-19.

“Os efeitos do Natal já estão chegando. O aumento das consultas ambulatoriais há subiram com até internamentos. Na sequência vem um aumento maior ainda de internamentos seguido, infelizmente, por uma maior taxa de óbitos”, alerta o vice-diretor técnico do Hospital Pequeno Príncipe, o médico infectologista pediátrico Victor Horácio de Souza Costa Júnior. “A gente sabe que o que segura a transmissibilidade do vírus é, principalmente, evitar aglomeração. Como nas festas de fim de ano e nas idas ao litoral isso acabou não sendo cumprido, espera-se sim um aumento no número de casos nas próximas semanas”, reitera.

A orientação, segundo ele, é que as pessoas que porventura estiveram viajando se cuidem pelo menos nos próximos 7 dias. Ou seja, faça um pré-isolamento exatamente para verigicar se nesse período pós-festas vai desenvolver qualquer sintoma.

Miocardite aparece em crianças como efeito do coronavírus

Os sintomas da Covid-19 em criança geralmente são bem leves, como coriza, dor de garganta, tosse, febre baixa e muitas vezes elas são totalmente assintomáticas. Mas, segundo o vice-diretor técnico do Hospital Pequeno Príncipe, o médico infectologista pediátrico Victor Horácio de Souza Costa Júnior, um nova sintoma preocupante tem surgido entre as crianças infectadas. “Temos notado que muitas tem tido taquicardia e uma espécie de miocardite, que é uma infecção no coração”, afirma ele. “Por isso é preciso redobrar os cuidados com as crianças e principalmente evitar que umas brinquem com as outras, porque o índice de transmissão está muito alto”.

As recomendações gerais para prevenção de Covid-19 também se aplicam às crianças. É fundamental evitar que elas compartilhem objetos entre si. Também é importante que elas sigam as medidas epidemiológicas (além da higienização das mãos, isolamento + distanciamento social, etiqueta ao tossir e o uso da máscara) e – na presença de qualquer sintoma estranho – procure imediatamente um pediatra.

Veja os números do Pequeno Príncipe

Março a outubro de 2020

242 dias
134 casos
Média de 1,80 casos por dia


Novembro, dezembro e janeiro
(até o dia 8)

69 dias
195 casos
Média de 2,82 casos por dia

• Dados até 8 de janeiro

Covid-19 entre crianças e adolescentes

Comparação com dados da prefeitura de Curitiba
Faixa Etária Até 31/10 

Até 31/dez Diferença 

0 a 4 anos 1071 1878 807 novos casos no período
5 a 9 anos 722 1481 759 novos casos no período
10 a 14 anos 874 2047 1173 novos casos no período
15 a 19 anos 1914 5866 3952 novos casos no período
TOTAL 4.581 11.272 6691 novos casos no período


BEM PARANÁ 


GAZETA SANTA CÂNDIDA, JORNAL QUE TEM O QUE FALAR

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