CONHEÇA TRÊS STARTUPS DE IMPACTO SOCIAL QUE FAZEM PARTE DO VALE DO PINHÃO



Pode parecer irreal, mas existem empresas que, além de buscar a estabilidade financeira e o reconhecimento do negócio, também ajudam a melhorar o mundo. São as chamadas startups de impacto social, que foram pensadas não somente para gerar produtos ou serviços rentáveis, mas, também, para trazer soluções de caráter social e ambiental. No Vale do Pinhão, o ecossistema de inovação da capital, há bons exemplos de empreendedores com negócios que ajudam a melhorar a sociedade.

“O empreendedorismo social é de grande importância para a cidade e tem surgido como uma luz para a sociedade complexa que observamos hoje”, destaca Frederico Lacerda, diretor técnico da Agência Curitiba, órgão ligado à Prefeitura e responsável por fomentar o Vale do Pinhão. Segundo ele, muitos empreendedores já perceberam as vantagens dessa junção e estão realizando grandes mudanças em Curitiba, no país e no mundo.

A Favo Tecnologia nasceu há dois anos com a missão de inspirar os moradores de Curitiba a produzirem e consumirem seu próprio alimento. O resultado é o sucesso de suas hortas automatizadas para pequenos espaços. “Buscamos resgatar a prática do cultivo dos alimentos orgânicos, sem agrotóxico, em casa”, salienta Marcelo Pinhel, 26 anos, um dos sócios da startup da capital.

A horta vertical criada pela Favo imita prateleiras, onde é possível cultivar temperos e hortaliças programando a autoirrigação com um smartphone. “Pelo aplicativo, o usuário poderá agendar, antes de uma viagem, por exemplo, a hora em que o sistema irá fazer a rega. Além disso, a plataforma conecta cultivadores do mundo inteiro, compartilhando fotos, experiências, dificuldades e até a produção”, destaca Marcelo. A tecnologia custa a partir de R$ 400.

A Favo também vai começar a oferecer a tecnologia de irrigação automatizada para hortas horizontais em jardins e quintais. O projeto-piloto de teste será feito, nos próximos meses, em parceria com a Prefeitura, na Horta Comunitária Cajuru, que integra o programa de Agricultura Urbana da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (Smab). “Estamos empolgados em fazer este projeto em uma horta comunitária, pois uma das nossas missões é melhorar a qualidade da alimentação da população”, afirma Marcelo.

Vitrine de MEIs

Não foi mero acaso a escolha do Worktiba Barigui, o primeiro coworking público do país, como sede da startup do desenvolvedor web Fernando da Cruz, 31 anos. Para o jovem empreendedor, o espaço idealizado pela Prefeitura para dar apoio e fomentar conexões tem sido a vitrine ideal para a ForçaMEI, uma plataforma on-line de divulgação de negócios de microempreendedores individuais (MEIs). “Eu sou MEI e muitos dos empreendedores que estão no Worktiba também são. Além disso, a plataforma foi desenvolvida no coworking e estamos conseguindo promover novos negócios, conexões e criando uma valorização da categoria”, contou Fernando.

O idealizador da ForçaMEI destaca ainda que, além de divulgar para o público em geral os serviços oferecidos pelos empreendedores cadastrados (há filtros por áreas de atuação, localização e serviços), a plataforma também dá apoio aos MEIs. “Divulgamos os cursos e as capacitações que são oferecidas pelo Vale do Pinhão e também buscamos criar conexões com outros microeempreendedores, pois só assim esses negócios poderão crescer”, observa Fernando. 

Atualmente, 20 MEIs estão cadastrados na plataforma e a inscrição é gratuita. “Na ForçaMEI, é possível encontrar empreendedores das mais diversas áreas, como manutenção de computadores, design, logística, móveis planejados, gastronomia, consultoria e marketing digital”, enumera Fernando. Para viabilizar a plataforma, a ForçaMEI oferece serviços pagos, como confecção de cartões de visita, desenvolvimento de artes e criação de sites.

