MANIFESTANTES PRÓ-MORO CAUSAM CONFUSÃO NO RIO; DEMAIS ATOS SÃO MORNOS

Em Brasília, o protesto teve início em frente ao Congresso Nacional, onde foram inflados quatro bonecos gigantes

 Bernardo Bittar RS Renato Souza

No Rio de Janeiro, a manifestação ocorreu em Copacabana(foto: AFP / Mauro Pimentel)

A presença de carros de som e de integrantes do movimento MBL na manifestação de apoio ao ministro da Justiça, Sergio Moro, na praia de Copacabana, está sendo criticada por boa parte dos apoiadores do ex-juiz e causou um pequeno tumulto que precisou da intervenção da polícia, neste domingo (30/6).

Apesar de rapidamente solucionado, o clima contra o MBL é tenso e eleitores do Bolsonaro que não fazem parte do movimento fazem questão de gritar “traidores” e “vendidos” ao passar pelos carros de som patrocinados pelo movimento antes liderado pelo deputado federal Kim Kataguiri.

Manifestantes se reuniram em algumas capitais pelo país para defender o ministro Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública, e exaltar a Operação Lava-Jato. Os mais robustos foram observados em Brasília, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, mesmo sem números oficiais, que não foram fornecidos pelas polícias estaduais. Em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, as manifestações foram menores.

Políticos filiados ao PSL, como o senador major Olímpio (SP), que esteve no ato da Avenida Paulista; e a deputada Joice Hasselmann (SP), que compartilhou imagens das passeatas em Brasília e no Rio, aproveitaram a oportunidade para declarar fidelidade ao governo. As manifestações também deram luz a bandeiras como a reforma da Previdência e o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro — que está parado enquanto o governo luta para conseguir os votos da Previdência.

Críticas a congressistas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também estiveram presentes nas capitais brasileiras, onde o público acredita ser necessário organizar um “corte de privilégios” mais contundente no que diz respeito a autoridades eletivas e aos integrantes do Judiciário. As manifestações foram convocadas por movimentos de direita e endossadas por aliados do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. 

Sérgio Moro é pivô de uma crise instalada após a publicação de conversas privadas entre ele e o chefe dos investigadores da Lava-Jato, Deltan Dallagnol. Pelo Twitter, o ministro se pronunciou por volta de 12h com uma mensagem curta: "Eu vejo, eu ouço". A postagem compartilhava um vídeo com imagens aéreas da manifestação na orla da praia de Copacabana, na zona sul carioca.

No Rio, a manifestação começou em Copacabana e se espalhou pelas imediações da avenida Atlântica. A Polícia Militar não divulga o número de participantes. Palavras em favor de Moro e da Lava-Jato estiveram na maioria das faixas e cartazes exibidas pelo público. Há também mensagens elogiosas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e críticas à corrupção. Em alguns trechos da via, os presentes ocupam as duas pistas da avenida Atlântica. 

Ato em Brasília(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

Em Brasília, o protesto teve início em frente ao Congresso Nacional, onde foram inflados quatro bonecos gigantes. Um deles, tradicional, veste Moro com a roupa do personagem Super-Homem — o super-herói fictício dos quadrinhos — e apresenta o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com roupa de presidiário. Um dos infláveis uniu Lula ao ex-ministro do PT José Dirceu, condenado na Lava Jato, e o ministro do STF Gilmar Mendes. Um dos bonecos associou o Supremo ao PT, partido adversário dos bolsonaristas. 

Também em Brasília, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, se juntou aos manifestantes. Ele subriu no trio, criticou o PT e fez ataques ao jornalista Glenn Greewald, do The Intercept, afirmando que ele "não goza de crédito nenhum e é tão burro que vaza informação errada”. O general Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), subiu no trio elétrico e defendeu Moro. “Acho que é uma calhordice quererem colocar o ministro Sergio Moro na situação de julgado ao invés de ser juiz. Estão querendo inverter os papéis e transformar um herói nacional num acusado”, disse.


Na capital baiana, a manifestação ocorreu na na orla da Barra. O ponto de encontro foi o tradicional Farol da Barra, onde compareceram centenas de pessoas com roupas nas cores verde e amarelo. A caminhada se estendeu até o Morro do Cristo. De acordo com os organizadores, o público presente em cada um dos estados foi de aproximadamente 10 mil pessoas por localidade.



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