Uma das mais renomadas especialistas em Direito Digital do País participou de palestra on-line do SESCAP-PR em comemoração ao Dia das Mães
“Mulheres, mães e profissionais em tempos de pandemia: como gerir a empresa, a família e a vida”. As tarefas realmente são redobradas. E com família e filhos também em casa em tempos de isolamento social, ser mulher exige ainda mais habilidades para manter o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. E foi sobre esse assunto que uma das maiores autoridades em Direito Digital do País, Patrícia Peck, falou em uma palestra ao vivo, realizada pelo SESCAP-PR, na última sexta-feira, dia 8, em comemoração ao Dia das Mães.
O presidente do SESCAP-PR, Alceu Dal Bosco, comentou sobre o desafio para todas as pessoas em tempos de pandemia e salientou o papel das mulheres, especialmente das mães em um cenário como este. “Para mim, esta é a data mais importante do ano, pois temos o privilégio de ter um dia exclusivo dedicado a quem é mãe, mas não deixa nunca de ser mulher, profissional, amiga, e controlar uma série de funções”, comentou.
Dirigindo-se a mães, empresárias, profissionais e demais participantes do evento on-line, Patrícia compartilhou a mensagem de acolhimento. “Maternidade tem a ver com acolhimento. Estamos passando por um período de olhar para dentro. Essa é a oportunidade para desacelerar. Agora, começo e encerro meu dia dentro de casa, tendo a possibilidade da convivência em família”, pontuou a especialista, ressaltando a importância de buscar o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional.
“A segunda reflexão é conseguirmos preservar a harmonia dentro da casa. Precisamos criar um ambiente produtivo, seguro e saudável. E esse é um grande desafio especialmente para as mães com filhos em casa neste momento. Mãe em casa não quer dizer que não está no trabalho. E por isso, precisamos pensar na saúde e na segurança”, afirma Patrícia.
O equilíbrio entre saúde e segurança
E, com muita gente trabalhando de forma remota, em casa, a intelectual da área digital, Patrícia aproveitou para dar dicas:
Uso seguro:
- Proteja sua identidade digital, com senha e login intransferíveis;
- Aproveite a oportunidade para atualizar a senha da wi-fi de casa e os softwares de segurança: antivírus e antispyware;
- Cuidado para encerrar a sessão quando houver o uso de webcam. Estão sendo comuns os casos de sessões que já foram encerradas e as pessoas não desligam as câmeras, causando situações constrangedoras;
- Bloqueie a tela do computador sempre que sair dele;
- Busque um ambiente mais sigiloso e discreto para assuntos profissionais, especialmente quando tratar de dados pessoais e bancários;
- Evite muitas aplicações abertas simultâneas, pois, em caso de vulnerabilidade ou contaminação, acaba havendo a captura de todas as telas;
- Encerre a máquina ao fim do expediente, sem deixar a caixa de e-mails aberta, sem logins conectados.
Uso saudável
- Busque um local bem iluminado e silencioso;
- Faça pequenos intervalos para levantar e esticar o corpo;
- Não esqueça de se hidratar: é muito comum a desidratação em adultos e crianças que ficam muito tempo à frente do computador. Mais do que nunca, é preciso manter o corpo saudável;
- Use cadeira adequada ou alterne posições;
- Tenha todos os equipamentos de trabalho por perto;
- Cuide da postura;
- Organize-se com seus arquivos físicos e digitais;
- Mantenha uma pasta virtualizada, na nuvem, para não correr o risco de perder documentos importantes.
Disciplina também em casa
Quando o assunto é trabalhar em casa, especialmente com filhos em rotina de estudos on-line e marido trabalhando da mesma forma remota, Patrícia Peck afirma que é fundamental criar uma rotina com respeito de horários e espaços para que se encontre o equilíbrio. “Entra o lado da mãe, a gestora do lar e da família. É necessário que as pessoas cumpram os horários do trabalho para que não seja prejudicial. É preciso manter a disciplina de refeições e banho, tanto para adultos, como para crianças”, alerta. Segundo ela, o convívio mais próximo pode aflorar alguns ruídos e é preciso manter uma convivência harmoniosa.
Formação de indivíduos
Patrícia Peck alertou para a responsabilidade dos pais na formação dos filhos, em um tempo em que ela chama de “era da liberdade”. “Liberdade traz responsabilidade. Precisamos formar indivíduos e cidadãos que conheçam valores, ética e tenham a ciência de que seus atos têm consequências, cujos impactos podem ser individuais ou coletivos”, descreveu a advogada.
