ARMAS: DIREITO INDIVIDUAL X INTERESSE COLETIVO COLETIVO

Ao tratarmos dos interesses coletivos em prol dos individuais (não que esses não devam ser levados em conta nalguma medida) também são contemplados, por lógica, a individualidade. Inclusive no que tange a preservação de vidas e a inibição de crimes.

(Imagem: EBC)

Delmar Bertuol*, Pragmatismo Político

Jair Bolsonaro segue na sua sina de armar o quanto mais os “cidadãos de bem” (seja lá o que isso for). Única promessa de campanha que, até agora, ele está se empenhando em pôr em prática. Os argumentos dele, e da maioria dos “armamentistas”, até que são coerentes. Se analisarmos sob a ótica do indivíduo e estabelecendo algumas comparações.

Os policiais e os militares, entre outros profissionais, têm porte de arma. Em tese, passam por rigorosos testes de aptidão mental e técnica. Além de receberem treinamentos periódicos. Eis aqui um ponto: por que um policial pode, atendidos todos os requisitos, portar uma arma e um cidadão comum, supridas as mesmas exigências, não? Certamente que, com essa interpretação e no que tange a ter armas, os policiais formam uma classe privilegiada.

No entanto e não obstante as pessoas ansiarem por sua defesa pessoal e dos seus, as políticas de segurança pública e de armas devem ser pensadas e planejadas socialmente, para o coletivo.

Treze governadores, por exemplo, com certeza orientados por especialistas na área, subscreveram um manifesto contrário à facilitação de porte e/ou posso de armas. Entendem que quanto mais armas em circulação, tanto mais elas terão como destino os criminosos. Eu acrescentaria aos argumentos o aumento dos crimes malfeitos cometidos por quem antes em tese não o faria, como os assassinatos passionais ou por motivos fúteis. Sem citar os acidentes.

Posso até ignorar minha convicção de que quem deseja ter arma inconscientemente quer se sentir mais viril e intimidador (não só com os hipotéticos criminosos) e supor que as armas nas mãos de civis têm o único objetivo de evitar crimes. Só que especialistas advertem: elas não os inibem, pois o fator surpresa, principal estratégia dos bandidos, continuará sendo aplicado.

Ao tratarmos dos interesses coletivos em prol dos individuais (não que esses não devam ser levados em conta nalguma medida) também são contemplados, por lógica, a individualidade. Inclusive no que tange a preservação de vidas e a inibição de crimes.

*Delmar Bertuol é professor de história da rede municipal e estadual, escritor, autor de “Transbordo, Reminiscências da tua gestação, filha” e 1º Secretário do Simpo”

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