ESTUDANTES CRIAM JOGOS DIGITAIS E PROTÓTIPOS EM FAROL DO SABER E INVOVAÇÃO






Criar um veículo que dispense combustível, tornar-se programador de jogos eletrônicos, desenvolver símbolos que auxiliam a comunicação com autistas são alguns dos projetos desenvolvidos por um grupo de adolescentes da Escola Municipal Papa João XXIII, no Portão. Ousadas e criativas, as ideias são trabalhadas durante oficinas de tecnologia que acontecem, no horário de contraturno, no Farol do Saber e Inovação Rocha Pombo, anexo à escola.

Para criar o protótipo do veículo com rodas de movimento perpétuo, que geram energia própria para se mover, os estudantes se inspiraram nas ideias de Leonardo da Vinci, artista e inventor renascentista italiano. O modelo é construído com peças impressas em 3D, depois de ampla pesquisa em livros, na internet e de uma sequência de cálculos e debates sobre as criações do artista, que parecia antever o futuro.

“Ele foi um visionário, um homem muito à frente do seu tempo e suas invenções nos inspiram a criar também”, diz o estudante Matheus Henrique Mendes Pereira, de 13 anos. Outras invenções de da Vinci, como o planador e a catapulta, também foram prototipadas pelos estudantes.

Minicursos

No Farol Rocha Pombo as oficinas de tecnologia e educação são disputadas pelos estudantes. São minicursos de modelagem em 3D, programação e criação de jogos digitais, entre outros. As oficinas, geralmente de três dias, também são abertas a professores e comunidade escolar, mediante agendamento no Farol.

Foi na oficina de programação que os estudantes Kelvin Cauan Bonfin e Gustavo Yoshimi, ambos de 14 anos, começaram a desenvolver um jogo para crianças, a partir da perseguição de um rato por um gato. “Quero ser programador de games e participar dessas aulas me aproxima deste sonho”, diz Kelvin. O colega tem o mesmo ideal. Para Gustavo, a transformação do Farol em espaço de inovação tem representado um incentivo para novas descobertas. “Ficou muito mais interessante pesquisar, aprender cálculos e outros conteúdos”, disse Yoshimi.

A criatividade dos estudantes não tem limites, assim como as possibilidades de associar os projetos desenvolvidos nas oficinas aos conteúdos do currículo escolar. Ao ter acesso à produção por meio da impressora 3D, explica a coordenadora de tecnologias digitais e inovação da secretaria Municipal da Educação, Estela Endlich, os estudantes adquirem conhecimentos e habilidades de uma realidade próxima das que poderão encontrar no mercado de trabalho.

“Os Faróis do Saber foram transformados em espaços para educação 'mão na massa', que acontece a partir da experimentação prática dos estudantes. Até chegarem ao resultado final, da criação de um novo objeto, os estudantes vivenciam conceitos de pesquisa, autonomia, protagonismo e colaboração, adquirindo conhecimentos científicos relevantes ao cidadão atual”, diz Estela.

No Farol do Saber e Inovação Rocha Pombo as oficinas são supervisionadas pela professora de Tecnologias e Mídias Digitais, Maria Elena Soczek, que planeja as aulas a partir do interesse e necessidades dos jovens. “Temos um novo perfil de estudantes, mais crítico e ativo, conectado às tecnologias. A escola precisa ser atraente, alinhada às necessidades do que eles desejam para o futuro”, diz Maria Elena.

Integração

A professora ressalta ainda as possibilidades de integração entre os estudantes, promovidas pelo formato das oficinas. Em uma delas, os integrantes criaram protótipos de placas e chaveiros sinalizadores para as salas de aula da escola. O objetivo foi organizar e tornar mais fácil a comunicação dos espaços para seis estudantes autistas atendidos na escola. “Percebemos que a identidade visual poderia ajudar os colegas com autismo a se localizarem melhor na escola”, disse Kauan Matheus Rodrigues de Farias, de 13 anos.

As oficinas acontecem no mezanino do Farol, equipado com computadores conectados à internet, impressora 3D, materiais alternativos para montagem de protótipos, tintas, canetas e papéis coloridos, peças de montar e livros e outras publicações. Um mural expõe ideias discutidas e desafios futuros. A lista é arrojada, inclui sugestões para futuros projetos, como a construção de protótipos para a produção de energia eólica caseira, uma composteira elétrica e materiais para comunicação alternativa. “Cada ideia levantada amplia o interesse dos estudantes pela pesquisa”, diz Maria Elena.

Divulgar a lista também serve para atrair parceiros para o desenvolvimento dos projetos. Uma vez na semana, as oficinas são abertas à comunidade escolar. “É possível que as áreas de interesse se unam e que um projeto seja desenvolvido de forma integrada por estudantes, pais e professores”, diz Maria Elena.

No andar térreo fica a biblioteca, outro espaço que estimula grandes descobertas. Os estudantes se revezam no empréstimo dos mais de 6 mil livros que compõe o acervo. Mais 101 mil empréstimos já foram realizados, desde a inauguração da unidade, em maio de 1995, durante a primeira gestão de Rafael Greca como prefeito de Curitiba.

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