GLOBO FAZ CAMPANHA PARA MELHORAR A PRÓPRIA IMAGEM E RECEBE RECORDE DE ''DESLIKES''

William Bonner, editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional

O povo não é bobo: campanha da Rede Globo para melhorar a própria imagem tem recorde de “deslikes”. A emissora, que costuma manipular os destinos políticos do País, foi construída com o dinheiro fácil da ditadura pós-64

Joaquim de Carvalho, DCM

Uma campanha contra propaganda na TV Globo tem dado resultado. A rede colocou suas principais estrelas, como William Bonner, para falar do que seriam as virtudes da empresa, que, como se sabe, foi construída com o dinheiro fácil da ditadura pós-64.

‘Você sabe que o padrão Globo de qualidade quer dizer coisa bem feita. Mas, para a gente, qualidade também é respeito. Por isso, a Globo tem tanto sucesso. Tem tanto sucesso porque tem responsabilidade em tudo o que faz. Tem responsabilidade em tudo o que faz porque tem compromisso com milhões. Tem compromisso com milhões porque tem cuidado com cada um. Tem cuidado com cada um porque só assim se pode ter um padrão Globo de qualidade. E respeito também. Quem emociona, quem diverte, quem informa, quem anuncia, quem aparece na Globo aparece bem. Na vida, na sala e na mão de milhões de uns”, diz o texto, lido em jogral.

O vídeo, postado em 15 de julho, teve até aqui 1,2 milhão de visualizações no YouTube, e impressionantes 410 mil deslikes contra apenas 9 mil likes.

Talvez seja um recorde negativo no YouTube. Nada menos do que um terço das pessoas que assistiram não gostaram. Em grande parte, essa rejeição é resultado de uma campanha bolsonarista para promover deslikes.

Ontem, Eduardo Bolsonaro comemorou na rede social o elevado número de pessoas que dizem não ter gostado do vídeo da Globo, com o compartilhamento de uma notícia publicada em um site bolsonarista. A Globo publicou outro vídeo no Youtube, que teve cerca de 700 mil visualizações, e 160 mil deslikes.

Mas é equívoco imaginar que sejam apenas bolsonaristas que estão reagindo negativamente à propaganda da campanha da Globo.

Nas eleições de 2018, pesquisas qualitativas indicavam que o povo hoje, majoritariamente, rejeita a emissora, com a percepção clara de que ela defende os próprios interesses, não os do Brasil.

Importante destacar também que o povo rejeitava a emissora, mas continuava acessando sua programação, por considerar que suas produções são, em média, muito melhores do que as das concorrentes.

A campanha publicitária pró-Globo, de certa forma, confirma que essas qualitativas estavam certas. A Globo tenta reverter a imagem negativa, aproveitando que ainda tem muita audiência.

Mas há um problema que a Globo não conseguirá reverter com marketing: é a péssima condução do seu jornalismo, com análises muitas vezes equivocadas.

A campanha promovida contra Lula e o PT, por exemplo, é resultado dessa péssima condução, e a comprovação de que a opinião da Globo já não é levada em conta.

[…] 

Foi-se o tempo em que a Globo, com os cofres cheios do dinheiro da ditadura, dizia que vivíamos num paraíso, e as pessoas, de maneira geral, acreditavam.

A imagem de que a Globo é, jornalisticamente, desonesta já está na boca do povo. E não há campanha de marketing que dê jeito nisso.

A emissora hoje faz mais sucesso contando piada, por meio do talento de humoristas como Marcelo Adnet. E deveria se concentrar nisso. Ou ter a coragem de mudar a condução do seu jornalismo, com diretores jornalisticamente mais honestos. Ou menos míopes.




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