JUSTIÇA ABSOLVE ANDRÉ ARANHA PELO ESTUPRO DE MARI FERRER

          Mari Ferrer

Apesar de uma série de evidências tornadas públicas, que incluem exames, imagens e testemunhas, juiz absolve André Aranha do crime de estupro. Modelo Mari Ferrer recebe manifestações de solidariedade após decisão. Acusado é empresário influente e amigo de famosos


A justiça de Santa Catarina decidiu absolver o empresário André de Camargo Aranha, de 43 anos, acusado de estuprar a influenciadora e modelo Mari Ferrer, em um beach club de luxo de Jurerê Internacional, em dezembro de 2018. A sentença foi publicada na quarta-feira (9).

Na decisão, o juiz Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, aceitou os argumentos da defesa de André de Camargo Aranha e entendeu que pela ausência de “provas contundentes nos autos a corroborar a versão acusatória” o empresário não era culpado pelo crime.

Ao todo, durante a investigação, foram ouvidas 22 testemunhas, além do acusado e da modelo. Na defesa, André confirma ter tido contato sexual com a jovem, mas nega que o ato tenha sido consumado e que tenha agido de forma violenta. Antes da sentença, foram realizados seis exames periciais, além de uma ação de busca e apreensão de perícia dos equipamentos eletrônicos do acusado.

A defesa do empresário chama de “fantasiosa” a versão contada pela influenciadora, de que teria sido dopada e, posteriormente, abusada sexualmente por André. Já a família de Mariana é categórica em afirmar que os fatos que ocorreram naquela noite teriam causado na jovem sequelas psicológicas irreversíveis.

O acusado de estuprar a digital influencer já foi fotografado ao lado de Gabriel Jesus, Ronaldo Nazário e Roberto Marinho Neto – neto de Roberto Marinho, proprietário do Grupo Globo. Além disso, o acusado é filho do advogado que representou a emissora, Luiz de Camargo Aranha.

Nas redes sociais, a decisão judicial vem sendo questionada. O termo “estuprador” está entre os mais comentados do Twitter e já foi citado mais de 246 mil vezes, fazendo referência ao caso.

A Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC) precisou divulgar uma nota afirmando que a sentença “dá conta da absolvição do réu denunciado pela suposta prática de estupro de vulnerável com base nas provas produzidas nos autos e, também, em razão da manifestação do Ministério Público de Santa Catarina, que considerou as provas do processo insuficientes para amparar a condenação”.

A nota afirma ainda que eventuais descontentamentos com a decisão devem ser apresentados formalmente à Justiça e que “ofensas pessoais e ameaças ao magistrado serão devidamente apuradas” e que “seus autores serão responsabilizados nos termos da lei”.

Visibilidade

Em diferentes momentos, Mari usou suas redes sociais para dividir registros do que teria acontecido na noite em que afirma ter sido estuprada — e, com o apoio de outros perfis com alto número de seguidores, seu caso ganhou visibilidade.

Em vídeos postados em suas redes, ela aparece sendo levada pela mão por um homem em uma das escadas da casa noturna de luxo Cafe de La Musique. O relato, no qual afirma que “sua virgindade foi roubada junto com seus sonhos”, ainda pode ser visto na íntegra em sua conta oficial no Twitter.

O caso foi noticiado no Pragmatismo Político no ano passado. Mariana trabalhava em um evento promovido pelo Cafe de La Musique divulgando o espaço nas redes sociais.

Em novembro de 2019, Mariana chegou em casa do trabalho chorando muito, com o body e a calcinha que usava ensanguentados. A roupa que usava também estaria com forte odor de esperma. No dia seguinte, Mariana registrou um boletim de ocorrência de estupro.

Em exame pericial feito com o esperma encontrado na roupa da jovem, foi constatado que o material era compatível com o DNA do empresário paulistano André de Camargo Aranha. Em julho de 2019, ele se tornou réu do caso, investigado como estupro de vulnerável.

“O caso da Mari Ferrer é uma derrota pra todas as mulheres. Ela foi estuprada, tem vídeo, tem conversa, tem exame que comprovou que tinha sêmen do estuprador nela e que ela foi drogada pra ficar desacordada. Ser mulher no Brasil é ter um alvo nas costas”, afirmou a jornalista Débora Aladim.

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