BRASIL O NOVO EPICENTRO DO CORONAVÍRUS?

Os desempregados nos EUA, mais alertas da OMS, casos de sucesso na Áustria e o Brasil como novo epicentro? Covid, ponto da situação mundial

STEPHANIE KEITH/GETTY IMAGES
Algumas das principais notícias que desenharam o mapa-mundo de mais um dia de combate ao novo coronavírus


O Brasil começa a ser visto como o possível novo epicentro da pandemia de covid-19. Em 24 horas, foram confirmados mais 610 mortos e 9.888 novos casos no país. Os totais a nível nacional sobem a um ritmo alarmante: são agora 9.146 mortes e 135.106 casos confirmados de infeção. Mais de 51 mil pacientes foram dados como recuperados desde o início do surto. Apesar dos números, o Presidente Jair Bolsonaro continua a pedir o fim do isolamento social.

Na América do Norte, também o seu homólogo dos EUA, Donald Trump, resiste aos alertas para um desconfinamento rápido. O Presidente norte-americano admitiu esta quinta-feira estar a ponderar a adoção de novas medidas para combater o impacto da crise sanitária na economia. Entre as medidas poderão estar mais pagamentos diretos a cidadãos afetados, depois da atribuição de um primeiro subsídio no valor de 1.200 dólares a cada pessoa, e um novo alargamento do prazo de entrega das declarações de rendimentos, que já foi alvo de uma extensão de três meses e que vence em julho. “Temos de ajudar as pessoas”, afirmou Trump, quando questionado sobre o pacote de medidas que dispensará a aprovação do Congresso.

Isto no dia em que o número de vítimas mortais associadas ao novo coronavírus no país superou a marca de 75 mil e se chegou a um outro valor preocupante: mais 3,169 milhões de americanos preencheram na última semana os papéis para receberem o subsídio de desemprego. Nas últimas sete semanas, o número total de pessoas que perderam os seus empregos alcançou quase 33,5 milhões. Segundo o jornal “The New York Times”, mais de 25% dos trabalhadores estão desempregados em vários estados norte-americanos.

Ainda nos EUA, o Governo arquivou o relatório federal para a reabertura da economia. O documento foi criado por uma agência federal de saúde para ajudar líderes religiosos, empresários, educadores e funcionários públicos estaduais e locais no fim do confinamento.

E se um advogado vestido de Morte se passeia pelas praias da Florida, isso é sobretudo um protesto contra Trump. Daniel Uhlfelder realizou uma ação de protesto contra a reabertura das praias, esclarecendo não estar particularmente contra os banhistas, mas contra a administração, que acusa de não levar o confinamento a sério. Com a sua ação o advogado angariou milhares de dólares, que doará aos candidatos democratas ao Congresso.

Siga este link para perceber, em 9 gráficos e 1 mapa, como o Reino Unido se tornou o país europeu com mais mortos. É a radiografia ao coronavírus no mundo que o Expresso faz diariamente.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA EUROPA E MORTALIDADE EM ÁFRICA

Da Organização Mundial de Saúde (OMS) chegaram dois alertas, um relacionado com a mortalidade no continente africano e outro com a violência doméstica na Europa. O número de mortos em África pode chegar a 190 mil este ano, disse a organização. “Entre 29 e 44 milhões de pessoas podem ficar infetadas no primeiro ano se as medidas de contenção falharem”, indica um estudo do departamento africano da OMS, que analisou 47 países.

O segundo alerta: o confinamento durante a pandemia fez aumentar os casos de violência doméstica na Europa. O número de chamadas de mulheres registou aumentos até 60% nos países europeus e as denúncias online aumentaram até cinco vezes durante o mês de abril.

Os 73 cidadãos búlgaros que chegaram a Paris para trabalhar foram repatriados esta manhã. Porquê? Por não serem trabalhadores de “interesse económico nacional”, como os que vão trabalhar, por exemplo, na produção de máscaras.

Em contraponto, Itália quer legalizar 650 migrantes ilegais para estes trabalharem nos campos e na assistência aos idosos. A ideia é contestada pela extrema-direita e pelo Movimento 5 Estrelas, mas um investigador esclareceu que não vale a pena pensar que os desempregados italianos se vão dispor a ir apanhar laranjas.

Há centenas de refugiados rohingya à deriva no mar e multiplicam-se os apelos para que sejam salvos. Tentando fugir de uma situação precária nos campos de refugiados, onde às outras dificuldades se juntou a ameaça do coronavírus, os rohingya arriscam agora morrer de fome.
JAPÃO APROVA REMDESIVIR, ÁUSTRIA REVELA SUCESSO COM PLASMA

No plano do combate clínico à doença chegaram novas do Japão e da Áustria. No primeiro caso, foi aprovado o tratamento com o medicamento experimental remdesivir para pacientes com sintomas graves. Depois de uma investigação nos EUA ter concluído que o antiviral pode ajudar os pacientes a recuperarem mais rapidamente, o Ministério da Saúde japonês concedeu aprovação especial para a utilização do fármaco.

Já a Áustria anunciou que vários pacientes com coronavírus ficaram curados após receberem transfusões com plasma de pessoas já recuperadas. Três pessoas num hospital da cidade de Graz, no sudeste do país, ficaram bem depois de receberem o tratamento, explicou o especialista em doenças infecciosas Robert Krause. Duas delas sofriam de outras doenças e apresentavam um sistema imunológico muito debilitado. O médico precisou que esta não é uma opção aplicável a qualquer doente, antes “uma opção para pacientes escolhidos a dedo”. A terapia, ainda experimental, já foi testada em vários países, mas há poucos dados médicos disponíveis para avaliar a sua eficácia. Na Áustria, o tratamento foi aplicado a um total de 20 pessoas.

Mais um país a ensaiar o regresso ao novo normal: a Dinamarca vai reabrir os centros comerciais, a partir de segunda-feira, e as escolas e os restaurantes no dia 18. Esta reabertura será acompanhada de uma série de indicações sanitárias, incluindo o respeito de uma distância de dois metros entre as pessoas.

 “Foi sobretudo por termos seguido os conselhos das autoridades sanitárias para mantermos as nossas distâncias e nos desinfetarmos que podemos agora abrir de forma séria”, congratulou-se a primeira-ministra, Mette Frederiksen. Os futebolistas profissionais poderão retomar os trabalhos no imediato, anunciou ainda. As bibliotecas e as atividades associativas, em particular as desportivas, realizadas no exterior serão de novo autorizadas a partir de 18 de maio, a data em que também serão reabertos os locais de culto.

A fechar, um adágio popular aplicável a estes dias: “Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço.” Ao longo das últimas semanas, em todo o mundo, foram muitos os responsáveis políticos e de saúde pública que não respeitaram as regras e furaram os protocolos de confinamento.

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