Consumo consciente 

Os empreendedores Renata Chemin, 28 anos, e Fernando Ott, 29 anos, sempre quiseram criar uma empresa que inspirasse as pessoas a fazer uma doação com algo que elas fazem todo dia. O desejo se transformou em um negócio, há dois anos, quando a dupla criou a startup O Polen, que oferece uma nova forma de realizar doações para instituições pela internet, ajudando a solucionar um problema encontrado por eles no terceiro setor.

Segundo Renata, as ONGs têm hoje dificuldades em captar recursos para manter seu impacto e gastam mais da metade do tempo trabalhando com a arrecadação ao invés de se dedicar à causa. “Por isso, a plataforma da O Polen é o meio ideal para que consumidores, empresas e o terceiro setor possam se encontrar e praticar ações sociais de forma rápida, prática e segura e sem maiores custos para nenhuma das partes”, completa Fernando.

Para realizar a doação, basta que o comprador, ao finalizar o pedido no site de um dos e-commerces “polinizadores” parceiros, escolha para qual das instituições indicadas deseja contribuir. A plataforma conta atualmente com mais de 300 ONGs parceiras de todo o Brasil, entre elas o Pequeno Cotolengo, o Instituto Sensorial, o Instituto Fazendo História, o Centro de Vivência Despertar para a Vida e o Observatório Social do Brasil; e 20 e-commerces, como Herbarium, Quintess, E-lens, Tudo Saudável, Petitebox e Meu Móvel de Madeira.

Fernando explica que a receita da startup é gerada pelas taxas mensais pagas pelos lojas on-line parceiras e os recursos arrecadados vão diretamente para instituições aptas a receber as doações. Para serem beneficiadas, é necessário que as ONGs solicitem a inclusão e realizem um cadastro enviado pela curadoria da O Polen. Nesse documento algumas informações, como Certificado da Oscip, Cartão de CNPJ e certidões negativas estadual e federal da instituição e criminais dos sócios, são essenciais para a conclusão do processo de aprovação.

Rentabilidade é o grande desafio

Um dos grandes desafios das startups de impacto social é conseguir monetizar trabalhando com empreendedorismo que ajuda a melhorar o mundo. Então, a empresa precisa enfrentar alguns desafios. O principal é justamente o equilíbrio entre o faturamento e a geração de impacto. “Nem sempre essa balança será perfeita. Uma hora é necessário faturar menos e privilegiar os benefícios sociais, em outros momentos será preciso priorizar a sustentabilidade do negócio, já que, se ele falir, não haverá benefício algum”, avalia Priscila Tie Assahida Moreira, consultora do Centro Internacional de Inovação do Sistema Fiep.

Programas de incubação e aceleração do Vale do Pinhão, que dão apoio a empresas nascentes, podem ser um bom caminho para buscar este equilíbrio entre o faturamento e a geração de impacto. As aceleradoras ACE e HotMilk da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), por exemplo, oferecem programas de aceleração para startups da capital. O Sistema Fiep, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e o Tecpar também aceitam empreendedores sociais em suas incubadoras. Cada instituição tem processos específicos de aceleração e incubação (saiba mais no link).

A startup O Polen, por exemplo, já passou por dois processos de aceleração, um no Brasil e outro na Inglaterra, que levaram ao atual modelo de negócio. “Inicialmente, tínhamos criado um plug que as pessoas baixavam e faziam a doação. O valor, então, era recebido pela O Polen, que distribuía às ONGs escolhidas pelo usuário”, lembra Renata. Mas a solução acabou não trazendo a adesão desejada e, com as acelerações, chegou-se ao modelo atual, de pagamento de uma taxa mensal pelos e-commerces. “Com isso, desde agosto do ano passado, após validarmos a nova plataforma, conseguimos arrecadar R$ 69 mil em doações”, comemora Fernando.

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