Para ela, a falta de diretrizes dentro de casa estimula a formação de indivíduos com comportamento infantilizado. “Estamos vivendo uma sociedade em que as mães superprotegem e isso é tão ruim quanto abandonar”, disse ao destacar a existência de dois perfis: um é o menor abandonado digital, que, sem supervisão, fica submetido a todos os riscos do ambiente digital. Outro é de jovens superprotegidos, que não têm responsabilidade sobre seus atos. “É preciso que entendamos que, toda vez que uma pessoa compartilha algo nas redes sociais, nos grupos de WhatsApp, ela toma uma decisão e, muitas vezes, ela é irreversível.”, explica.
Riscos digitais
Para a especialista em Direito Digital, os pais devem ter a preocupação de que, quando os jovens, crianças e adolescentes são empoderados na internet, precisam saber que o envio de uma mensagem, o compartilhamento de um post é irreversível e pode surtir efeitos que precisarão ser administrados.
Mas, e como saber se o seu filho está passando por alguma situação de risco digital? Patrícia Peck explica. “São sinais que precisam ser analisados. Quando você chegar perto dele, e ele estiver no computador, celular ou tablet e ficar assustado, ou virar a tela, ou ainda mudar a tela, pode ser um sinal de que alguma coisa não está correta. Ou, a conduta agressiva, o comportamento ríspido, fechado, o uso de palavras diferentes das que se usam no convívio familiar, acendem um alerta e vale investigar”, diz.
Internet: a maior rua do planeta
“A internet é a maior rua do planeta, é a rua digital. Como todos estão em isolamento social, todos estão nela, inclusive as crianças e, se não tiver vigilância, pode ter mais risco digital”, alerta Patrícia. E, diante disso, crimes como assédio, golpes, pornografia podem se acentuar e devem estar no diálogo para que não haja conflitos. Inclusive situações de bullying ou cyberbullying que, desde 2015, constam em leis e se tornaram crime.
Para a advogada, por isso, em casos como este, é preciso que os pais tenham diálogos sem envolver as crianças, sem constrangimentos, analisando a gravidade do caso, a possibilidade de retratação. “É importante lembrar que, na legislação, o crime vai desde cometer ato de agressão física ou psicológico, reiterado mais de uma vez; até ofensa ou uso de um apelido pejorativo. A pilhéria, piada ridicularizante, também é considerada crime e pode ser comum em caso de prints de telas e a produção de figurinhas compartilhadas pelas redes sociais”, esclareceu.
O papel dos pais e, em destaque da mãe, é fundamental pois, como Patrícia alerta, o filho pode ser vítima, mas também pode ser infrator. “E se em casos de crimes virtuais os pais falarem que desconhecem tais atitudes, aos olhos do Ministério Público, do Conselho Tutelar, isso pode ser visto como conduta negligente. Por meio do Código Civil, os pais têm o dever de vigilância e, por mais que estejam trabalhando fora ou em casa, é preciso ter conhecimento da rotina de seus filhos e participar da vida digital deles de forma ativa e vigilante”, orienta Patrícia Peck.
Pós-pandemia: novo normal
A advogada ainda comentou os impactos que a sociedade está enfrentando, com mudanças de comportamento, de formas de trabalho e uma série de alterações na vida das pessoas. Segundo ela, o maior destaque é para o uso de recursos tecnológicos que está sendo registrado em todo o mundo. Por outro lado, ela acredita que ainda haverá medo na proximidade das relações físicas, especialmente em situações de aglomeração, como em ônibus, metrôs, vans escolares. “Precisamos pensar em como vamos nos educar, qual a mudança de cultura, qual o papel das mães no processo educativo e orientativo diante da própria família. Até que tenhamos vacina ou medicamento, precisamos ter cautela”, pondera.
E, segundo ela, em tempos de alta vulnerabilidade psicológica, é preciso praticar a tolerância e mais uma vez voltar ao acolhimento, em tempos que exigem reinvenção.
Presença no 2º Meeting Empresarial
Patrícia Peck é uma das atrações confirmadas no 2º Meeting Empresarial, que ocorrerá no dia 25 de setembro, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Com o tema “Essência humana e tecnologia”, ela falará sobre a Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD. O evento é uma realização do SESCAP-PR.
Acesse: www.sescap-pr.org.br/meeting e saiba mais.
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